tici 23/02/2024Nunca me senti tão íntima de uma obra.É engraçado e um pouquinho frustrante entender que não somos nada únicos, complexos e incompreensíveis, né? A gente tende a achar que somos a primeira pessoa a entender a magnificência das coisas pequenas e depois de ficar meio ressentido, é até meio confortável pensar que não. Não somos nada especiais e é maravilhoso nos reencontrar em tantos pedacinhos de arte pelo mundo o tempo todo.
Sendo assim, senti que muitas vezes sabia exatamente o que Larinha dizia e nunca antes havia sido exposto em palavras porque havia perdido minhas palavras (e minha poesia) para os poderes (e certezas) da ciência. E talvez por isso o ensaio destecendo o arco-íris foi particularmente difícil: quando comecei a ler também foi o momento em que precisei tomar uma grande decisão entre matar o resto de poesia que lutei muito pra resgatar depois de me formar em letras ou voltar pro caminho da academia em nome de oportunidades melhores no futuro.
É difícil ser adulta e tomar decisões porque entendemos que amor e felicidade nem sempre andam juntas e, por isso, chorei no ensaio que fala sobre essas coisas.
Não posso deixar falar que chorei também pelas vezes que lavei os pratos sem perceber e porque cansei tentar estar presente no meu presente sem medo do meu futuro (quase sempre, sem sucesso). E chorei muito porque eu amava escrever e não quero mais me perder dessa paixão. Mas essa parte eu ainda não sei como resolver.
Enfim, esse livro me emocionou tanto em cada um desses 5 ensaios que eu só posso dizer que sou muito feliz por amar ler.