Os corpos gritam para ninguém

Os corpos gritam para ninguém Amanda Quaresma




Resenhas - Os corpos gritam para ninguém


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Gabriel Perez Torres 05/04/2024

Vozes Silenciadas: A Necropolítica e Seus Reflexos na Medicina Legal no Brasil
"Os Corpos Gritam para Ninguém: Uma Análise dos Laudos Periciais da Chacina do Cabula", de Amanda Gonçalves Prado Quaresma, é uma obra crucial e reveladora que lança luz sobre a dinâmica da necropolítica e seu impacto na medicina legal brasileira, particularmente em casos de violência policial contra a população negra. O livro explora a chacina do Cabula, um evento trágico onde vidas negras foram brutalmente ceifadas pela polícia, e o subsequente processo de desumanização desses corpos através dos laudos periciais emitidos pelo Instituto Médico Legal (IML).

Quaresma destaca não apenas o racismo institucional enraizado nas práticas do IML, mas também a maneira como esse racismo molda a produção de "verdades" dentro do sistema judiciário, contribuindo para a perpetuação da injustiça contra a comunidade negra. A autora faz um trabalho notável ao desvendar a complexidade do "mediquês" e "juridiquês", termos que muitas vezes alienam e silenciam as vítimas e suas famílias, tornando-os ainda mais vulneráveis ao esquecimento e à marginalização.

O impacto da obra reside em sua capacidade de articular uma crítica profunda à estrutura social e jurídica que sustenta e perpetua a violência contra negros no Brasil. Quaresma emprega uma metodologia rigorosa, combinando análise documental com uma perspectiva humanizadora das vítimas, algo frequentemente ausente nos discursos oficiais.

No entanto, o livro vai além da crítica; é um chamado à ação para reconhecer e confrontar as injustiças sistêmicas e buscar reformas significativas no IML e no sistema de justiça criminal como um todo. Quaresma nos desafia a questionar quem são os verdadeiros beneficiários da "ordem" que essas instituições afirmam manter, e a considerar os custos humanos dessa ordem.

"Os Corpos Gritam para Ninguém" é, portanto, uma contribuição essencial para a literatura sobre racismo, violência estatal, e justiça social no Brasil. É uma leitura obrigatória para aqueles que buscam compreender a profundidade e o impacto da violência policial e da injustiça racial, bem como para aqueles que aspiram a uma sociedade mais justa e equitativa.
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Peleteiro 15/09/2024

Muito orgulho <3
Acompanhar de perto o processo de criação de Os Corpos Gritam para Ninguém, de Amanda Quaresma, foi uma experiência profundamente marcante. Desde os primeiros rascunhos, já era possível sentir a intensidade que Amanda coloca em cada palavra, e agora, ao ver o resultado final, não poderia estar mais orgulhoso. O livro é um grito de denúncia, feito com a coragem e a audácia que sempre foram características marcantes de sua escrita.

Amanda não se furta a enfrentar as estruturas opressivas que permeiam nosso cotidiano, e faz isso de maneira sincera, sem medo de expor as feridas que muitas vezes preferimos ignorar. A irresignação que atravessa cada página é contagiante, quase como se ela nos convidasse a compartilhar desse desejo incontrolável por mudança. Ao mesmo tempo, há um entusiasmo subjacente — um entusiasmo pela possibilidade de transformação, pela quebra dos silêncios e pela reconstrução de narrativas.

Os Corpos Gritam para Ninguém é um livro capaz de incomodar muita gente, meio politicamente bélico, e esse é um de seus maiores méritos. Amanda consegue trazer à tona questões que precisam ser discutidas com urgência, e o faz com uma lucidez que nos tira do conforto, nos desafia a agir. A sua audácia está apenas no que ela denuncia, mas na forma como o faz, com uma honestidade que não pede licença, apenas ocupa espaço.

Fico particularmente impressionado com a forma como ela articula suas críticas, sempre com a mesma paixão que a vi colocar em cada fase desse processo. A sensação final é de que não estamos apenas diante de um livro, mas de um manifesto que ecoa as vozes de muitos que ainda não foram ouvidos. Sem dúvida, Os Corpos Gritam para Ninguém é uma obra necessária, e ver meu amor dar vida a essa denúncia com tamanha força é motivo de muito orgulho.
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