Norte e Sul

Norte e Sul Elizabeth Gaskell




Resenhas - Norte e Sul


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Vivi.Montarde 13/08/2018

Uma obra-prima
O livro narra a história de Margaret Hale, que se muda com seus pais da cidade de Helstone, no sul da Inglaterra, para Milton, no norte. Assim, Margaret passa a viver em uma cidade para a qual não gostaria de ter ido e fica constantemente a comparando com sua cidade anterior. Para ela, o bucólico sul era onde viviam as melhores pessoas e onde as paisagens de natureza sempre bela contrastavam com o cinzento e enfumaçado norte de pessoas rudes e apressadas.

Todavia, aos poucos vai conhecendo melhor a cidade e apreciando a força e a coragem indomável para a luta de seus habitantes. A amizade com Nicholas Higgins e sua filha Bessy mostram a Margaret uma realidade social que não conhecia. Em paralelo, a aproximação com o industrial John Thornton vai mudando suas concepções, ela vai amadurecendo e deixando o preconceito de lado. Ela sofre bastante em Milton, mas não desanima. Margaret é uma mulher forte e o suporte emocional da família, em muitos momentos se porta com mais força e serenidade que os próprios pais.

Amei o modo como os personagens foram construídos, não há superficialidade. A história toda é muito bem escrita. O crescimento da Margaret e o modo como foi amadurecendo, enfrentando as adversidades é notável.

Eu também mudo sempre, agora é isto, depois é aquilo, agora desapontada e irritada porque tudo não está exatamente como eu idealizava, e de repente descubro que a realidade é muito mais bonita do que eu imaginava (pág.685).

Como o enredo se passa na época da Revolução Industrial, o livro é uma aula de história. Aprendi muito sobre como era viver na época. Porém mais do que isso, a autora levanta debates e críticas sociais importantes sobre as condições de vida dos mais pobres, sobre greve e lutas sindicais, religião, o pensamento da sociedade industrial, aristocrática e operária dentre outras questões. Cada linha é um convite à reflexão. Isso sem falar de uma das mais lindas histórias de amor que tive o prazer de ler. Sr. Thornton arranca suspiros ao longo de todo o livro.

Há à minha volta muitas pessoas mais instruídas do que eu. Gente que teve tempo para pensar sobre essas coisas, ao passo que o meu tempo foi dedicado a ganhar o pão de cada dia. Bem, conheço essas pessoas. Sua vida está bem clara para mim. São pessoas reais. Não acreditam no que diz a Bíblia...Não eles. Podem dizer até que acreditam, só por dizer, mas, Meu Pai, o senhor acha que a primeira coisa que pensam quando acordam é O que devo fazer para ter a vida eterna? ou é O que devo fazer para encher minha bolsa neste dia abençoado? (pág. 396)

Assim, peguei o livro e mergulhei nele. Mas, Deus me abençoe, foi um vai-lá-vem-cá tal de capital e trabalho, de trabalho e capital, que acabei por adormecer. Nunca consegui guardar na mente o que era o que, embora o livro falasse dessas duas coisas como virtudes ou vícios. O que eu queria saber era quais eram os direitos dos homens, fossem eles ricos ou pobres...Desde que fossem apenas homens (pág. 402).

- Oh! – disse o Sr. Hale com um suspiro. – O seu sindicato por si só seria uma coisa bela e gloriosa, seria a própria cristandade, se a sua finalidade visasse ao bem de todos, em vez de simplesmente afetar uma classe em oposição à outra (pág.407).

Estava louco de paixão por ela, e mesmo com seus defeitos achava que ela era a mais encantadora e primorosa de todas as mulheres (...) Como teria colocado sua vida aos pés dela para desfrutar tais olhares ternos , tal prisão amorosa (pág. 536).




Charlene.Roncolatt 13/08/2018minha estante
Coitadinho do Mr. Thornton, nem teve chance, só apaixonou no primeiro momento que viu a Margaret! Muito amor por esse casal!


Vivi.Montarde 13/08/2018minha estante
Sim. Casal mais lindo!!!
Os dois são puro amor...


Bárbara 13/08/2018minha estante
Uau!!Deu mais vontade de ler...


Vivi.Montarde 13/08/2018minha estante
É uma história de amor muito linda Bárbara. Esse casal é muito fofo e o Sr. Thornton a encarnação do ideal de homem kkkkk
Fora todo o aspecto político e social trabalhado pela autora. É um livro único.


Charlene.Roncolatt 13/08/2018minha estante
Toda vez que penso no Mr. Thornton me lembro da palavra íntegra, acho que ele é o personagem literário mais íntegro de todos S2


Charlene.Roncolatt 13/08/2018minha estante
Vivi já lesse Pássaros Feridos? Sei que a Bárbara já tem o livro e pretende ler, olha digo que é uma afronta viver e nem ler esse livro!


Dani 15/08/2018minha estante
Excelente Resenha,Vivi!
O livro é realmente uma obra prima!


Vivi.Montarde 15/08/2018minha estante
Obrigada Dani :)


Vivi.Montarde 15/08/2018minha estante
Charlene, agora que vi suas outras mensagens aí rs
Não li pássaros feridos, mas procurei aqui e vi que já está na minha lista dos que quero ler rsrs


Charlene.Roncolatt 15/08/2018minha estante
Que legal amiga, é daquelas história que a gente não esquece! Tem série também rs


Deh 03/06/2020minha estante
Olá, no livro os sentimentos da Margareth pelo John fica mais intenso do que na serie (2004)?




