Norte e Sul

Norte e Sul Elizabeth Gaskell




Resenhas - Norte e Sul


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Viviane Carrijo 20/05/2018

Se é Norte e Sul é Norte e Sul
Nem nas minhas melhores aulas de história tive um panorama tão detalhado da revolução industrial na Inglaterra quanto ao ler Gaskell! Fui lê-la em busca de um romance, puramente, romântico a la Jane Austen e fui surpreendida com forte contexto sócio-histórico que - atrevo-me a dizer, pois não sou britânica - foi bem retratado pelos cenários e storyline de cada personagem! Personagens que transpiravam ao lugar! Gaskell fez mais que Austen em seus romances, mais do que mostrar uma protagonista jovem e forte, em evolução, mais do que mostrar o puro romance, Gaskell imprimiu à obra fator político, social e de denúncia das mazelas em transição econômica do país. Amei... só não amei um pouco mais porque esperava, ao menos, um final a la Jane Eyre... um final que nos mostrasse mais da possível vida conjugal do casal tão almejado, uma vez que não temos como almejar a "Norte e Sul 2". UMA CONTINUAÇÃO É O QUE PRECISO!!!!!
Izabel 16/01/2019minha estante
Fico grata por ler esta resenha, vejo pessoas falando do romance em si, mas meu Deus, uma das coisas mais fantásticas deste livro é sem dúvida o quanto ele mostra o que foi a revolução industrial na vida das pessoas. Os costumes sendo mudados e consequente choque para os envolvidos. Os problemas sociais, a sociedade ainda perdida sem saber quem mediaria as demandas trabalhistas, as mazelas sociais, fantástico.
E sim, o romance é do tipo que que quando você termina, acha que arrancaram a ultima página, pois fica com um anceio por saber um pouquinho mais, o famoso cadê o final de fato??? uma 10 linhas a mais já seriam suficientes kkk




dramosn 14/06/2018

Ótimo!
? Após o pai de Margareth Hale exonerar-se do cargo de ministro religioso em um pequeno vilarejo rural ao sul da Inglaterra, a família Hale é destinada a grande e cinzentada cidade de Milton ? um polo industrial da época. A contra-gosto a decisão de Mr. Hale, Margareth é obrigada a viver em um local totalmente diferente do seu habitual conforto.
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?Acreditando que o sul do país encontrava-se as melhores pessoas, decoro e vida, Margareth é conduzia a uma realidade rude, violenta e agitada em Milton e seu preconceito aos assalariados e comerciantes, a introduz ao mundo ignorante e isolado. Contudo, após descobrir que por trás de toda poluição, indiferença e tristeza, Milton possuía pessoas amáveis e fiéis.
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?O livro é um romance social sobre o século XIX e suas diferenças entre as classes sociais da Inglaterra industrializada. Aos poucos, Mr. Hale consegue formar conhecimentos agradáveis e honrosos, tornando-se amigo do seu melhor aluno, Mr. Thornton ? um dos maiores fabricantes da cidade. Embora Mr. Thornton seja de uma classe elevada com condições financeiras respeitáveis, Margareth apenas consegue o ver como um mero comerciante local e por trás de toda tragetória de vida de Mr. Thornton, há uma lição de vida e luta. Ela consegue simpartizar-se e inicia amizades verdadeiras com algumas famílias de Milton, porém quando uma greve estoura, grevistas param a cidade exigindo melhorias trabalhistas. Quando Mr. Thornton é alvo de um atentado, Margareth sem pensar duas vezes o protege dos manifestantes e a partir disso, ambos se apaixonam, mas vários problemas e desentedimentos entre eles adiam a conciliação desejada.
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?O livro é bem descritivo e intenressante, nos mostrando como a sociedade se portava na época e seus conceitos sobre as castas. A escrita da Gaskell é bem direta e fluída, dando-nos a oportunidade de compreender os sentimentos e atitudes dos personagens. Gostei imenso da leitura e quero ler suas outroas obras pubilicadas.
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Deh 03/06/2020minha estante
Olá, no livro os sentimentos da Margareth pelo John fica mais intenso do que na serie (2004)?




Virgínia 13/06/2023

Seria Mr, Thornthon o primeiro CEO???

Mr Thorthon é um Sr Darcy que trabalha.

