Trilogia

Trilogia Jon Fosse




Resenhas - Trilogy


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Bela 14/05/2024

Trilogia
Ler a trilogia de Jon Fosse foi como ler um conto infantil fortemente inspirado pela bíblia, com repetições que quase lembram uma cantiga, com descrições tão simples que potencializam a dor dos acontecimentos, e com personagens que estão profundamente interligados e sobrevivendo à passagem do tempo.

É uma história marcada pela herança geracional da pobreza: são os mesmos personagens, do início ao fim, sobrevivendo com o que eles possuíam desde a primeira página.
É marcada pelos sentimentos não ditos: a descrição das ações é direta e transparente, sem adornos, sem menções de subjetividade, sem duplos sentidos, apenas os atos e consequências, as perdas, os encontros e reencontros.

É um clássico instantâneo. Já quero reler.
Alê | @alexandrejjr 14/05/2024minha estante
Que delícia de texto, Isabela! Eu queria ler apenas as peças do Jon Fosse que devem ser publicadas por aqui num futuro próximo, mas depois de falar com tanto amor desse livro, talvez eu reconsidere ler um romance dele.


Bela 14/05/2024minha estante
Que bom que vc gostou da minha resenha! Esse foi um livro que eu passei a gostar depois de terminar de ler, pq a leitura em si não foi fluida ou empolgante? Mas me impressionou e impressiona toda vez que penso na história e nos detalhes. Vale a pena!




HigorM 18/08/2024

"LENDO NOBEL": sobre uma leitura que diz muito, o que me desagrada
Eu me questiono, a cada leitura de um laureado com o Prêmio Nobel, em momento o autor deixa de ter uma escrita original, como sempre é mencionado pela Academia, para trazer ao leitor apenas mais do mesmo. Digo isso, pois me proponho a ler todos os livros dos autores premiados, afinal, a láurea se dá pelo conjunto da obra, e não por um livro em específico.

Autores como Kazuo Ishiguro, Mario Vargas Llosa e J. M. Coetzee (dentre os que já li, deixo claro), mantém-se fiéis ao estilo pessoal de escrita, à medida que conseguem inovar ou trazer um frescor a cada novo livro ou assunto; enquanto isso, outros, como Patrick Modiano, Herta Müller, e até mesmo Annie Ernaux, preferem escrever sobre seu universo particular de uma maneira tão rotineira e insistente, que mais parece um estilo preguiçoso ou que não há mais assunto ou até mesmo prisma a explorar, mas que o autor retorna ao tema mesmo assim, por não saber ou poder escrever sobre outras coisas.

Sendo assim, o progresso da leitura da biografia de Jon Fosse parece fadada ao cansaço, pois enquanto "Brancura" foi uma curiosa surpresa e "É a Ales" uma sólida constatação, "Trilogia", que deveria ser, então, uma óbvia consolidação, tornou-se uma mera aparição, menor, mais fraca e, sinceramente, sem inspiração.

E eu sei exatamente o motivo de "Trilogia" não ter funcionado, ou ao menos não para mim. Em "É a Ales" eu mencionei, satisfeito, que o cenário principal, "este quadro fixo, esse cenário estático, com poucas descrições e sem muito a agregar com o passar das páginas e das repetições da narração, de repente se expande, ganha novas camadas, graças ao fluxo de consciência e a ausência de uma marcação de tempo, então, presente, passado e futuro se movimentam naquele único espaço, enriquecendo-o de maneira majestosa". Já em "Brancura", o mesmo cenário estático se faz presente, dando força para a magia onírica acontecer.

“Trilogia”, por sua vez, não possui tal cuidado, tal momento de apreciação e contemplação, de estática, o tão louvado e mencionado estado onírico tão pungente de Fosse, para que o fluxo de consciência e a falta de marcação de tempo entrem em ação. Asle e Alida estão em movimento constante, em diversos cenários e situações, com a presença de um sem número de personagens coadjuvantes, mas não para ajudar ou crescer a literatura de Fosse, e sim para atrapalhá-la, acredito eu, ou para perder sua essência.

São pouquíssimos os momentos que fazem os personagens, e o próprio leitor, contemplar presente e passado e futuro de Asle e Alida, como aconteceu nas leituras anteriores, quando Signe, mesmo deitada em um banco, conseguia ver e refletir sobre os antepassados seus e de Asle.