Carla Buffolo Altoé 27/02/2011

Desde o momento em que o John Thornton viu a Margaret pela primeira vez, estampei um sorriso bobo na cara e fiquei assim até terminar a leitura!
Pra quem viu a séria da BBC, que por sinal foi muito bem feita, pode ter certeza que o livro é muito melhor. Os sentimentos do John são tão bonitos, pena que a Margaret não aceitou seu pedido de casamento pela primeira vez, tadinho, ele sofreu muito, mas ela amadureceu seus sentimentos e entendeu o quanto ele era importante para ela. Mas venhamos, ela sofreu muito tendo que passar por tudo que ela passou e ainda ter que dar forças para a família e amigos, sem nenhum ombro para chorar.
O final é rápido assim como na série, mas toda a leitura do livro compensa...
Posso afirmar com certeza que Norte e Sul está para mim em igual escala de admiração como Orgulho e Preconceito. Jane Austen e Elizabeth Gaskell já são minhas autoras favoritas, e espero que os demais livros da Elizabeth sejam lançados no Brasil.
Lu 27/02/2011minha estante
Ótima resenha, Carla! Eu adorei a série da BBC e fiquei super feliz quando vi Norte e Sul na livraria. Definitivamente é um must have!


Lela Tiemi 27/02/2011minha estante
Estou louca por este livro!!! =0)


jjulianapdias 04/09/2011minha estante
eu já vi a série da BBC, é muito linda!!
estou com muita vontade de ler o livro, ainda mais depois de ter lido isso:

"está para mim em igual escala de admiração como Orgulho e Preconceito"

eu AMO Orgulho e Preconceito, então provavelmente irei AMAR Norte e Sul *-*


Carla Buffolo Altoé 23/09/2011minha estante
Julia, pode ler sem medo, me lembrou muito Orgulho e Preconceito....MARAVILHOSOS!!!!!


Luana 06/09/2012minha estante
Eu assisti a série e é incrível! Linda demais!


Ana Karla 10/03/2013minha estante
Amei a tua resenha! Eu vi a série e me encantei com o romance do John e da Magaret, mas tava receosa de ler o livro achando que tinham "romanceado" demais a série só para agradar o público. Mas como você está dizendo que o livro é muito melhor que a série com certeza o colocarei na minha meta de leitura desse ano.


Ane 15/05/2014minha estante
Acabei assistindo a série da BBC antes e me apaixonei por esse romance. Enrolei um pouco e enfim pedi o livro está para chegar e não vejo a hora de ler, ainda mais depois de ler a sua resenha!!!


Caroljf 31/10/2014minha estante
Já havia assistido a série e sempre quis ler o livro.O livro é muito bom, e a série não fica muito atrás!!


Aria.Verso 04/04/2016minha estante
A editora Pedrazul está lançando os outros livros da autora




Claire Scorzi 30/03/2011

Herdeira de Charlotte
Elizabeth Gaskell era amiga e biógrafa de Charlotte Brontë. Parece ter aprendido com a amiga a importância da paixão - não como algo censurável ou 'inadequado' (como às vezes Jane Austen parecia achar), mas como uma característica humana e mesmo enobrecedora.
Seu herói, John Thornton, é descrito como um homem capaz de paixão, intensa e sofrida (o que atrai nossas simpatias). Margaret Hale, a heroína, é uma jovem racional e sensata, cujo despertar sentimental parece ocorrer mais devagar do que em Thornton - e ambos, admiravelmente descritos pela autora.
Uma narrativa onde os sentimentos são expressos nos diálogos com contenção, mas mostrados em profundas análises do interior das personagens. Uma bela história de amor e de crítica social (esta uma marca da autora, vista também em seus outros romances).
Érika dos Anjos 31/03/2011minha estante
Hummm, adoro este tipo de livro! Com vc dando nota máxima então! Vai para a lista de desejados!


Lela Tiemi 18/12/2011minha estante
É tãooo, tãooo lindo este livro! Ai, Mr. Thornton!*_* Muitos, e muitos suspiros... rs.


Vera 14/07/2013minha estante
Acabei de adquiri-lo e parece que fiz uma ótima escolha!


Hester1 18/05/2016minha estante
Adorei sua resenha. Nao sabia da amizade da autora com Charlotte Bronte. Mas o livro nos remete a ela ou Jane Austen que tb amo. O livro é maravilhoso, o amor de Thornton por ela é comovente, pois nem mesmo morrendo de ciúmes ele é injusto com ela. Os diálogos, as descricoes dos personagens e mesmo o pano de fundo para o romance dos dois, ou seja, a revolucao industrial, as dificuldades que as pessoas enfrentavam morrendo de fome muitas vezes. É tudo tocante no livro e o filme tb é maravilhosos. No filme gosto dos olhares deles, eles falam com os olhos. Maravilhoso!


Evelize Volpi 10/07/2017minha estante
Ótimo comentário querida Claire.
Vou iniciar a leitura hoje!


Dan 30/12/2017minha estante
Gostei do comentário, Claire! ''Norte e Sul'' foi uma descoberta maravilhosa para mim. Pretendo ler mais coisas da Gaskell.