Amei o livro, mas gostei mais da série de 2004 da BBC pq a Margareth me irrita menos na série.
Amanda.Sangbusch 25/02/2024minha estante
Hahahaha
Amei sua mini resenha e assino embaixo. ?




ELB 31/01/2017

Every Little Book
*Resenha com imagens no blog

Se Jane Austen e Karl Marx tivessem decidido escrever um livro juntos, eles teriam escrito Norte e Sol. Escrito em 1854, no auge da Revolução Industrial na Inglaterra, Norte e Sul reflete todos os impactos sociais causados pela indústria. Gosto de pensar nele como um Orgulho e Preconceito com consciência social. Pois além de romance nesse livro encontramos também um retrato muito acurado da vida dos operários ingleses e de como a Revolução Industrial mudou a vida das pessoas, trazendo novos costumes.
Margaret Hale foi criada no sul, e com uma visão muito tradicionalista acredita ser superior as pessoas da cidade industrial de Milton, isso fica claro na maneira que ela trata John Thornton, um dos alunos de seu pai, que é um industrial muito poderoso na cidade. Margaret não entende o capitalismo, portanto não entende a sociedade de Milton.
Ao longo do livro ela se relaciona com operários, por meio de sua amizade com Nicholas Higgins e suas filhas. Higgins trabalha nas fábricas e é um dos principais líderes do sindicato, inclusive é um dos organizadores da greve que ocorre durante o livro, e é por meio dele que Margaret conhece a realidade dos trabalhadores e suas dificuldades. E isso deixa sua relação com Thornton ainda mais difícil, já que ser o dono de uma fábrica o faz ser culpado das dificuldades enfrentadas pelos operários aos olhos dela.
O livro é sobre transformações, as quais acontecem com todos os personagens. Margaret percebe o quanto idealizou o sul e foi injusta com o Sr. Thornton. Já Higgins e Thornton percebem que não são inimigos, Higgins percebe que o dono da fábrica não é um tirano que se aproveita dos operários e que trabalha quase tão duro quanto eles para manter a fábrica funcionando, enquanto Thornton começa a perceber as dificuldades enfrentadas por seus funcionários e faz seu melhor para alivia-las.
O romance entre Margaret e John surge em meio a essas mudanças, ele surge quando os dois deixam para trás seus preconceitos e suas ideias pré-concebidas.
Ele chegou para mais perto dela. Ajoelhou-se ao seu lado para ficar com o rosto na mesma altura que o ouvido dela, e sussurrou ofegante:
- Tenha cuidado... Se você não me falar nada eu irei considerar de um modo estranho e presunçoso que você me pertence. Se quiser que eu parta, mande-me embora imediadamente, Margaret!
Norte e Sul se tornou um dos meus livros favoritos de todos os tempos. E a edição de 2015 da Martin Claret é uma obra de arte, com capa dura e lindas ilustrações nas contra capas ilustrando os dois cenários do título. Esse livro é uma das jóias da minha estante.

E como eu conheci o livro através da minissérie que assisti a alguns anos, achei que nada mais justo do resenhar a série também. Pois na minha cabeça o livro e a série andam juntos, e me derretem da mesma forma.

Sim, é assim que me sinto quando vejo a série ou leio o livro!

A série baseada nesse livro foi feita em 2004 pela BBC, a emissora de televisão britânica é mestre em fazer adaptações perfeitas de clássicos, e devo dizer que com Norte e Sul não foi diferente. A adaptação conta com Daniela Denby-Ashe no papel de Margaret Hale e Richard Armitage (suspiros) como John Thornton. Ela conta com quatro episódios dirigidos por Brian Percival (sim, o mesmo de Downton Abbey

site: http://www.everylittlebook.com.br/2016/05/resenha-e-adaptacao-norte-e-sul-de.html
Izabel 16/01/2019minha estante
Huahua eu ri das linhas iniciais da resenha.
Uma das melhores resenhas até agora, este livro também é minha preciosidade.




