The Making of DSM-III®

The Making of DSM-III® Hannah Decker




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tiagonbraz 05/05/2024

The Making of DSM-III, de Hannah Decker
“The Bible may tell us so, but the criteria don´t. They are better than we had, but they are still a long way from perfect.”

"The Making of DSM-III", da historiadora Hannah Decker, conta como o DSM-III (Diagnostic and Statistical Manual III) foi feito. Conhecido - erroneamente - como a "Bíblia da Psiquiatria", a terceira versão do manual foi uma revolução na psiquiatria como um todo - nas décadas anteriores, a psiquiatria americana foi dominada pela psicanálise e as ideias de Freud; com a diminuição da confiança por parte do público em geral e de outras áreas de medicina, e o distanciamento cada vez maior da medicina, a necessidade de mudança era premente. Coube então a Robert Spitzer a liderança da Força Tarefa que realizaria este difícil, demorado, e muito discutido projeto.

O DSM-III tinha a tarefa de retomar a confiabilidade da psiquiatria que havia diminuído durante o período em que a psicanálise prevaleceu, pouco preocupada com diagnósticos e descrições, visto que acreditava saber a causa universal dos sintomas psiquiátricos - o "conflito inconsciente". Com poucos resultados terapêuticos possíveis com esta abordagem - visto que a classificação é necessária para a realização de estudos de tratamentos -, havia a necessidade de mudança. Este fator, combinado com a péssima imagem pública da psiquiatria à época, estimulou a Associação Americana de Psiquiatria a reformular completamente o seu manual diagnóstico, que até então tinha influência enorme das ideias psicanalíticas. Spitzer, líder da Força Tarefa, reuniu diversos psiquiatras e psicólogos com ideias antipsicanalíticas, e que buscavam um manual com maior rigor científico.

À época (anos 70), a psiquiatria americana ainda era extensivamente dominada por psiquiatras psicanalistas, o que significou grande resistência às ideias de Spitzer e da Força Tarefa. Diversas transigências foram realizadas a este grupo, tais quais a manutenção das "neuroses" e os transtornos da orientação sexual, apesar de Spitzer nunca ter deixado os conceitos-base do manual serem alterados. Assim, podemos dizer que o manual idealizado por Spitzer não foi feito, mas o que foi possível a partir do cabo de guerra entre a Força Tarefa e os psicanalistas.

O livro de Decker demonstra que o DSM III foi semeado muito antes de a Força Tarefa ser constituída. Seu desenvolvimento foi extremamente árduo, e é possível creditar grande parte de seu sucesso a Robert Spitzer, o líder incansável da Força Tarefa. É evidente que o resultado final não foi perfeito - mas, sem dúvidas, houve um avanço significativo do que tínhamos antes. Permitiu o estudo adequado dos transtornos e dos tratamentos psiquiátricos, e melhorou a confiabilidade dos diagnósticos e a comunicação dos profissionais. Em contraponto, estimulou a psiquiatria "checklist", rápida, em consultas cada vez mais curtas, e o risco de patologização da normalidade aumentou. Os efeitos negativos do DSM têm, provavelmente, associação com alguns fatores: a necessidade de o manual ser aprovado por diversos comitês e associações profissionais; e a tentativa de atender, com um único manual, muitas necessidades: clínicos, pesquisadores, sistema judiciário e seguradoras de saúde.

O livro é fundamental para psiquiatras e profissionais da área da saúde mental, além de quem tem interesse pela questão do diagnóstico em psiquiatria ou que a critica. Fica claro, para o leitor, a imensa dificuldade em criar o manual, os aspectos inevitavelmente políticos de sua criação (em vez de científicos, infelizmente), e o porquê da derrocada da psicanálise ao longo do tempo. A partir do DSM-III, a psiquiatria entrou em uma nova era: biológica e baseada em evidências. Infelizmente, apesar de muitos avanços, o sucesso não foi total e a abordagem trouxe consigo alguns problemas. Neste cenário, a autora clama pela necessidade, em vez da continuidade do aspecto cíclico da psiquiatria, de uma abordagem que una tanto aspectos materiais quanto não materiais das doenças psiquiátricas. A extrema complexidade da mente humana demanda isso.
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