Michelle Trevisani 14/05/2018
Adorei a experiência de ler um clássico!
Oi gente! Tudo bem? Hoje a resenha que trago aqui para vocês é de um autor que fazia tempo que eu estava namorando para ler. SIIMM COMPANHEIROS, esse foi meu primeiro Tólstoi! Ieeebaaaaa! Nem acredito que consegui finalizar um livro desse autor! Sabe quando você fica com aquele tremendo receio de que não vai conseguir acompanhar (porque Tolstói é um super clássico, achei que teria muitas dificuldades de acompanhar o pensamento filosófico dele) ou de que talvez não goste tanto, então por isso fui protelando, protelando, mas esse ano, resolvi deixar o preconceito de lado e mergulhar nessas águas dramáticas nas quais Tolstói resolveu me navegar.
Confesso que talvez essa edição belíssima da editora Martin Claret tenha me ajudado muito a degustar de uma boa leitura. A capa é vazada, um luxo, e as letras são ótimas para serem lidas. Me senti super confortável durante a leitura. A tradução de Oleg de Almeida também está impecável e a revisão do livro está de parabéns, não encontrei nenhum erro ortográfico aparente durante a leitura.
Já na introdução do livro tomei um puxão de orelha quando Oleg de Almeida relata: "O nome de Leon Tolstói, um dos mais consagrados mestres da prosa russa, não precisa de comentários. Seria muito difícil encontrar, neste mundo globalizado de hoje, uma só pessoa minimamente instruída que nunca tenha lido seus romances [...]" - prazer, essa pessoa sou eu! hahah! mas isso acaba de mudar, porque EU TERMINEI UM TOLSTÓI! YESSSS!
Neste livro vamos encontrar 3 contos deste mestre, então vou comentar um pouco do que achei de cada uma das histórias narradas.
- A morte de Ivan Ilitch: Este talvez um dos mais conhecidos dos três contos, vai narrar a trajetória de Ivan Ilitch, um burocrata russo, que se vê frente à frente com um dos talvez maiores medos da humanidade: a morte. E por estar tão transformado por essa perspectiva, começa a refletir sua vida pouco entusiasta. Para ele estava bom ter uma vida confortavelmente estável, mas a medida que vamos conhecendo o personagem, percebemos que pouco produtivo foi seus dias, todos muitos parecidos, insossos, e sem graça. E a culpar os parentes próximos de sua condição virou seu passatempo quando passou a contrair uma doença terrível. Já na beira dos fim dos dias, percebe que está com medo, muito medo, mas o autor embrenha o leitor em uma reflexão de que será o que medo é mesmo da morte ou de ter se vivido uma vida pela metade? Com muita aflição vamos acompanhando a vida de Ivan, de seu casamento que não foi lá grande coisa, de seus sonhos que nem sequer foram sonhados, a derrocada da vida humana, sem muitas perspectivas, o que torna o conto triste e nos faz acordar para o que estamos fazendo de produtivo em nossa vida.
- Sonata a Kreutzer: Este conto, talvez não tão conhecido de Tolstói me chamou muito a atenção. Achei um texto muito avançado para a época, onde pude encontrar reflexões do autor a cerca do maior dos acordos de todos os tempos: o casamento. E não só sobre o enlace matrimonial o autor discute, mas no texto podemos encontrar reflexões sobre desigualdade de gênero (oi? isso mesmo! inclusive na nota de Oleg na introdução do livro, ele relata que esse conto de Tolstói foi meio que abafado na época, para não levantar ideias "erradas" nas cabecinhas das mulheres hahaha), discute o sistema de classes, princípios morais, e, dentre outros assuntos, o adultério. Fiquei mais pro final do conto me sentindo quase no livro de Machado de Assis, o Dom Casmurro, porque o personagem principal do conto, acredita que sua esposa amada o está traindo com um violinista. E ele, o Pózdnichev, fica extremamente perturbado com essa dúvida, apesar de ter narrado anteriormente que seu casamento foi uma eterna briga atras de briga. Mas é sempre assim né? Pessoas acham que o casamento está uma droga, mas apronta pra ver? Daí o traído acha que o casamento era o melhor do mundo e que sua esposa não tinha o porque arranjar outro! hahaah. Outro conto bastante dramático do autor que gostei bastante.
- O padre Sêrgui (ou o padre Sérgio, como esse conto é bastante conhecido também): Neste conto, vamos encontrar a peregrinação de Stiepán Kassátski, que após sofrer uma desilusão amorosa (fiquei bastante chocada com o porque o coitado sofreu essa desilusão) resolve seguir carreira religiosa. Ao se tornar um monge, depois de alguns anos se purificando e rezando mundo, passa a usar o nome de padre Sêrgui. Porém, apesar da escolha do caminho religioso, acompanhamos um personagem que constantemente está em busca de se auto afirmar, de buscar por uma melhor posição, e nessa busca frenética por ser alguém mais, talvez o seu principal propósito que é amar a Deus e ser puro seja uma condição constantemente contestável por ele próprio. Sêrgui tem crises existenciais constante, e vive a lutar com os demônios que lhe são apresentados durante a sua vida religiosa, com o intuito de se manter puro. Sêrgui vai se deparar então com o terrível questionamento que constantemente nos fazemos: será que Deus realmente existe? Por que não conseguimos alcançar a fé sega, que muitos parecem propagar? E essa humanidade do personagem, suas fraquezas, nos fazem refletir em nossa própria condição humana, nossos medos, dúvidas, exageros durante a existência nesse vasto mundo cercado de informações que temos.
Leia o restante da resenha no meu blog :> LIVRO DOCE LIVRO
site: http://meulivrodocelivro.blogspot.com.br/2018/05/resenha-morte-de-ivan-ilitch-e-outras.html