Nicaele.Luiza 04/01/2022

Orgulho e Preconceito da revolução industrial.
Sem palavras para este livro! Comecei com grandes expectativas e terminei com todas elas extremamentes superadas!
A união entre o Sul e o Norte, a forma como Margaret e Thornton se apaixonam aos poucos, cada um com seus medos e inseguranças, ambos travam batalhas pessoais muito fortes, tornando-os personagens únicos, com personalidades distintas, que nos instiga a desmistificar cada vez mais os sentimentos deles.
Os personagens secundários são ótimos, muito bem construídos, todos eles têm um grande ponto a mostrar ao longo da história.
O livro, acima de tudo, é um prato cheio para quem tem interesse em adquirir mais conhecimento sobre a revolução industrial, de forma prazerosa.
Adorei que a Gaskell não focou em apenas uma coisa só, ela misturou diversas características além do romance, mas nunca deixando de dar destaque aos personagens principais, e nunca deixar de lado o que eles sentiam um pelo outro. A forma como os conflitos dos dois se torna numa paixão cada vez mais ardente, e a forma como um sempre pensa no outro mesmo sem querer, faz com que nos lembremos de Orgulho e Preconceito (embora eu tenha gostado mais de Norte e Sul). Posso dizer que é um livro LINDO, o final é LINDO, sagaz porém não deixa de ser um grande final! Recomendo sem medo, para quem gosta de romance de época, clássicos e uma pitada de história também, afinal estamos na revolução industrial. As 744 páginas passaram como se passam 100, e no fim queremos muuuuuito maisss!
ThayAvalon 15/01/2022minha estante
Mandei msg




Alan (@coracaodeleitor) 30/03/2024

A família de Margareth que morava em um vilarejo no sul da Inglaterra, se muda para a cidade de Milton que era um polo industrial.

Ao sair da sua zona de conforto Margaret se vê em lugar hostil e cheio de diferenças sociais. Com o passar do tempo, apesar de tudo, ela consegue fazer amizade com as pessoas que ali moravam.

Nesse meio tempo também conhecemos o sr. Thornton que é um comerciante rico e de classe bem mais elevada. Porém ele carrega uma história de luta e superação. E nesse ambiente industriário uma greve estoura, e quando o sr. Thornton sofre uma tentativa de agressão é Margaret que o protege e a partir daí iremos ver o relacionamento entre eles florescer.

Gostei muito da leitura pois amo livros históricos e aqui o livro me ganhou por não deixar o romance como foco principal e sim toda situação que acontecia na Inglaterra naquele momento e todos os percalços que a sociedade daquele momento passou.

Já aviso que pra quem vai atrás apenas do romance que esse livro é um tanto mais complexo e histórico. Assim como pra mim isso foi um ponto positivo, pra outras pessoas talvez não seja.

Achei muito imersivo e o Sr. Thornton vai ganhando nosso coração aos poucos. Os personagens são complexos e muito bem construídos.

Acho que eu estava com saudades de ler uma obra assim mais clássica. E mesmo achando que poderia ter algumas páginas a menos, eu amei o livro.
Isabela623 07/07/2024minha estante
Oi, eu tô interessada em ler esse livro, mas eu sou mto chatinha com esses negócios de classificação, queria saber se tem alguma cena assim...+16 ou +18. E qual classificação vc daria pra esse livro?
Obg.




Gabrieli.Nieman 03/12/2022

Um clássico perfeito e muito bem escrito. Perfeito!
Gaskell foi uma surpresa maravilhosa em 2022. A autora tem uma escrita incrível, que faz você não querer parar de ler, além disso a construção dos personagens são muito bem feitas e a propriedade com que ela escreve sobre realidades diferentes, que vão além da nobreza vitoriana, faz com que a obra seja uma referência excelente entre os clássicos.

A personagem principal, Margaret, assim como seu interesse amoroso, Thornton, são personagens muito interessantes. E o romance entre eles é muito bem desenvolvido, onde cada um tem sua história e um arco que é desenvolvido ao longo da obra, e isso permite com que o romance dos dois seja perfeito. As autoras atuais de romance deveriam ler para escrever boas histórias apaixonadas e não essas idealizações de "boys lixos" e relacionamento cheio de problemáticas.

