Becky Cunha 07/03/2024
Nasci para ver uma vampira crente
Eu estava curiosa sobre este livro há um bom tempo, e fico feliz de finalmente ter conseguido parar para ler. A escrita de Francine é uma delicia, a construção do mundo vampírico é bem-feita, os personagens principais são muito bons.
Celeste é muito aleatória, uma mulher que fica consegue ser ingênua e sarcástica ao mesmo tempo - um feito e tanto. Gostei que ela foi somente uma pessoa perdida e confusa no meio do caos, sem a interferência divina do poder da protagonista de já ter nascido fodona e porradeira. Ela acaba se tornando fascinante ao seu modo, principalmente com boa parte do seu arco sendo, além de sobreviver a qualquer custo, a sua luta pela própria humanidade, usando de base a sua fé (quase) inabalável por Deus. Quase porque tem, realmente, umas situações que não como não ficar se perguntando se foi abandonada pelo divino ou não.
Existem alguns problemas na sua construção, mas nada que atrapalhe a empatia que sentimos por ela.
Alistair, por outro lado, é um vampiro confuso, que fica brigando contra o que realmente sente e a casca que teve que criar para si durante todos aqueles anos. Ele tem uma carga de complexidade, mas não entendi se a autora queria que ele tivesse manejo político e frieza para lidar com os de sua espécie, sendo que Celeste o desequilibra, ou se é uma necessidade de reavaliar o personagem. Se for a primeira opção, eu gosto bastante da ideia.
Não tem como você torcer pelo casal principal, eles claramente são tóxicos, é uma relação doentia de codependência, e isso a autora construiu muito bem, e achei mais incrível ela não passar pano para Alistair dentro da narrativa (Acontece muito). Ele é o que ele é, e até mesmo Celeste aceita isso, vendo-o de maneira completa.
A história tem um probleminha de ritmo. Como tudo parece acontecer muito rápido, dá a impressão de se passar em um dia ou menos a partir do momento em que Alistair leva Celeste ao Amantes Sangrentos. Não sei se é o caso ou não.
No geral, a leitura é fluida, uma delícia, e cada capítulo nos faz ter vontade de saber o que está acontece, o que vai acontecer agora. Nisso a autora foi mestra, de prender a nossa atenção e nos obrigar a estar sempre antenados, querendo saber o que vai acontecer até o fim.