Silvia.Garcia 02/02/2018minha estante
Gostaria de deixar aqui minha opinião após uma analise da série e livro;
Margareth parece ser uma pessoa contraditória pois ao mesmo tempo que é amorosa com os pobres tem um tratamento grosseiro e preconceituoso com os mais abastados, seu julgamento para com John é precipitado e mesmo após várias demonstrações de que ele era um homem digno ela não se sente tocada a rever sua opinião negativa.
Me parece que todas as "heroínas" dessa época (um ex Orgulho e Preconceito) são descritas como mulheres racionais, orgulhosas, preconceituosas, rígidas em suas opiniões e julgamentos.
São verdadeiras "juízes" mas me parece que Margareth extrapola em suas atitudes duras que se contrapõem a um coração amoroso e bom para com os pobres.
John é gentil com a sua família todo o tempo, salva-a de sofrer um inquérito e nada absolutamente nada muda esse coração duro.
Houve muitas oportunidades no livro para que ela mudasse mas a autora (magnifica ) deixou para os últimos minutos, ultimas páginas um quebrantamento desse coração e mesmo nesse momento que ela deveria ter pedido perdão a ele por tanto tempo julgando-o constantemente até o último momento.
Um detalhe que na série BBC eles copiam a cena de Orgulho e Preconceito onde Elizabeth beija a mão de Darcy .. Margareth beija a mão de John.
Amei a série , estou lendo o livro mas dificil compreender porque manter essa dureza de coração que demonstra uma certa ignorância , ou ao menos, uma falta de inteligencia emocional até o último momento.


Paula.Perazzo 18/07/2022minha estante
Estou adorando. Sr. Thornton está me arrancando suspiros rs.. Capitão Wenthworth (persuasao) é ele se tornaram meus crushes literários hehe




Pam 18/08/2021

Se Karl Marx escrevesse um romance...
Muito se compara "Norte e Sul" com "Orgulho e Preconceito", e apesar das semelhanças, eu senti que a Elizabeth Gaskell só usou um romance como fachada para na verdade passar uma mensagem muito maior e mais importante: a luta de classes e a luta do proletariado. Nesse livro nós acompanhamos uma cidade que não mais vive na divisão clássica da sociedade inglesa (aristocracia x plebe/povo), mas está sujeita a dinâmica complexa pós Revolução Industrial e todos os desafios que com ela vieram: "O Norte e Sul se encontram e se tornam amigos aqui nesse lugar grande e esfumaçado".

A Margaret, nossa heroína, nascida numa cidade do campo e criada em Londres, se muda para Milton, uma cidade industrialista, e achei incrível conhecer o município pelos olhos dela, porque vamos nos surpreendendo junto com a protagonista vendo a realidade de uma região fabril na Inglaterra Vitoriana. A Margaret passa a ver toda a calamidade que as indústrias trazem pro local, desde ambiental (o tempo todo ela fala do ar sujo e do pó no corpo) até as condições humanas: jovens morrendo porque desde a infância trabalham em fábricas de tecido e morrem ainda adolescentes pois aspiraram muito algodão. Além disso, vemos os impactos sociais, como a falta de educação básica (porque todos passam a infância em fábricas), a falta de uma profissão e a desvalorização da humanidade.

Em contrapartida, temos o par romântico da Margaret, o industrialista Sr. Thornton. É interessante um personagem como ele porque vemos também o ponto de vista do patrão da fábrica, ou seja, a Gaskell tenta dar voz a todos. Demorei a me apegar a ele, mas depois vemos que ele tem um lado bom. A Margaret passa a dar voz e ouvidos aos grevistas e sindicalistas e o Thornton a escuta, não a trata com desrespeito, e inclusive passa a considerar mudanças na indústria. Eu achei isso muito interessante, porque muitos viam a Margaret como uma menina boba e mimada do campo, mas o Thornton nunca a desprezou, ele inclusive teve um grande desenvolvimento. No final ele passa a reconhecer que numa realidade ideal os funcionários teriam participação maior nos planos e lucros da fábrica, mas isso é uma ideia muito otimista (não tem opção ideal dentro do capitalismo... Gaskell, você é genial!).

Deixando de lado agora a parte sociopolítica, o livro é muito bom em todo o resto. A escrita é ótima, flui bem e os personagens ao redor da Margaret todos tem sua relevância e o tempo todo tem algum drama acontecendo na vida pessoal dela (isso além dos dramas dos sindicatos locais). O livro tem direito a tudo: mortes surpreendentes, romance, vingança, até acusação de assassinato. É UMA OBRA COMPLETA!

Minha única ressalva é que eu queria um aprofundamento maior no romance entre a Margaret e o Sr. Thornton. Eu senti que isso não era o foco principal (como em outros romances vitorianos), mas eu queria mais desenvolvimento do casal principal, que no final acabou nem sendo o que mais me interessou no livro: eu queria muito mais ver se as greves dariam certo do que ver o casal principal junto.

Norte e Sul nos apresenta um romance numa sociedade que parece não poder nos proporcionar um final 100% feliz. A vida no campo tem suas intempéries e dificuldades, e a vida na cidade industrializada é recheada de uma nova crueldade que surge nessa época ceifando a dignidade e vida de muitos. Esse livro é cheio de aventuras e o ritmo nunca desacelera, sempre tem algo novo acontecendo para instigar o leitor. Eu recomendo muito pra quem gosta de romances que têm críticas sociais por trás, apesar que esse aqui é praticamente um livro de críticas sociais temperado com romance.
Bianca 18/08/2021minha estante
Nunca tinha ouvido falar nesse livro, mas depois de ler sua resenha fiquei com muita vontade de ler, obrigada kkkkk


Pam 18/08/2021minha estante
bianca, eu tbm descobri ele esses dias pela MINISSÉRIE, vi numa lista de indicações de romances de época kkkk é uma obra q merece mt mais reconhecimento, é incrível.