Por fim, Norte e Sul entrou para lista dos meus livros preferidos.
girlatbook 03/12/2022minha estante
tô louca pra ler esse




Nat 26/01/2015

Inglaterra, século XIX, Revolução Industrial. Esse é o pano de fundo do encontro entre Miss Margaret Hale e Mr. Thornton. Ela acabou de se mudar de Helstone, um vilarejo rural no sul da Inglaterra, devido a decisão de seu pai. Eles chegam em Milton, uma cidade industrial no norte, completamente diferente do pacato sul. O choque entre as regiões é gritante, e se revela ainda mais presente nas personalidades de Thornton e Margaret. Ele, dono do moinho de algodão, se torna pupilo de Mr. Hale, que deixou de ser pároco e vive de dar aulas e palestras. Uma amizade logo surge entre os dois homens, enquanto Margaret se torna amiga de um empregado, Nicholas Higgins e sua filha Bessy. As questões das desigualdades sociais e das divergências entre patrões e empregados são abordadas junto ao romance, até mesmo emoldurando os sentimentos que Margaret e Thornton sentem um pelo outro. Pois quando Miss Hale é atacada pelos grevistas que exigiam que Thornton aceitasse suas demandas, ele percebe para si mesmo que ama a moça. Uma proposta de casamento recusada não consegue diminuir os fortes sentimentos dele, nem mesmo quando crê Margaret uma mentirosa. Enquanto os sentimentos de Thornton não mudam, os dela aos poucos vão se tornando mais favoráveis e recíprocos aos dele...

A minha história com Norte e Sul é longa... Desde 2010, quando descobri a adaptação da BBC. Assisti, me apaixonei por Mr. Thornton (que já faz parte da minha lista de heróis românticos, empatando com Darcy e Rochester), mas ainda assim demorei para ler o livro. Toda vez ia comprar, mas o dinheiro não dava. Quando eu tinha o dinheiro, sempre apareciam outros na lista de desejados. Até eu conseguir comprá-lo há dois anos. O que dizer desse livro? Amei, amei, amei muito, demais. Não sei por quê relutei tanto em lê-lo. Gaskell está se tornando uma das minhas romancistas favoritas, junto a Jane Austen e de Charlotte Bronte. A edição da Landmark é a única publicação no Brasil do livro, e é bilíngüe (adoro livros bilíngües). Estou encantada com o enredo e com o romance, obviamente. Mr. Thornton tem uma presença magnetizante e envolvente, e Margaret Hale é forte e decidida, o tipo de personagem feminina que deve servir de exemplo. Estou encantada até agora, a leitura é completamente prazerosa. Recomendo ler o livro e depois ver a série, você vai se apaixonar por Mr. Thornton.

site: http://ofantasticomundodaleitura.blogspot.com.br/2015/01/norte-e-sul-elizabeth-gaskell-rc-2015.html
Amanda 29/01/2015minha estante
Esse é sem dúvidas um dos melhores livros que já li! Margaret é incrível e o Mr. Thornton é apaixonante




Stefania 31/12/2022

Terceira releitura deste livro maravilhoso.

O enredo cresce e vamos nos envolvendo com os personagens.

A cena do primeiro pedido de casamento é ótima.

Gostaria apenas que o final não fosse tão corrido, que fosse mais desenvolvimento no noivado e eu amaria ver a reação da senhora Thronton.
Marina 01/01/2024minha estante
Sobre o final corrido, sabia que foi por causa de Dickens? Ele era o editor do livro na sua revista semanal, e ele já dizia pra Gaskell que o romance não deveria ser tanto o foco. Infelizmente por isso q relação de Margaret e John é bem sutil e só tem o ápice na última página mesmo. :(




spoiler visualizar
Isabela623 07/07/2024minha estante
Oi, eu tô interessada em ler esse livro, mas eu sou mto chatinha com esses negócios de classificação, queria saber se tem alguma cena assim...+16 ou +18. E qual classificação vc daria pra esse livro?
Obg.




Blog MVL - Nina 16/10/2012

“Norte e Sul” é um clássico romântico da era vitoriana originalmente publicado em capítulos em uma revista literária chamada “Household Words”, que pertencia ao lendário escritor inglês Charles Dickens. Em 1855 a obra foi lançada em forma de livro com conteúdo inédito e mais complexo do que a pequena novela semanal que fora publicada um ano antes. A proposta do livro é mostrar os contrastes que permeavam a cultura de duas regiões antagônicas na Inglaterra. A forma como a autora encontrou para demonstrar essas diferenças é narrar uma história de amor entre duas pessoas que representam suas origens à perfeição A generosidade e firmeza do Sul contra a violência e individualismo do Norte. Dentro deste contexto a autora introduz a revolução industrial e muito do capitalismo que começava a mostrar a sua face.

