Nana Bell 30/11/2023
Muitas expectativas
Comecei A Noiva Relutante achando que fosse a continuação de Uma Mudança Inesperada, livro que eu gostei bastante. Não costumo ler sinopses, pois prefiro a surpresa e de fato me surpreendi, pois essa é uma história que não tem ligação com aquela.
RESUMO
A premissa é a seguinte: Phineas deseja se livrar do domínio do pai e, em vez de ser obrigado a sempre fazer o que mais o velho quer, anseia a independência para arrumar Ginddenhall, a propriedade que mais gosta e que pertence apenas a ele. Assim, Phineas consegue fechar acordo com um ambicioso comerciante que, a fim de estreitar relações com o pariato, concede a mão de sua irmã, Kitty, em casamento, garantindo-lhe um excelente dote.
Kitty é informada sobre seu futuro ao chegar de uma viagem e sua primeira reação é se indignar por ter sido praticamente vendida. No entanto, não tendo maiores perspectivas de conseguir um bom marido e sair da casa do irmão, ela acaba aceitando fazer parte do acordo.
O casal se conhece apenas no dia do casamento e Phineas descobre que sua esposa é mais bonita do que ele teria imaginado. Kitty também não deixa de perceber que o esposo tem uma boa aparência, embora não seja necessariamente lindo. A partir de um desentendimento inicial, os dois percebem que desejam fazer com o que a união seja amigável e, quem sabe, possa progredir para algo maior.
OPINIÃO
Eu AMO esse tema! Sou muito caidinha por casais que se apaixonam durante o casamento porque começam a enxergar as qualidades um do outro. Por alto, um livro tranquilo e com esse tema é “Seduzida Por Um Guerreiro Escocês” da Maya Banks. É uma das histórias mais fofas e doces que eu já li. É um livro de “conforto” e pensei que A Noiva Relutante seria ainda melhor por não ter hot, mas não foi assim.
Vamos por partes. Inicialmente eu amei a escrita da autora, como eu já conhecia, então senti que estava em um campo seguro. E disso eu não posso realmente reclamar, pois do início ao fim, ela manteve o padrão. A Jennie consegue fazer você imergir no século em que o livro se passa. O ambiente é muito bem construído e ela costura belamente os detalhes sem pesar a mão. Só que nem mesmo essas qualidades são suficientes se um livro não se sustenta pela sua construção ou interação.
Phineas não foi um mocinho por quem eu consegui suspirar. Existem diversos mocinhos feios (o que não era nem o caso dele) que são capazes de fazer dançar borboletas em nossos estômagos. Eu até achei muito fofo ele dormir com Kitty apenas quando ela estivesse pronta para pedir, mas aquela frase de ele não reivindicar um prêmio que não conquistou… ele não pensou assim na hora de selar o acordo e usufruir do dote dela. Mas não foi isso que me incomodou e sim ele divagar demais. Pensa em um mocinho que divaga, divaga e divaga e quase não tem ação! Isso deixou o livro cansativo e repetitivo.
Já da Kitty, eu gostei muito. Ela é conciliadora, otimista e, apesar de recatada, é a que tem mais atitude. Ela fala para Phineas como se sente assim que eles vão para Giddenhall, mas não fica de frescura. Mostra disposição em fazer dar certo aquela união.
INÍCIO DO SPOILER
Algo que me incomodou muito foi a forma como aconteceram as coisas com o cavalariço. O Phineas era cheio de ideias de que a Kitty o estava traindo e em vez de falar logo para ela ou despedir o homem (que ele só não fez porque também ficava pensando quem ia cuidar dos estábulos), ficou apenas divagando e descontando nela com frias atitudes, fazendo a Kitty se sentir até culpada pelos avanços do empregado. Outra coisa que que me incomodou foi quando ele deixou a Kitty sozinha com a mãe. Por acaso o fulano não sabe a mãe que tem? Pois mereceu que tenha ficado em um quarto separado da esposa!
Sei que a autora queria construir um personagem fechado e com dificuldade em se expressar, mas simplesmente o Phineas era um poste e não tinha quase nada de interessante a não ser uma gentileza aqui e ali.
FIM DO SPOILER
O enredo de A Noiva Relutante não tem segredos, o que não é nada de mais se a história te prende por outros aspectos, mas a autora se apegou a um pequeno conflito familiar e ao plot de ambos chegarem àquele momento, mas nem isso foi suficiente para criar expectativas. Quando eles tinham alguma conversa levemente insinuante ou quando tinham contato físico, as emoções pareciam robóticas.
Eu prefiro livros sem hot e eu nem faço questão de romance se for uma história dinâmica como os livros da Georgette Heyer, que eu amo, mas quase não têm nada entre os personagens. Porém se seu plot vai girar em torno do casal e da lua mel, mesmo que você não queira apelar seja no sentido físico ou em conflitos elaborados, precisa saber dosar e fazer seu casal ser interessante. Infelizmente, aqui achei que a Jennie não soube fazer.
Finalizo minha resenha dizendo que o saldo são de três estrelas porque estou considerando que a escrita da autora é muito boa e no começo eu me distraí. A mocinha é fofa e a obra não tem apelação. Muita gente amou, principalmente os leitores de ficção Cristã que são muito do bem (eu também sou cristã, mas esse não deu), então leiam e vejam o que sentem sobre ele. Sua experiência pode ser melhor que a minha.