JP_Felix 13/09/2024
12 princesas, 1 detetive, 0 mistérios
Honestamente, esperava mais. Beeem mais. Eu poderia falar que a introdução já começa com spoiler ao usar o termo "queer", mas, sinceramente, é tão previsível que tanto faz. Não se engane por ter "detetive" no título, se o cara fosse um açougueiro, ia dar na mesma. A motivação dele é coisa bem de fundo e nada impacta na história, ele poderia querer qualquer outra coisa que dava na mesma, assim como a tristeza das princesas por uma delas ter de fazer aquele sacrifício, no fim não tem peso e não muda nada.
Não existe investigação, as anotações do detetive são meramente adornos narrativos para lembrarmos sua profissão. O lugar para onde as princesas vão é representado de uma forma grandiosa, mágica, mas, honestamente, é algo genérico do genérico. Eu simplesmente reviro os olhos e perco todo o ânimo sempre que leio "feérico" em um livro porque esse termo é uma massa amorfa que serve para descrever qualquer criatura mística e mágica sem regras ou características únicas.
Feéricos são seres mágicos poderosos cuja magia faz absolutamente qualquer coisa, e sinceramente isso é preguiça de fazer algo elaborado, porque magia onipotente é a cartada mais sem graça de todas. Por ser uma história curta, algumas coisas ficam apenas jogadas. Em vez de tee um real mistério sobre o paradeiro das princesas, vemos o detetive fazendo a coisa mais óbvia e descobrindo de cara. Quando vemos qual o lance, o que realmente está acontecendo, já sacamos o que vai acontecer. Tudo é previsível demais para um mistério.
Falando nisso, nos comentários eu falei sobre o defeito dos autores de tentarem fazer algo maior do que suas capacidades. Não quero insultar a autora, mas, ao meu ver, o maior potencial do autor é trabalhar nos seus pontos fortes. Qual o ponto forte aqui? Certamente não o mistério, pois é previsível. Não é a construção de mundo, pois tudo é muito breve e apresentado tão avulsamente e sem particularidade. Também não os personagens, pois nenhum realmente tem grande desenvolvimento.
O que resta aqui é apenas a boa escrita, mérito que não se pode tirar da autora, mas até nisso é meio vazio. Um exemplo besta, mas válido, é usar "sua majestade" em vez de "vossa majestade". É um detalhe bobo, eu sei, mas é um erro cometido na primeira vez que o termo é utilizado e não notei acontecendo de novo. Parece apenas pouco importante a imersão através de pequenos detalhes como a forma com que a realiza age e é tratada, mesmo que isso seja o foco do livro.
Não consigo nem dizer que ser uma leitura rápido e fácil é uma qualidade, já que é tão rápido que não há tempo de desenvolver muita coisa, então é tudo superficial.
Estou falando demais, parece que o livro é uma porcaria, mas... É só vazio, um pouco decepcionante. A questão queer, por exemplo, é completamente inútil para a narrativa, se fosse um cara daria na mesma. Parece que só existe aqui para blinda a total falta de desenvolvimento do casal, porque, veja bem, se você criticar, você é... Bom, vocês sabem, né? Destaco aqui que, para ser justo, isso não atrapalha em absolutamente nada, pois, como eu disse, se fosse um cara, ainda seria tão vazio quanto. Literalmente a única interação real que vemos é em um ponto que já não importa mais.
O livro é uma fanfic. Não quero usar isso de forma pejorativa, mas é o que é. Não é uma recontagem ou uma reimaginação, é simplesmente uma fanfic. Tem coisas boas, o Ferdinande, um guardinha, me fez rir com suas únicas 3 linhas de diálogo, o que mostra que havia coisas legais que a autora poderia fazer. Charlotte também é uma boa personagem, mas talvez seja porque é a única princesa realmente importante no meio de 12.
No geral, o salvo é neutro, e acho que isso é ruim porque a história fica naquele meio termo de nem ser ruim, nem ser muito boa, é só esquecível, mais um conto feérico para o mundo da literatura feminina genérica que sobrevive não entendo como.