Assores 08/01/2024
Eletrizante
Allan é um homem que enxerga o que outros não enxergam, com um passado permeado por abandonos e a sensação de não pertencimento. Com suas habilidades de ver e, em algumas vezes, até de se comunicar com espectros, ele precisa resolver o mistério dos suicídios em massa que assola a cidade de Monte Hill, mas enquanto busca por informações que possam lhe ajudar, ele acaba descobrindo que está muito mais conectado com os acontecimentos do que ele imaginava.
Com temas como esquecimento, solidão, pertencimento, amizade e, por fim, amor, Noturnos nos traz uma narrativa poderosa e cativante, repleto de cenas de ação que nos jogam contra um muro de concreto e nos arrastam pelo chão de revelações, e nos deixam com as emoções afloradas; tudo que se espera de um bom thriller.
A conexão com os personagens, principalmente com o protagonista, é inevitável, como é também a preocupação com eles. Há momentos em que tememos tanto por sua segurança, que acabamos nos tornando tão vulneráveis quanto eles em sua busca pela verdade. Um aviso; algumas lágrimas também são inevitáveis.
O vilão, aqui posso dizer esse termo sem me preocupar, é marcante e impõe grande desafio, daqueles que nos fazem perguntar: qual seria a solução agora? O que haveria ainda de tentar contra ele?
A escrita do autor é fluída, sem muitas divagações que poderiam interromper o fluxo, e há grande preocupação com os detalhes. A narração em primeira pessoa, às vezes assumindo a perspectiva de outros personagens, é uma gema, pois, ao invés de nos apresentar um narrador altivo, ela nos joga direto nos pensamentos, bons e ruins, do protagonista.
As cenas de terror aliadas à excelente descrição, são de fato, assustadoras. Não há tarjas aqui, e confesso que em algumas partes da leitura, a imaginação foi minha grande inimiga.
O autor sorve dos clássicos de terror, mas é notável a inspiração nos trabalhos de Stephen King, o que não é demérito, uma vez que o mestre do terror é exatamente isso; um mestre
.
Noturnos é mais que um livro de terror. É uma jornada filosófica sobre as implicações da solidão e do esquecimento. Leitura mais que recomendada; necessária.
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