abibliotecadamica 09/11/2024
Ótimo.
Foi um dos invernos mais rigorosos na memória coletiva. As tropas franquistas desciam pelo monte Tibidabo, e o pânico se apoderou da população. Centenas de prisioneiros do Exército Nacional foram arrancados de suas celas e executados na última hora. Soldados, muitos deles feridos, empreenderam a marcha em direção à fronteira da França, atrás de milhares e milhares de civis, familias inteiras, avós, mães, crianças, bebês de peito, cada um com o que podia levar consigo, alguns em ônibus ou caminhões, outros de bicicleta, carroça, cavalo ou mula, a grande maioria a pé, arrastando seus pertences em sacos, numa lamentável procissão de desesperados. Atrás ficavam as casas fechadas e os objetos queridos."
Em 1939, milhares de pessoas cruzaram a fronteira com a França fugindo da Guerra Civil. Poucas semanas após o fim da guerra, o governo francês deu a cifra de 440.000 refugiados espanhóis em seu território.
É assim que começa este lindo romance de Isabel Allende, que mistura personagens fictícias com reais, como Neruda e Salvador Allende.
As duas personagens principais do livro, Victor e Roser, são obrigadas a abandonar Barcelona, atravessar os Pirineus rumo à França e, após, embarcam para o Chile a bordo do Winnipeg, navio fretado por Pablo Neruda, que levou dois mil espanhóis a Valparaíso.
As personagens, então, adotam o Chile como seu país durante muitas décadas, até o golpe de Estado que derrubou Allende. Um livro lindo, que faz uma emocionante viagem pela história do século XX, e toca em assuntos sempre atuais como a situação dos refugiados, governos autoritários e conflitos políticos.