bobbie 10/07/2023
Bem escrito.
Este livro é baseado na história de um jovem estadunidense que, em 1983, com 20 anos, ao se compreender gay, sem o apoio de sua família ultrarreligiosa, tira a própria vida saltando de um viaduto e batendo de encontro a um caminhão que passava. Depois de sua morte, sua mãe, uma fundamentalista intransigente, que insistia que o filho seria convertido à heterossexualidade por Deus em razão de sua fé e disciplina, revê seus conceitos, impelida pela dor e culpa, e passa a ser uma das maiores ativistas em prol da aceitação gay nos Estados Unidos à época. A narrativa se alterna entre diferentes pontos de vista, tanto antes como depois do suicídio, mostrando tanto as motivações advindas do extremo sofrimento de Bobby, como os aspectos que transformaram a vida de Mary, sua mãe. É cruel concluir, como a própria Mary conclui, que, se Bobby não tivesse morrido, ela provavelmente teria seguido sua vida sendo a religiosa intolerante que era. O livro é poderoso, cheio de gatilhos, mostra as falhas e preconceitos do pensamento religioso de dentro para fora, dada a condição interna de Mary, como ativa frequentadora de sua comunidade evangélica. É triste perceber que a sociedade exclui e condena jovens desde muito cedo, fechando os olhos para uma condição da vida que, independente de quantas vidas se perca ou se elimine, jamais será erradicada, pela própria força da natureza que tem. É um livro para ser lido por todos, principalmente por famílias de indivíduos LGBTQIAPN+, pela garra com que nos impele a repensar conceitos preconceituosos e excludentes.