alinneasilva 06/04/2023
Pra começo de conversa eu gostei muito do Ela fica com a garota, então quando eu soube que Alyson ia lançar um livro solo e que o plot era de perda de memória eu nem quis saber mais de nada e já tava rendida. Isso acabou me causando uma surpresa porque eu não esperava que elas teriam só 18 anos (eu teria percebido isso se tivesse lido a sinopse, mas no geral eu evito sinopses).
Eu gostei muito desse livro, gostei muito da escolha do pov único, mas confesso que em determinado momento eu achei que não ia gostar tanto dele. Eu não sou muito fã de livro narrado em primeira pessoa, mas isso é geralmente o padrão do YA atual, então faz parte. Ele começa muito bom, mostrando um pouco como é a vida dela antes do acidente, o relacionamento dela com Nora (elas são muito amorzinho), algumas das sensações dela com relação às demais pessoas na vida dela e também mostra o acidente.
A partir daí ele começa a ficar um pouco angustiante quando ela se descobre sem lembranças dos últimos dois anos porque ela mudou tanto e ela não faz ideia disso, não faz ideia de que a relação com os pais dela não é mais a mesma, não entende algumas escolhas que ela fez e não tem ninguém pra explicar pra ela o que realmente aconteceu. Foi aqui que eu pensei: que maravilha, esse livro vai me matar. Eu realmente esperava ansiosamente por um show de angustia e essa foi a minha sensação nos primeiros capítulos.
Mas aí lá pelos 30% ela começa a, naturalmente, agir como uma adolescente de 15 anos tentando se encaixar e eu confesso que comecei a ficar um pouco irritada. As "melhores amigas" dela são simplesmente insuportáveis e o desconforto dela na presença delas é óbvio mas eu consigo entender que elas são tudo o que ela lembra e que a falta de memória ia acabar minando as evoluções que ela teve como pessoa nos últimos anos.
As coisas melhoraram pra mim quando ela começa a interagir mais com Nora, começa a sentir coisas e a questionar um pouco mais as situações e começa a encontrar uma outra forma de evoluir mesmo sem as memórias.
Um ponto que eu tava ansiosa pra ver ser explorado e achei que demorou um pouco foi a relação dela com a família. Desde o começo eu tive uma impressão da mãe dela diferente da que ela mostrava ter, parecia que Stevie tinha assumido coisas e agido a partir dessas suposições e isso acabou influenciando a relação delas e também a relação com o pai dela. Eu achei que a autora conseguiu entregar personagens complexos e sentimentos conflitantes nessas relações entre ela e a família. No fim das contas eu gostei muito do que ela entregou nesse quesito.
Achei que apesar de alguns momentos triviais demais ali na era Stevie voltando a ser adolescente, ela entregou bons diálogos, bons conflitos e boas discussões. Eu gostei muito quando o foco estava na relação dela com Nora e também com a família e gostei que no meio de tudo ela conseguiu também encontrar novas amizades. O romance é muito bom, elas são apaixonadinhas demais e os momentos de conflito entre elas trazem um sofrimento bom pra sofrer junto. Ela conseguiu também incluir um pouco da visão de Nora sem precisar dividir o pov, o que me agradou.
O final, aff, só queria dizer que eu chorei.