A Inglaterra é um país de tradições muito rígidas e até meados do século XVIII a organização hierárquica social baseava-se na intelectualidade (lembremos que a era vitoriana é famosa pelas atividades intelectuais da época) e nobreza de um indivíduo. No auge da revolução industrial, muitas pessoas de baixa escolaridade alcançavam a riqueza ao construírem fábricas e adentrando o mercado têxtil. O capitalismo redefiniu completamente as castas britânicas. Podemos observar isso na obra “Norte e Sul” de várias formas diferentes, mas basta ratificar que o “herói” de Elizabeth Gaskell não é um jovem Conde ou Barão ou proprietário de nenhum tipo de título nobre. John Thornton é um homem um pouco rude, que carece de certa lapidação. E é neste contexto que a autora apresenta seu enredo.

Margaret Hale é filha do pastor de Helstone, uma pequena cidade rural no Sul da Inglaterra. Após um escândalo envolvendo seu irmão (que fora acusada de traição à coroa e vivia isolado na Espanha), sua família encontra dificuldades em continuar na cidade. Seu pai resolve desistir da função de pastor e se tornar professor particular em uma das cidades industriais, onde muitos rudes donos de fábricas precisavam de tutores. Para Margaret, que é apaixonada pela natureza de sua cidade natal, a perspectiva de viver rodeada por fábricas é um verdadeiro pesadelo. Contudo, sendo uma filha que presa, acima de tudo, a felicidade dos pais, Margaret não só concorda com a mudança como auxilia nos preparativos para a viagem. O que a jovem encontra em Milton (a cidade para onde se mudam) é ainda pior do que sua imaginação poderia conjurar. Ruas cinzentas, prédios de pedra, fumaça e neblina se misturando em meio aos trabalhadores de fábricas com aparência pálida e doentia. Para alguém de personalidade solar como Margaret, o lugar parece um dos níveis infernais de Dante.

Seu pai começa a lecionar para o industrial mais poderoso da região. Mr. John Thornton. Oriundo de origens humildes, Mr. Thornton sabe o valor do dinheiro e está completamente envolvido em levar seus negócios à frente. Quando ele vê Margaret pela primeira vez, mal consegue acreditar que exista uma mulher que poderia conjurar todas as qualidades que ele deseja em uma companheira e que lhe inspira emoções tão conflitantes. Pois logo fica claro que apenas a aparência da jovem é sóbria. Margaret possui opiniões e as distribui generosamente, dizendo exatamente o que pensa do sistema na qual o Norte se consolida. As diferenças entre eles e as discussões acalorados que ambos travam pode acabar unindo os dois, ou separado o casal de forma definitiva.

“Norte e Sul” é um clássico que contextualiza lindamente uma época da história inglesa que impactou o rumo de grande parte do mundo ocidental. A reflexão proposta pela autora marca o leitor pela atualidade dos conflitos contidos no enredo. A questão das empresas, sindicatos e greves era tão delicada e problemática em 1855 quanto é hoje, em pleno século XXI. O panorama histórico oferecido por Elizabeth Gaskell é incrível e nos dá uma acurada dimensão dos reflexos que o passado tem no presente. O núcleo da trama que narra a amizade de Margaret com a tecelã Bessy, uma jovem que teve a saúde devastada pelo clima poluído da cidade fictícia de Milton, traz à baila as discussões sobre poluição e meio ambiente. Hoje nós sabemos que o crescimento econômico industrial não afetou apenas a saúde dos seres humanos, mas da atmosfera em que vivemos. Elizabeth Gaskell discute de uma forma geral, a qualidade de vida das pessoas. Margaret questiona a todo o momento a vida em Milton. Em um lado estão os trabalhadores pobres passando fome, do outro os ricos que não poupam em festas e jantares. O lado sombrio do capitalismo que vivenciamos até hoje. É a indignação de Margaret com o sistema, que inicia sua hostilidade em relação Mr. Thornton.