E mesmo que tais momentos de "Trilogia" não tenham surgido, o livro não se descaracteriza dos demais ou se autoclassifica como um filho diferente, ou quem sabe o início de uma nova fase do autor. Não. O escrito de escrita é tão característico de Jon Fosse, com suas fontes, intenções e referências, que o leitor que gosta dele, vai iniciar a leitura feliz, enquanto quem não gosta, certamente vai pular para o próximo. Embora os personagens estejam em ação neste livro, caminhando, interagindo ou conversando mais, a história não é ágil, propondo-se a manter a mesma reflexão que os demais livros do autor.

Acontece que a fórmula não funciona aqui. Os jovens Alida e Alida, aparentemente menores de idade, saem pelas ruas em busca de abrigo. Alida está gestante, prestes a ganhar, logo, as pessoas têm seus pensamentos perversos ao fato trágico que acomete os jovens. A referência bíblica aqui, uma alusão a José e Maria, pais de Jesus, não convence, mas mais parece com uma paródia moderna.

A grande sensação que fica é a de que as três novelas, "Vigília", "Sonhos de Olav" e "Refúgio", funcionam sozinhas, mas se perdem com a união. Talvez tenham funcionado quando das publicações, afinal, foram lançadas em um espaço de tempo considerável, em 2007, 2012 e 2014.

Uma obra menor, embora a mais celebrada e premiada de Jon Fosse, "Trilogia" não possui o encanto e o prazer, embora muitas das características dos demais livros do autor. Talvez seja o sinal de não insistir na prosa de Fosse, e aguardar seus dramas.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel".
edu basílio 20/08/2024minha estante
calma... ainda tem a septologia! ?




Luis.Henrique 28/04/2024

Uma obra envolvente, um fluxo de consciência entremeado com uma narrativa muito peculiar tornam esta leitura um grande prazer. A repetição proposital dos termos, especialmente nos diálogos, traz uma espécie de melodia indefinível. Brilhante.
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Mariana Dal Chico 15/06/2024

Recebi de cortesia o livro “Trilogia: vigília, os sonhos de Olav e Repouso” de Jon Fosse - vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2023 -, foi publicado no Brasil pela @companhiadasletras com tradução de Guilherme da Silva Braga.

Wow! Que estilo de escrita… diferente…

Na sinopse diz “prosa onírica inconfundível” e não teria melhor escolha de palavras para descrever a narrativa do autor. Grandes parágrafos descritivos que não começam com letras maiúsculas, são atravessados por pensamentos, alternando com falas curtas sem sinalização de travessão ou aspas, repetições de palavras - MUITAS repetições de palavras -, trocas de pontos de vista de formas abruptas.

O tempo narrativo se arrasta, o texto exige bastante atenção do leitor, o ritmo de leitura é lento e um tanto opressivo. Apesar dessas características, a primeira parte foi uma leitura fluida, a curiosidade para saber o que viria a seguir serviu de combustível para que eu passasse as páginas com certa empolgação.

Mas ao chegar na metade de “Os sonhos de Olav”, o impulso da expectativa dos próximos acontecimentos foi ficando cada vez mais fraco, já que eu comecei achar o desenrolar dos acontecimento previsível. Isso mais o desenvolvimento de personagens mantido no mínimo necessário e o excesso de repetição de palavras (analisando tecnicamente, entendo o objetivo do autor com tal artifício e sei que não está ali à toa, mas o excesso me irritou interferindo na minha experiência de leitura), fez com que eu fosse perdendo a empolgação aos poucos.

Ao finalizar a leitura com “Repouso” eu já não estava tão envolvida como no começo da leitura e terminei com a sensação de “ok, eu leria outro livro dele, mas não é prioridade” e “entendo a premiação, sua escrita é realmente única, mas não necessariamente é pra mim.”

“(…) à tristeza causada por um motivo qualquer, ou simplesmente à tristeza, e na música a tristeza podia ser aliviada e transformar-se num voo, e o voo podia transformar-se em alegria e felicidade, e por isso era preciso tocar, (…)” p.39

site: https://www.instagram.com/p/C8P2GNLPeCd/
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@letravermelha 24/06/2024

Senti reações físicas durante a leitura. AMEI!
Essa é a linda história do amor de Alida e Asle que superou todos os limites dessa e da outra vida.