Mayara666 19/08/2021minha estante
Eu amo esse livro! A série do BBC do livro é muito bem feita tb!


Pam 19/08/2021minha estante
may, eu to numa luta pra ver essa série! só achei com uma qualidade horrível ? vc sabe se tem em algum stream?


Mayara666 19/08/2021minha estante
É isso mesmo rsrsrs eu vi pelo YouTube num canal chamado Romances de Época. Nunca vi em stream. Mas já Só vi o dvd pra vender.


Mayara666 19/08/2021minha estante
Olha fiquei tao viciada nessa história que li livros que sao como uma continuação de Norte Sul, mas feita por outros autores. ?? justamente por esse amor inacabados deles ?


Pam 19/08/2021minha estante
may, vc ta me apresentando uma tentação, q vontade de ir atrás disso tudo... kkkk vou procurar esse canal do youtube, mt obrigada ?




Karen.V 05/07/2024

Contrastes e Conexões
Elizabeth Gaskell, em "Norte e Sul", realiza uma análise profunda e impactante das dicotomias sociais e culturais da Inglaterra vitoriana, oferecendo um retrato vibrante e meticulosamente detalhado das tensões entre o rural e o urbano, o tradicional e o moderno, e o aristocrático e o proletário. Através de uma narrativa envolvente, Gaskell não apenas constrói uma história de amor cativante, mas também provoca reflexões sobre questões de classe, gênero e moralidade que ressoam até os dias de hoje.

A mudança abrupta da protagonista, Margaret Hale, do idílico sul rural para o industrializado e turbulento norte de Milton, serve como o motor central da narrativa. Gaskell desenha esses dois mundos com uma precisão quase cinematográfica: o sul, com suas paisagens bucólicas e ritmo de vida pausado, contrasta fortemente com o norte, onde as fábricas e a fumaça moldam um cenário de luta e progresso incessante. Essa dualidade geográfica é mais do que um simples pano de fundo; é uma personagem em si mesma, refletindo e amplificando os conflitos internos e externos que permeiam a obra.

Margaret Hale emerge como uma heroína complexa e multifacetada. Sua jornada de autoconhecimento e resiliência é narrada com uma profundidade emocional que captura a essência de uma mulher tentando navegar por um mundo em rápida transformação. Do outro lado, temos John Thornton, um industrial rígido e pragmático, cuja evolução ao longo do romance é uma das mais ricas da literatura inglesa. Gaskell habilmente desconstrói e reconstrói esses personagens, permitindo que suas falhas e virtudes se revelem de maneira orgânica e convincente.

Fiquei absolutamente encantada com Margaret Hale. Sua força interior e sua capacidade de empatia, mesmo diante de um ambiente tão hostil quanto o de Milton, são verdadeiramente inspiradoras. Margaret não é uma simples espectadora dos eventos ao seu redor; ela é uma agente de mudança, desafiando as expectativas de gênero e classe com uma dignidade que é ao mesmo tempo humilde e poderosa. Sua coragem em confrontar injustiças e sua evolução emocional ao longo da narrativa tornam-na uma das personagens mais memoráveis e admiradas da literatura vitoriana.

Cada página de "Norte e Sul" foi uma dança de emoções, um entrelaçar de sentimentos que me envolveu completamente. Gaskell, com sua pena mágica, me conduziupor paisagens de melancolia e esperança, onde cada diálogo reverberava como uma melodia antiga, e cada descrição pintava quadros vívidos em minha mente. O tempo parecia suspenso, cada capítulo um convite irresistível para mergulhar mais fundo em um universo onde os contrastes se encontram e as almas se conectam. Amando cada segundo dessa leitura, me senti parte das ruas de Milton e dos campos do sul, caminhando ao lado de Margaret e Thornton, vivendo suas dores e alegrias como se fossem minhas.

"Norte e Sul" é, em seu cerne, uma meditação sobre a injustiça social e as possibilidades de redenção e compreensão mútua. Gaskell não foge das realidades brutais da Revolução Industrial, abordando de forma direta e sensível questões como a exploração dos trabalhadores, as greves e a disparidade entre ricos e pobres. Sua crítica social é incisiva, mas nunca unidimensional. Ao invés disso, ela oferece uma visão nuançada das motivações e desafios enfrentados por todos os lados do conflito.

A prosa de Gaskell é elegante e envolvente, equilibrando descrições líricas com diálogos contundentes e realistas. Sua habilidade em capturar as nuances da fala e os detalhes do ambiente cria uma sensação de imersão total, transportando o leitor para os salões e fábricas da Inglaterra vitoriana. A estrutura do romance, com seus momentos de tensão e revelação, mantém um ritmo que é ao mesmo tempo deliberado e irresistível.

Elizabeth Gaskell, com sua sensibilidade e perspicácia, entrega uma obra que desafia e encanta, oferecendo um espelho para as complexidades e contradições de seu tempo e, inevitavelmente, do nosso.
CPF1964 05/07/2024minha estante
Dizer que sua resenha é maravilhosa já se tornou pleonasmo. ????


CPF1964 05/07/2024minha estante
Tem resenha da Michelly sobre este livro. Foi Leitura Coletiva.


Karen.V 05/07/2024minha estante
Agradeço de coração, amigo ? Seus comentários sempre me motivam a continuar escrevendo. Muito obrigada ??


Karen.V 05/07/2024minha estante
Cassius, sobre a resenha da Michelly: vou conferir ?Obrigada pela dica!!