No que concerne à história de amor entre os dois, posso afirmar que é uma das mais complexas dos romances históricos que li. Nada mais complicado do que se apaixonar por alguém que se supõe ser o inimigo. John Thornton é um personagem ambíguo. Ele é um homem controlador e tenaz, mas ao mesmo tempo sofre de baixa autoestima, principalmente por não ser um homem instruído. Essa insegurança atrapalha bastante o desenrolar de seu interesse por Margaret. Outro aspecto nítido de sua personalidade é a possessividade. Ele demonstra um comportamento ciumento que acaba infligindo muito sofrimento aos dois. Contudo, ele também tem um lado extremamente positivo. John é incrivelmente doce e protetor, apesar de sua inflexibilidade nos negócios. O típico homem a quem todos temem, mas que se torna completamente indefeso perante a mulher que ama. Já Margaret Hale é uma heroína independente, não só em suas ideias como emocionalmente. Ela se apresenta de forma orgulhosa e distinta, mas após algum tempo de observação o leitor entenderá que suas emoções são violentas e ela tenta proteger a si mesma de sua própria intensidade. Ela tenta ignorar John a maior parte do tempo e algumas pessoas confundem isso com desdém ou preconceito, mas a verdade é que este é um conto do século XIX. Margaret tinha pouca experiência em lidar com homens e preferia mantê-los como amigos. O leitor nota certa hesitação da personagem em assumir que está apaixonada por Mr. Thornton. Quando nos apaixonamos a vida muda, e o mais alarmante, nós mudamos. Margaret tenta se manter afastada do sentimento, pois no fundo ela ainda preferia a segurança que jamais existe na paixão.

“Norte e Sul” é mais do que apenas uma belíssima história de amor cheia de reviravoltas. Elizabeth Gaskell nos presenteou com um relato das emoções humanas em níveis e formas diferentes. É uma leitura que inspira empatia e, sobretudo, discussões saudáveis sobre temas atemporais.

Temas identificados

* Revolução industrial
* Capitalismo
* Sindicatos / Greves
* Diferenças sociais geográficas e preconceitos linguísticos
* Natureza X crescimento econômico
* Religião (A era vitoriana, período em que a obra foi escrita, determinou um momento da história onde a fé religiosa foi colocada à prova. O materialismo desafiava completamente a existência de Deus e outras descobertas científicas desafiavam a existência da criação como é apontada na Bíblia. O personagem de Nicholas, pai de Bessy (amiga de Margaret) faz o papel de contestador da religião. Ele é um homem pobre e líder de uma das greves que acontecem durante a história. Para ele, Deus não existe.).


Juliana24 28/03/2014minha estante
Um dos meus favoritos. Existe um série da BBC. Foi ai que descobri o livro... :)




Coruja 19/12/2011

Normalmente leio primeiro o livro antes de partir para uma adaptação. Norte e Sul foi um daqueles casos em que fiz o caminho inverso: primeiro (e já faz algum tempo) assisti a série e só depois (muito depois) fui atrás do livro. Mais de uma vez cheguei a colocá-lo – em inglês, pois ainda não tinha saído a tradução – na minha cesta de compras. Sei lá porque motivo eu acabava tirando ele na hora de ir para o caixa; o caso é que, no começo do ano encontrei a versão bilíngüe numa promoção e comprei antes que decidisse priorizar algum outro título.

Antes de lê-lo, conheci outra obra da autora que também já resenhei aqui – o divertido Cranford. Ainda assim, embora já tivesse tomado contato com o estilo da autora, acabei estranhando um pouco de início.

Exlico... tendo conhecido Gaskell primeiro por suas adaptações em série pela BBC, tinha a impressão de que ela era uma autora análoga a Austen... e claro, não podia estar mais errada.

Elizabeth Gaskell viveu e escreveu em plena Revolução Industrial e assistiu de perto às transformações sociais que ela ocasionou. Isso transparece bem em Norte e Sul, cuja trama se passa no Norte fortemente industrializado da Inglaterra, na cidade de Milton, um pólo têxtil conhecido. Seu herói é Mr. Thornton, um industrial que fez sua própria fortuna à custa de muito esforço e dedicação.

Essas mudanças estão presentes em todas as relações que Margareth Hale, a heroína, trava ao se mudar com a família para Milton – não é apenas com o rico Mr. Thornton que ela dialoga, mas também com os Higgins; o pai, Nicholas Higgins, um operário e representante do Sindicato e suas filhas, uma delas doente em conseqüência da poluição industrial.