Nessa narrativa onírica bem própria de Jon Fosse, acompanhamos o jovem casal que esperam um filho com a dura realidade do completo desamparo na qual os dois só tem um ao outro. Assim, eles precisam seguir a uma nova cidade em busca de uma vida melhor.

A jornada do casal é contada em três fases da vida onde seguimos a busca por abrigo e vemos os terríveis sacrifícios que precisam fazer pela sobrevivência. O choque das consequências de suas escolhas e como as sequelas irão afetar a vida de todos os envolvidos, mesmo após gerações, é emocionante. Pois como um casal adolescente que espera um filho vai encontrar um lar em uma nova cidade que não os quer por lá, se não abdicar de princípios ao fazer sacrifícios sem precedentes? Contudo, um alto preço será pago.

Jon Fosse expõe, de forma ágil e afiada, as relações familiares e o quanto elas são frágeis e retrata a dualidade moral na tomada de decisões por quem amamos, revelando juntamente, os dois polos das relações afetivas que transitam entre o amor e o ódio. Também não poupa críticas ao nosso distorcido senso de justiça.

Gosto muito da repetição narrativa de Fosse e ela não é sem propósito. O autor tem por objetivo nos fazer experienciar as emoções do casal e dos personagens. Todo e qualquer sentimento é transmitido nesse estilo próprio de martelar as palavras nos fazendo sentir as fortes emoções dos acontecimentos. Como nessa obra o ponto chave é o sentimento elevado do amor, eu pude senti-lo como uma faca afiada, principalmente ao final.

Desde o início me vi aflita pelo grande desamparo do casal, mas seu amor e cumplicidade superaram essa sensação de tristeza que senti por tudo que viveram, pois ainda que seja uma história dolorida, fica muito claro como o sentimento dos dois é visceral, visto que transcendeu todos os limites morais e temporais para continuar a existir. Chorei. Chorei sim, lendo como o tempo e as tragédias não conseguiram sufocar um laço tão forte.

Recomendadíssimo!!!
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Icaro 14/08/2024

Achei um livro incrível, história super bem construída, poética, e muito bem escrita. Um dos meus autores preferidos da atualidade
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Cesar Garcia 20/09/2024

Entre sonho, pensamento e realidade
O livro nos conta a história de um casal em sua peregrinação para conseguir abrigo e o desenvolvimento de suas vidas.
O autor conta de forma sonhadora, com um pouco do irreal, do pensamento e com sentimentos ambíguos, e com personagens questionáveis e humanos, o que torna a leitura uma viagem por um mundo que parece ser visto através de vidro e névoa.
Uma obra original e curiosa.
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Rafael.Rovath 28/10/2024

Trilogia
Dono de uma escrita peculiar e hipnótica, Jon Fosse usa e abusa, neste volume, de repetições e frases curtas para nos presentear com um romance maravilhoso.

"Trilogia" é dividido em três capítulos (cada qual encerrando uma parte da trilogia) onde acompanhamos a história de um casal que passa por suplícios e incertezas que os levam a atitudes desesperadas, que só irão trazer ainda mais sofrimento para ambos. Mas em meio ao sofrimento, há espaço para amor e redenção.

O texto às vezes parece até escrito de uma forma infantil, tamanha a simplicidade dos diálogos e a intencional repetição de palavras.

Essa repetição não só está em partes seguidas e próximas no texto, como às vezes separadas por dezenas de páginas, o que traz uma ciclicidade à história.

Outro ponto marcante é a alternância entre o real e o sonho, o real e o pensamento. E como o autor usa com maestria esse mecanismo para transpor o tempo do presente para o passado e para o futuro.

Jon Fosse recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 2023. Minha primeira imersão em sua obra não poderia ser melhor. Recomendo, mas adianto que não são todos os que gostam do seu estilo.
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Faluz 29/10/2024

Trilogia - Jon Fosse
Jon Fosse escreve de maneira particular, utiliza-se de vocabulário simples para alcançar um aspecto inefável da vida. Ele transcende a vida em suas palavras, descreve as situações que só conseguimos sentir. Vai sempre além do visto.
Sua escrita utilizando-se de pontuações diferenciadas, muitas vírgulas que nos deixam sempre em suspenso numa expectativa, num limiar de situações que extrapolam o vivido para o sonhado, imaginado e esperado. Um prosa poética que perpassa os tempos passado, presente e futuro nos deixando em suspensão.
Experiência literária encantadora.
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