CPF1964 05/07/2024minha estante
Por favor não pare ! Precisamos de usuários talentosos como você por aqui.


Karen.V 05/07/2024minha estante
???




Ziza 07/02/2018

Mui agradável
Alguns pontos:
Não conhecia Gaskell e gostei dela;
Achei a protagonista bem "fresca" no começo mas depois as coisas foram melhorando;
Tem como não amar o Mr. Thornton desde o início? O que notei é que apesar do personagem ser muito apaixonado pela mocinha, ele não ficou atrás dela como um "cachorrinho". Gosto de gente assim: que saiba se valorizar acima do que o outro possa pensar a respeito.
Meus personagens favoritos foram o Higgins e o Mr. Bell por ambos expressarem suas opiniões com bastante sinceridade e segundo suas experiências de vida;
Os pais da Margareth ficaram devendo. Só serviram mesmo pra... ah, vocês sabem!
A série da BBC é magnífica e recomendo fortemente! (tem no youtube)

Enfim... Não é Bronte e nem Austen, porém Gaskell soube me cativar! Lerei suas próximas obras.
Dan 07/02/2018minha estante
Achei muito bacana o processo de amadurecimento de Margaret na obra. Porém, o que mais chamou minha atenção foi o panorama sociopolítico da obra: o funcionamento dos sindicatos, a exploração do operariado pelas indústrias, o bico de sinuca em que ficavam os patrões em serem obrigados a obedecer o sistema; tudo isso sem maniqueísmo: operários bonzinhos e patrões malvados, a receita de bolo abusativa dos romances com visão de lutas de classe. Gaskell foge disso e explora as divergências de classes sociais sem cair no panfletário.


Ziza 08/02/2018minha estante
Verdade, Jordan. Ela colocou as coisas de modo que os leitores pudessem ter noção do que acontecia nas fábricas e sindicatos sem extrapolar nas partes envolvidas. Confesso que quando li o livro, deixei esse panorama meio de lado pois fico realmente "ligada" no romance dos protagonistas.


Leandro Moura 01/03/2018minha estante
Concordo com o Jordan. Realmente é fascinante ver como a autora consegue fazer um panorama o mais honesto e verdadeiro possível, sem cair no estereótipo em momento algum. Eu realmente aprecio mto livros com essas "camadas".

Agora em relação ao romance, eu fiquei agoniado com a Margaret por páginas e páginas a fio. Pra falar sem spoilers, ela tinha até um motivo justo, mas precisava ter ficado nesse lenga-lenga???? Quase chamei ela de burra, pq ela poderia ter resolvido a situação desde o começo, mas ela preferiu ficar em silêncio o livro inteiro. Deu vontade de entrar no livro e dar uma sacudida nelaz pq não é possível! Acorda, mulher!


Ziza 03/03/2018minha estante
HAHAHAHAHAHA... verdade, Leandro!


Izabel 16/01/2019minha estante
Ela parece fresca, porque ela de fato é fresca kk, mas creio que foi intencional. A autora por certo quis mostrar a mudança de vida de uma moça que vivia no campo cercada de pessoas simpáticas, e tendo certa liberdade (geográfica, do tipo andar por aí), para uma moça que se depara com a cidade, a pobreza estrema, privações em casa, as pessoas nada simpáticas andando apressadas pelas ruas, enfim.




Flavinha 28/02/2020

Lindo
É uma linda história vale super a leitura. Tem um serie baseada nesse livro que é tão bonita quanto o livro. É mais um dos meus amores.
Jeh 21/05/2020minha estante
Louca pra ver a série agora


Deh 03/06/2020minha estante
Olá, no livro os sentimentos da Margareth pelo John fica mais intenso do que na serie (2004)?


Flavinha 23/12/2021minha estante
@Fany, sim mas a história é mais focada na jornada em si do que no romance e particularmente o final do livro e infinitamente superior ao da série. Não sei porque não usaram o mesmo final, mas a leitura é incrível.




robertablo 02/08/2011

Não acho palavras para escrever a minha admiração por este livro.
Não faz nem 2 meses que tomei conhecimento de “Norte e Sul”e “Elizabeth Gaskell”. Sou fã das séries da BBC e descobri que eles filmaram uma adaptação deste livro. Como evito ao máximo ver um filme antes de ler o livro, fui logo comprar as 500 e poucas páginas...

No começo a leitura foi calma. Eu ainda não tinha sido agarrada pela estória, mas mesmo assim continuei a ler afincamente pois já sabia que isso não iria demorar para acontecer... e por Deus, fui agarrada, esmagada e acorrentada. Comer, dormir, pra quê? Se eu podia continuar lendo. Nos finalmentes, deixei até de trabalhar para ler mais um ou dois capítulos. Nem Margaret nem Mr. Thornton saíam da minha mente. Queria e não queria que o livro acabasse. Queria que tudo se resolvesse, mas não queria me despedir deste universo ao qual e já fazia parte. Ah, como eu ia sofrer se o lesse em revistas semanais, como foi originalmente publicado.

Mas, infelizmente, tudo o que é bom acaba. Agora preciso tirar o atraso que coloquei a minha vida, até pelo menos achar outro livro digno e ser agarrada mais uma vez.
Carol 18/08/2011minha estante
a serie é muito boa ainda não li o livro.


robertablo 02/11/2011minha estante
Carol, eu sinceramente não gosto de ler o livro depois do filme, como já disse, mas este vale a pena, recomendo muito!! Como sempre, o livro é melhor!


veronica.conte. 15/12/2015minha estante
Quando vi que faltavam apenas 13 páginas para acabar o livro e muita estória ainda para contar, entrei em pânico. Confesso que gostaria mais de que o entendimento deles não tivesse sido tão sutil. Uma oferta, uma rosa seca...foram o suficiente. Fiquei com a sensação de "é só isso?", quero muito mais. De qualquer forma, assim como O&P, sobrou muito para a imaginação preencher. Talvez seja o charme da obra. Um Coração para Milton já está encomendado. Não será a Gaskell, mas vai suprir o meu "quero mais!!", acredito.




