Bernardo_Rafael 30/04/2024
Eu queria que fosse melhor.
Uma das maiores frustrações literárias que já tive. Chorei nos primeiros capítulos de tão bons. A proposta me atingiu de primeira, o início do livro não decepciona e de maneira simples emociona sem apelar para um sentimentalismo tão comum às fanfics. Fanfic? Pois é.
A partir do título do campeonato italiano o livro se perde completamente, mas o problema pode ter sido minha alta expectativa (Eu juro que esperava um Nobel de literatura). Personagens rasos entram e saem da história sem desenvolvimento. E o pior não é isso. Muitos personagens sofrem com uma falsa profundidade, uma criança prodígio que é muito madura para sua idade porque sim. Um vocabulário que não encaixa na personalidade apresentada pelo autor. A agente que serve de escada, a melhor amiga que se comunica por tweets (frases prontas e clichês com menos de 140 caracteres), a treinadora que tem um plano sempre, mas que começa e termina sem escapar de um maniqueísmo simplista. Relacionamentos óbvios ao ponto de entediar.
Bom, parei de ler por frustração mesmo, amei a proposta e devorei as primeiras páginas até que a narrativa se afoga em movimentos óbvios e tentativas desesperadas do autor de mover uma história absolutamente desmotivada. A jornada futebolística é bem estranha mas isso poderia ser facilmente relevado, mas quando somado a outros problemas estruturais fica difícil de aceitar.
Em resumo é isso, um livro que pede lapidação, talvez com mais tempo de pesquisa, mais experiência do autor ou mais revisões, de qualquer forma o livro não é péssimo, mas parece muito com uma fanfic esticada ao longo das páginas. É com certeza muito difícil escrever sobre temas polêmicos e emplacar um livro que busca ser subversivo. A obra está aí, e se impõe contra uma paixão nacional tão conservadora e retrógrada, mas infelizmente não é 100% do que poderia ter sido.