Resenhas - Últimos contos

Biblioteca Álvaro Guerra 21/10/2024

Poucos escritores são tão influentes quanto o russo Anton Tchékhov (1860-1904) quando se fala em ficção curta. O conjunto aqui traduzido por Rubens Figueiredo traz alguns dos contos mais celebrados do autor, como "A dama do cachorrinho", "Um caso médico" e "A noiva", entre outros exemplos dessa produção dos anos finais do escritor. É o testamento — ainda vivo na arte da melhor ficção breve — de um dos autores fundamentais da literatura mundial.


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9786556924557

Milena.Berbel 25/08/2024

A única surpresa que o leitor encontra nestes contos de Tchékhov é o fato de reiteradamente se dar conta de que elas não virão. Não há clímax, sustos, reviravoltas, e ainda assim, é impossível ficar indiferente a cada narrativa.

Que talento pra compor e descrever, com tanta vivacidade e verdade, e de forma concisa, cenas cotidianas e inquietações e sentimentos tão humanos quanto universais.

Não tem nenhum conto dessa coletânea do qual eu não tenha gostado (com direito a várias passagens grifadas e vários momentos de reflexão introspectiva).

Foi meu primeiro contato com a obra de Tchékhov e não tenho dúvida de que indicaria este livro pra qualquer pessoa, de olhos fechados.

Irretocável!

Clara2403 16/06/2024

Reflexivo
Esse é um livro que eu com certeza recomendaria um amigo a ler. Normalmente não gosto de contos justamente por serem curtos, porém esses se destacam. O livro consegui criticar a sociedade sutilmente, porém, de forma verdadeira e relacionável. Acho que todos conseguem se identificar com pelo menos um dos personagens do livro, pois ele retrata o ser humano da forma como ele realmente é, e não simplesmente um ideal literário. Definitivamente uma das minhas melhores leituras.

gissaxp 06/05/2024

Contos >>
Estou lendo esses últimos contos de Tchekhov desde novembro do ano passado, lia alguns, dava uma pausa e lia outros. Realmente foi muito bom não ter lido tudo de uma vez, achei que absorvi bastante coisa. Particularmente eu gostei muito da escrita do autor, Tchekhov sabe escrever contos como ninguém, o que inclusive na russia, ele é o ?mais famoso? e comentado entre os grandes autores, principalmente entre contistas, tem uma habilidade de criar um laço entre o leitor e os personagens em poucas páginas, e nos conectamos de uma forma que sentimos tudo tão intensamente que em um conto eu cheguei a quase chorar, foi um favorito!! Não lembro onde, mas li que Tchekhov chegava a escrever uma história, e tirava dela seu início e o seu fim, deixando apenas o meio mesmo. Lendo esses últimos contos chego a crer ser verdade essa informação, são contos muito bem pensados e que sempre nos deixam com o gosto de quero mais.. que poderia ter mais, mas não tem. E aí você fica apenas refletindo e refletindo!!
Como eu já amo a literatura russa, tudo pra mim foi de grande apreciação, os cenários descritos, a cultura, os modos, e isso tem de monte!! Aqui se destaca o conto talvez mais famoso intitulado A dama do cachorrinho, muito muito bom por sinal!!
Ainda bem que temos um considerável número de coletâneas de contos dele pois indico todos a ler, e quero ler todas as que chegarem até mim!! Vale cada página!

Gabriel Perez Torres 13/04/2024

A Arte Sutil do Conto em "Últimos Contos" de Anton Tchékhov
Em "Últimos Contos", Anton Tchékhov nos apresenta um leque diversificado de histórias que exploram a complexidade humana, a sociedade russa da época e as nuances emocionais de seus personagens. Este livro, composto por contos escritos nos últimos anos de vida do autor, é uma verdadeira mostra de sua habilidade em capturar a essência do cotidiano e transformá-la em arte literária.

Tchékhov, com sua prosa envolvente e economia de detalhes, consegue criar cenários onde cada gesto, cada diálogo revela profundas verdades sobre seus personagens. Através de histórias aparentemente simples, como "A Dama do Cachorrinho", ele explora temas complexos como o adultério, a solidão e a busca por significado em uma vida marcada pelo desencanto.

O que mais me atrai em Tchékhov é sua capacidade de deixar histórias abertas à interpretação do leitor, evitando conclusões moralistas ou fechadas. Esta abordagem não só desafia o leitor a tirar suas próprias conclusões, como também reflete a realidade multifacetada das situações humanas. Por exemplo, em "No Barranco", a narrativa não apenas conta a história de um conflito familiar, mas também nos convida a refletir sobre as dinâmicas de poder e resistência dentro de uma pequena comunidade.

Um aspecto notável nestes contos é como Tchékhov consegue retratar a transformação da Rússia de sua época, capturando o choque entre o velho mundo aristocrático e os novos ventos do progresso e mudança social. Esta transição é sutilmente tecida em suas histórias, mostrando sua profundidade como comentarista social.

É preciso pontuar que a leitura de "Últimos Contos" pode ser desafiadora para aqueles não familiarizados com o estilo indireto e muitas vezes subjetivo de Tchékhov. Suas histórias, ricas em subtextos, exigem uma leitura atenta e uma disposição para explorar entrelinhas. Para aqueles dispostos a mergulhar profundamente, porém, o livro oferece ricas recompensas em insights sobre a condição humana.

Em resumo, "Últimos Contos" de Anton Tchékhov é uma coleção que não só destila a essência de seu talento literário, mas também serve como uma janela para a alma russa no limiar do século XX. É uma leitura essencial para aqueles que apreciam a literatura que esquadrinha as profundezas do espírito humano com sensibilidade, precisão e uma sutileza raramente vista.

Marcelo Minal 06/02/2024

Sociedade da época
Os contos deste livro retratam aspectos da sociedade da época. Há uma sociedade de imagens e hipocrisia, desigualdade social, pobreza e convenções sociais.

É impossível não notar a semelhança com o mundo de hoje. Muito embora estejamos munidos de tecnologia, 125 anos depois, ainda somos os mesmos.

Um detalhe positivo é que com a ajuda das notas de pé de página podemos conhecer bem aspectos sobre a cultura russa. Há também capítulos interessantes ilustrando aspectos da religião ortodoxa.

Todavia, há alguns momentos que mergulhamos muito no pensamento e emoções dos personagens e há longos trechos, até páginas completas, descrevendo situações e emoções, sem nenhum diálogo.Isto deixa a leitura mais entediante para quem não é acostumado com a arte literária.

Um conto em especial é a Dama do Cachorrinho. Uma história de adultério entre um homem mais velho e uma jovem, ambos casados.

Enfim, uma leitura que pode ser tanto prazerosa e por vezes cansativa. Leitores de literatura e especialmente de contos irão gostar.