Dani 03/07/2018

Norte e Sul
Norte e Sul conta a estória de Margaret Hale. Margaret nasceu em Helston um lugar bucólico no sul da Inglaterra. Quando pequena foi enviada pelos seus pais para viver com uma tia irmã da sua mãe em Londres. Onde iria aprender a ser uma dama. Mas mesmo morando na grande Londres ela vivia sonhando com os campos, as flores e o ar fresco da sua querida Helstone.
Quando sua prima se casa, Margaret volta para casa dos pais . Mais a felicidade de esta de volta dura pouco. Seu pai decide por motivo pessoais deixar de ser pároco. E ela junto com os seus pais é obrigada a deixa sua ama helstone.
Margaret e sua família vão viver agora em uma cidade totalmente o oposto de Helstone. Eles vão viver agora na cidade industrial de Milton, no Norte. Uma cidade sombria, suja, e com ar poluído.
Margaret acostumada com lugares lindos e com gentileza acaba se deparando em Milton com um mundo duro e brutal. No começo ela senti por Milton um certo desgosto e desprezo.
Mas aos poucos ela começa a descobrir Milton, seus habitantes, seus costumes, o funcionamento das suas grandes fabricas e o relacionamento entre patrão e operário.
Margaret sempre gostou de se relacionar e ajudar pessoas pobres e em Milton não foi diferente e foi no meio dessas pessoas que ela fez grandes amigos.
Em Milton Margarte conhece também o pupilo do seu pai. Afinal seu pai passa a ser professor particular em Milton. Seu pupilo se chama John Thornton. Um industrial do rama de algodão. O sr Thornton é um homem com aparência rígida e muito sério. E por causa disso Margaret acaba tendo uma ideia errada sobre ele. Ao ponto de despreza-lo por não entende-lo. Usando as palavras do próprio sr Thornton Margaret chega a ser injusta e arbitrária com ele.
Apesar de ele achar Margaret Orgulhosa isso não impedi de ele se apaixonar por ela. E é um amor sem interesse financeiro, um amor puro e verdadeiro. Que infelizmente Margaret rejeita de primeiro.
Com tudo que acontece com Margaret no decorre da estória as perdas em vários sentidos os sofrimento acaba tonando a uma mulher forte com outras visão sobre as pessoas ao seu redor.
O sr Thornton não deixa de amar Margaret em nenhum momento. Apesar de Margaret ter o rejeitado de primeira. Margaret inda era imatura e não conhecia seus próprios sentimentos. Achava que era indiferentes aos sentimentos dele mais na verdade o amor estava crescendo dentro dela sem ao menos ela perceber.
Eu amei o casal! em especial o sr Thornton ele é maravilhoso em todos os sentidos. Me apaixonei por ele na primeira página que ele apareceu. Um personagem muito bem desenvolvido.
Os outros personagens que preencher a estórias não deixam a deseja em nada. Em especial a mãe de Thornton a srs Thornton. É bonito a relação entre eles. Ambos se respeitam e se amam muito. São pessoas dura por fora mas por dentro são mole capazes de fazer qualquer coisa um pelo outro.
Também temos o SR Bell um grande amigo do pai de Margaret e o SR Higgins um operário. Que são muito importantes para estória.
Pelo tamanho da resenha já dar pra ver que eu AMEEEEEEE o libro.kkkk
Indico muitoooooo!
PS: lei sem preça para terminar só assim ira apreciar essa obra prima que é Norte & Sul de Elizabeth Gaskell!
Vivi.Montarde 04/07/2018minha estante
Amei sua resenha :)


Dani 04/07/2018minha estante
Obrigada Vivi :)


Dani 04/07/2018minha estante
Obrigada Vivi foi feita com muito carinho:)
Amei demais Norte e Sul só demorei termina por falta de tempo para ler.




aleitora 28/11/2016

Norte e Sul
li Norte e Sul da Elizabeth Gaskell nessa edição especial da editora martimartin Claret e fiquei apaixonada pelos detalhes e pela qualidade.

De início somos apresentados a parte sul e aristocrática da Inglaterra através da família Hale, que vive na tranquila cidade de Helstone. O sr. Hale é o pároco da pequena cidade apesar das queixas de sua esposa que deseja viver em um lugar maior enquanto que a filha adora o lugar.

Por isso Margareth é surpreendida quando o pai avisa que está abandonando a igreja para dar aulas em Milton Norte dentro de poucos dias.

Já em Milton a família precisa se adaptar a uma vida completamente diferente da que estava acostumada e aos transtornos de se viver em uma cidade industrial cheia de fumaça, suja e com residentes de ?pouca educação?. Ali Margareth se apega a família Higgins que pertence a classe operária enquanto que faz forte oposição a tudo que pensa e diz um aluno de seu pai, o sr. Thornton que é um rico industrial e por isso os dois vivem discutindo.

