adriciarf 02/11/2024
"Dificilmente é minha culpa que eu esteja constantemente cercado de idiotas" - da Escuridão, Pesadelo
Pesadelo é o melhor personagem desse livro. No melhor estilo "não me responsabilizo pela minha própria existência", not wary, clever and good; but twisted, wicked and cunning.
Ter um personagem com motivações distorcidas que não é bom nem ruim deixa as coisas muito mais interessantes. Mas o que mais chama atenção é a personalidade dele. Irônico, esperto, confiante. Faz o que quer e como quer, não importa quem esteja no caminho.
O ponto fraco dele é Espelth, o que deixa ele mais humano. Com ela, ele se importa; determinado a consertar seus erros do passado. Acho que 500 anos de reflexão foi um castigo suficiente.
O título de melhor personagem é seguido bem de perto por Elm. O que dizer de Elm. Ele é apenas o melhor. Foi preciso sair da sombra do Ravyn pra mostrar a que veio, mas claramente se garante. O romance entre Elm e Ione é o verdadeiro brilho da série: intenso, inesperado e cheio de química, eles superam de longe o "casal principal", trazendo uma conexão genuína e interações bem construídas.
O plot twist da carta da donzela foi muito bem pensado. Ione conseguiu passar sem graça para uma força a ser reconhecida. Precisou quebrar a cara antes, mas se tornou muito mais forte por isso.
Desculpa, mas Espelth de fato desapareceu na escuridão e estava melhor lá. As melhores contribuições dela são apenas evocar o lado irônico do Pesadelo.
Ravyn foi uma boa surpresa. Não apostava nada nele, até ler do ponto de vista dele e finalmente entender melhor como ele pensava. Realmente, o problema era ver ele na perspectiva da Espelth, por isso que era chato. Mistério resolvido.
A autora sabe criar uma boa atmosfera de mistério, o que deixa as coisas interessantes. Mas isso só existe em capítulos isolados, e não é aproveitado em todo o livro.
O problema do desenvolvimento persiste nesse livro. A história por trás é incrivel, com uma excelente premissa e personagens interessantes. Mas o desenvolvimento as vezes é lento, outras vezes forçado, e do nada, raras vezes, muito bem escrito.
O ritmo oscila entre momentos brilhantes e trechos onde você se pergunta se o Pesadelo já não poderia ter dado um empurrãozinho para a história andar mais rápido.