Carlos.Junior 10/10/2024
8/10
Uma carta edificante, construtiva e, principalmente, positiva sobre as (sobre)vivências negras no ambiente acadêmico. Bárbara Carine utiliza traumas, medos, ansiedades e inseguranças para realizar uma alquimia desses elementos tóxicos e transformá-los em força, motivação e energia disruptiva negra. Fugindo de um clichê genérico de sofrimento do ?estudante negro que conseguiu alcançar a nota mais alta da sala?, Carine mostra que nem sempre o sofrimento precede a vitória e que nossos sucessos não se devem apenas ao mérito individual, mas sim à comunidade que nos atravessa.
No livro, somos apresentados a dois amigos, uma menina negra de pele não retinta e periférica e um menino negro de pele retinta, mas de classe média alta. Eles trocam cartas sobre os acontecimentos de suas vidas, suas descobertas, vivências e sua construção como pessoas negras, de diferentes classes sociais, em um Brasil patriarcal e racista.
Vale muito a pena a leitura! O livro é como uma rede de conhecimento compartilhado, repleta de acontecimentos que tanto da parte da menina quanto do menino já me ocorreram e também aconteceram com conhecidos negros. A construção do texto apresenta alguns defeitos de continuidade, falta de elaboração de personagens, perda de detalhes em partes importantes da troca entre os colegas, e poderia, sim, ser mais ampliado. No entanto, o foco principal é a linda e positiva mensagem que o texto traz: a educação transforma.
Recomendo para estudantes, professores ou pesquisadores universitários negros que queiram ver um reflexo de suas vivências ou quase uma autoanálise dos anos de (tortura) no ambiente acadêmico. Também recomendo para professoras brancas que desejam ser antirracistas; a autora é muito pedagógica em sua escrita e oferece uma lista vasta do que NÃO fazer com um aluno negro.