Em Milton, o sentimento de insatisfação cresce entre os operários o que aquece os ânimos entre eles e os industriais, e aqui começamos a compreender melhor as necessidades e dificuldades de cada um. Margareth se vê no meio dessa confusão e em um ato de loucura ela protege o sr. Thornton sem perceber que esse sentimento de proteção pode ter nascido de algo mais profundo. Enquanto que John, que já vinha sentindo algo por ela, encontra nesse ato o incentivo para dizer que a ama e acaba desprezado mas mesmo assim não deixa de ama-la, até que um mal-entendido promete afasta-los de vez. Infortúnios e tragédias acontecem e somente aí nós caminhamos para o grande final do qual não posso falar mais nada sem dar spoiler.

Norte e Sul é um livro extenso e profundamente detalhado. Em nenhum momento se torna cansativo, muito pelo contrário, acho que a Elizabeth Gaskell tinha um dom para prender o leitor as suas páginas. Esse livro é tão perfeito que se tornou o primeiro clássico a entrar para a minha lista de favoritos. Gostaria que todos o lessem para terem ao menos uma noção de quão bom ele é.

Leiam, está mais do que recomendado.
WilsonSacramento 29/11/2016minha estante
Ótima resenha!


aleitora 29/11/2016minha estante
Obrigada Wilson ?


Gizalyanne 17/11/2018minha estante
Poderia me dizer quando começa a empolgar? por que até agora estou achando um tédio




spoiler visualizar
Carol 26/12/2018minha estante
Recomendo a serie da bbc


Gizalyanne 26/12/2018minha estante
Tem disponível no YouTube? Legendado?


Carol 26/12/2018minha estante
Acho que sim




Hester1 18/05/2016

Romance maravilhoso. O pano de fundo do livro é a Revolucao Industrial na Inglaterra. As greves, a miséria, a fome, as doencas. Fico pensando o quanto a humanidade andou para chegarmos ao que somos e temos hoje.
A autora nos delicia com diálogos excelentes, personagens bem estruturados e nos apresenta um casal maravilhoso. Os dois orgulhosos, sensíveis e também turroes.
Alessandra 18/05/2016minha estante
LIndíssimo!!!


Alessandra 18/05/2016minha estante
Esse livro é lindíssimo!




Tarsila 22/04/2012

Bem-construído
Quando sua mimada prima Edith casa-se com o Capitão Lennox e viaja para Corfu, a jovem Margaret Hale deixa Londres, onde residiu por alguns anos, e volta para a casa dos seus pais, na bela e tranquila Helstone. Se as queixas da sua viúva Tia Shaw, mãe de Edith, são de ter se casado sem amor, embora que com um homem muito bem-estabelecido, as de sua mãe, Mrs. Hale, são por sua vida humilde, tendo se casado com um simples pároco.
Apesar de tantas enfadonhas reclamações da mãe, a estadia segue em paz até que Mr. Hale anuncia sua decisão de deixar a igreja, tornando-se um dissidente e abandonando seu meio de sustento. Seu padrinho de casamento e acadêmico de Oxford, Mr. Bell, recomenda-lhe a cidade de Milton para trabalhar como professor particular, pois ali encontraria industriais buscando instrução, após terem alcançado ascensão social.
A família então se dirige para lá, sentindo de imediato o choque pela grande distinção entre o sul, da amada, decorosa, inocente e rural Helstone, e o norte, da cheia, agitada, violenta, suja e fria Milton, de pessoas rudes e ocupadas que valorizam a independência.
Milton sofre os impactos da Revolução Industrial, que marcou a Inglaterra no século XIX, e temos o quadro da época, com os donos de fábrica contra os operários, que vivem e trabalham em condições precárias; o início dos sindicatos, com a união dos trabalhadores em busca de direitos; a organização das greves; as ideias socialistas e as progressistas; o louvor e a crítica ao capitalismo. A riqueza histórica do livro é notável.
Mr. Thornton é um dono de uma fábrica têxtil eminente que com muitos esforços e conselhos de sua mãe alcançou a posição de destaque que possui, e se torna o aluno preferido de Mr. Hale, com quem trava discussões, e do qual se torna um amigo.
Miss Hale tem contato com famílias de operários que vivem em estado indigente, em especial com um operário de opiniões firmes que apoiava a greve, Mr. Higgins, e sua filha, Bessy, doente por causa da poluição no trabalho nas fábricas.
Os personagens participam de discussões muito interessantes a respeito das qualidades do norte e do sul, e das relações tão conflituosas entre industriais e operários, que se tratam como inimigos, mesmo dependendo um do outro. Diversas questões são levantadas, e todos os pontos de vista são enfaticamente defendidos; os longos e inteligentes diálogos são um dos pontos altos do livro, promovendo debates válidos.

“- O senhor não sabe nada do sul. Se há menos aventura e menos progresso – suponho que não devo dizer menos excitação – provocados pelo espírito de jogatina do comércio, que parece forçar a criação dessas maravilhosas invenções, também há menos sofrimento. Vejo homens aqui, andando de um lado para outro nas ruas, que parecem derrotados por alguma perturbadora tristeza ou preocupação, e que não são apenas sofredores, mas inimigos. Lá no sul temos lá os nossos pobres, mas não há nos seus rostos essa terrível expressão de doloroso senso de injustiça que eu vejo aqui.” P. 65

Mr. Thornton admira o caráter de Miss Hale, bela, sensata e orgulhosa, que com todos os seus preconceitos o despreza. Um romance à la Orgulho e Preconceito surge, com diferentes classes sociais, mal-entendidos, julgamentos precipitados, discussões, transformações, desencontros e reencontros.
As personalidades são muito bem-construídas, há os personagens fortes, decididos, orgulhosos, capazes de grandes paixões, os superficiais, vaidosos, passíveis e frívolos, os que lutam e os que se deixam prostrar pela vida. O pensar e o sentir dos personagens são otimamente descritos através de longas reflexões, e assim pode-se acompanhar o seu processo de transformação.

