Duda Mel @epifania_literaria 20/07/2024
Fofo, mas poderia ser mais apaixonante
"Se a Júlia pedisse a lua enquanto tocava seu rosto com tanto carinho, ela a roubava só para ela."
Resenha:
Um conto sáfico sobre como gentileza pode iluminar o dia de alguém.
Catarina possui uma vida monótona e solitária. Seu trabalho remoto permite que saia o menos possível de casa e a batalha contra a depressão é um dos motivos disso.
Até que acorda um dia com uma nova melodia. Ao abrir a porta, deu de cara com o belo sorriso de Júlia e sentiu tudo mudar.
Uma história que flui fácil, principalmente por ser curta. Traz uma capa fofa e uma premissa previsível, porém cumpre com a proposta de passar tempo, sem mais expectativas ou plots. Dentre os assuntos abordados, estão a homofobia, relações familiares e a saúde mental.
Gostei da história se passar em Manaus. Vi que a autora é de lá e usou localidades para compor os cenários, como um passeio na Ponta Negra e uma breve descrição do local e seu status. Era criança quando fui à cidade e bateu certa nostalgia.
Creio que o objetivo do conto tenha sido esse desde o começo, ser um conto, todavia poderia ter sido mais desenvolvido.
Júlia ouviu a mãe falar sobre Catarina e estendeu a mão amiga. Logo estavam próximas e logo sabemos que essa relação evolui para um romance. Essa parte não é explorada, pois o conto se prende a narrar esse encontro e o começo de um vínculo que se cria muito rapidamente. Senti falta de profundidade, mais coisas que me fizessem criar simpatia pelas personagens, torcer e sorrir. Ao ler, senti que estava sendo conduzida pelo roteiro de início, meio e fim de forma corrida.
A obra começa com Catarina indo ao psicólogo e me desanimei um pouco ao longo da leitura com a possibilidade de que talvez fosse aplicada aquela falsa ideia do amor ser a solução de tudo. Entretanto, a autora teve cuidado ao finalizar a história justamente com um posicionamento quanto a isso poder ser perigoso, mas comemorando o bom humor, o sorriso, as novas esperanças e as pequenas vitórias.