A sociedade pela qual todos esses personagens transitam não poderia ser mais diferente do que aquela que é o foco de Austen. E não apenas são diferentes em conteúdo, mas também em estilo – Gaskell pertence integralmente ao Romantismo, ela é intensamente descritiva, sés personagens são passionais e a ironia está praticamente ausente.

Não digo isso para desfavorecer Madame Gaskell, mas para que vocês não se enganem e levem gato por lebre. Gaskell tem seus próprios (grandes) méritos – ela é ágil, apaixonante, capaz de criar personagens desde adoráveis (como as boas senhoras de Cranford) a profundos retratos do caráter humano (e tanto Margaret como Thornton como Higgins se encaixam aqui).

Você pode lê-la pela paixão que a figura régia de Margaret inspira em Mr. Thornton; para compreender as mudanças sociais e conseqüências imediatas trazidas pela industrialização; para assistir o início dos sindicatos ainda imbuídos do sentimento de união e solidariedade; para acompanhar a maneira com que relacionamentos e gestos simples são capazes de mudar as pessoas... está tudo lá, para todos os gostos e objetivos de leitura.

Como se não bastasse tudo isso, Norte e Sul nos dá um dos protagonistas masculinos mais apaixonantes de todos os tempos. Por vezes brutal em sua sinceridade, firme em seus princípios e eletrizante em sua devoção por Margareth, Mr. Thornton é irresistível.

Em relação à minissérie da BBC, a história sofreu uma série de alterações, mas achei-as bastante positivas: o início do livro mergulha bem mais no cotidiano da família Hale antes de se mudar para Milton e, para ser sincera, Mrs. Hale, a mãe de nossa protagonista, é quase que insuportável nessa primeira patê. O final também foi alterado, mas creio que os dois funcionem muito bem para as mídias (e públicos) a que se destinam.

Minha única crítica é à versão brasileira... considerando o preço do livro, acho que podiam ter feito um trabalho de revisão melhor. Mesmo numa leitura, o número de erros de digitação salta aos olhos. Espero sinceramente que em futuras edições corrijam isso...

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
Ana Karla 08/04/2012minha estante
Ótima resenha!




maridaustria 26/01/2020

Fiquei surpresa com este livro, ao receber uma história tão carinhosa e bem escrita. Gaskell foi incrível ao descrever a realidade da época industrial e os olhares distintos dos industriais e dos sulistas. O livro é rico em detalhes, sutil ao dispor os discursos e pensamentos de Mr. Thornton e Miss Hale. Que pessoas fortes, de opiniões decididas sobre a vida e sobre o viver.
Por fim, fiquei felicíssima em ver como a BBC conseguiu transmitir na tela o história de Gaskell com riqueza de detalhes, cheio de expectativas e sentimentos.
Deh 03/06/2020minha estante
Olá, no livro os sentimentos da Margareth pelo John fica mais intenso do que na serie (2004)?




Danila 08/10/2021

Boa escrita, mas...
Então, não é um livro ruim, de forma alguma. Retrata uma época importante da nossa história em forma de romance.

De início todos, absolutamente, todos personagens me irritaram. Todos preocupados com o próprio umbigo. Entretanto, com o passar da história eles vão amadurecendo e parecem se tornar pessoas melhores.

Mas gente, pelo amor do Pai, a história não tem ponto alto, ponto baixo, nada. É uma monotonia e para ser sincera quase desisti de ler por tédio.

Todo romance se resolveu no último capítulo de três páginas. Entendo que esse não era o foco do livro, mas a última parte que tem uns 10 capítulos as pessoas principais ou que seriam o foco principal nem aparecem.

O livro tem 700 páginas e poderia ter sido escrito em 200 ou no máximo 300.

Entendam, é uma leitura importante e bem escrita, mas não me conquistou e achei super valorizado.

E pensar que as pessoas comparam esse livro com Orgulho e Preconceito. Se você está procurando uma história romântica, não recomendo, pois romance é quase inexistente.

A edição da Martin Claret é maravilhosa.
Raquel 02/03/2022minha estante
Concordo com vc. Saberia me dizer, qual era a doença da Sra. Hale?




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