“Lá embaixo, Margaret mantinha-se calma e controlada, pronta para orientar ou aconselhar os homens que haviam se sido chamados para ajudar o cozinheiro e Charlotte. Os dois últimos, chorando sem descanso, imaginavam como a jovem patroa conseguira perseverar até o último dia, e resolveram entre eles que ela já não devia ligar muito para Helstone, tendo passado tanto tempo em Londres. Ali estava ela, muito pálida e calma, com seus olhos grandes e sérios observando tudo – qualquer circunstância, por menor que fosse. O que eles não poderiam entender é como seu coração sofria, o tempo todo, com um peso que não havia suspiro que remediasse ou aliviasse – e como o empenho constante das suas capacidades perceptivas fora o único meio de evitar que gritasse de dor.” P. 44

Os núcleos são bem-trabalhados, a relação entre os donos de fábricas, entre os grevistas, e dentro dos lares é mostrada de forma que se tem uma visão muito clara do que se desenrola interna e externamente. O cenário dos bairros dos operários é bem real, e chocante por vezes; a autora morou em Manchester, cidade que foi modelo para a criação de Milton, e trabalhou com ações filantrópicas, portanto conhecia a fundo a situação da população carente e da desigualdade social.

“(...) há muitos que trabalhavam cardando o algodão e acabaram destruídos, tossindo e cuspindo sangue, justamente porque foram envenenados pela penugem. (...) Algumas pessoas têm uma enorme roda em um canto da sala de cardagem, que joga uma corrente de ar na sala e leva para longe a penugem. Mas essa roda custa muito dinheiro – quinhentas ou seiscentas libras, talvez -, e não dá lucro nenhum. Por isso, só poucos patrões puseram essa roda. E ouvi falar de homens que não querem trabalhar nos lugares onde existe uma roda, pois dizem que sentem fome, depois de terem se acostumado a engolir a penugem por tanto tempo e agora ficam sem, e que têm que receber um salário maior, se trabalharem nesses lugares.” P. 81-82

O livro não possui descrições cansativas, é, na verdade, muito envolvente, e cada capítulo inicia com trechos escritos por algum autor, que só enriquecem o livro.
A BBC produziu uma minissérie baseada em Norte e Sul, a que assisti e considerei fiel o bastante. As cartas de Margaret a Edith são usadas para externar os pensamentos da heroína, e dessa forma tem-se contato com o que se passa dentro dela. As cenas no sul são intensamente luminosas, verdes e repletas de flores; as dos norte são cinzentas e poluídas, com a penugem flutuando como neve, e o único local com vegetação parece ser o cemitério.
Creio que quem gosta da obra de Jane Austen apreciará Norte e Sul. Há pontos em comum no estilo delas, e em suas obras existe a presença de discussões longas, das diferentes classes sociais, do preconceito, dos contrastes entre aparência e a essência de tudo, do amadurecimento dos personagens.
Samyle 27/07/2012minha estante
Amei a sua resenha. Acabei de ver a minissérie da BBC, e me encantei muuito com a história, estou louca para ler o livro, e sua resenha só aumentou a minha vontade. Que trechos perfeitos você trouxe, Gaskell, obviamente, escreve muitíssimo bem!


veronica.conte. 15/12/2015minha estante
Vou ter que reler o livro. Não me lembro desta passagem da página 44.




Magasoares 30/10/2019

Norte e Sul
Adorei, só não gostei muito do final, foi tudo tão rápido, mas tirando isso, é um romance maravilhoso. Vale muito a pena a leitura, e recomendo. Só não favoritei justamente por causa desse final repentino.
Jeh 21/05/2020minha estante
Tbm senti falta de um final mais detalhado; por mais que já suspeitavamos dos sentimentos de Margareth porém ela não a expressou em nenhum momento!


Izabel 19/01/2021minha estante
Jeh não poderia ser diferente, este romance é verdadeiramente de época, é impensável para aquela época um romance que fosse mais longe do que ele foi, para serem publicáveis e lidos por moças "de família" os romances tinha que jamais ultrapassar certas marcas heheh.




Karol 16/01/2013

Um livro EXTRAORDINÁRIO!!!!!!!
Como eu costumo fazer leio primeiramente o livro que é bastante rico em detalhes, depois eu assisti a série da BBC, ela é boa mais não chega a ser tão fiel como o livro, deixa a desejar em alguns detalhes, tem assuntos que ficam no ar que somente quem leu o livro percebe.
Mr Thornton, ahhhhhhhh apaixonante (só não chega a ser mais que Mr. Darcy de orgulho preconceito,rsrs) ele deixa seu orgulho de lado e se declara a sua amada Margareth. O livro retrata bem a diversidade entra patrão e empregado, a importância de um sindicato, o pq de empregados fazerem greve e não chega a ser chato quanto parece, pois a autora soube descrever de forma simples e empolgante.
Enfim, um livro com emoções e cheio de romantismo, vale muito a pena ler.
Leiri 17/01/2013minha estante
Karol amiga vc está resenhando o livro ou a série da BBC? rsrsrsrsr


Karol 17/01/2013minha estante
kkkkkkkk, pois num é amiga, mais respondendo é os dois já que a série é uma amostra do livro.




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