O diabo das províncias

O diabo das províncias Juan Cárdenas




Resenhas - O diabo das províncias


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Aline 21/10/2024

O apagamento da história
Trata-se de um livro curto sobre um tema bastante denso.
Os personagens não têm nome. Todos são identificados por uma característica: o biólogo, a mãe, o irmão, a ex-namorada, o amigo de infância, a grávida etc.
O texto aborda a questão da violência política, econômica e ambiental na Colômbia.
O protagonista retorna à sua terra natal, e lá precisa lidar com a sua história, o que não é nada fácil.
A meu ver, a seguinte frase resume bem a situação, e, de certa forma, toda a narrativa:

?(?) o normal nesta terra é que a gente não saiba nem por onde começar a contar as histórias, porque não existe história, é tudo invenção, sabe??
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Vilela 13/10/2024

?O Diabo das Províncias? de Juan Cárdenas
O romance é uma espécie de mistura entre ficção científica, realismo mágico e crítica social. Cárdenas coloca o protagonista num retorno ao interior, a uma província da qual ele não consegue escapar, criando um sentimento de sufocamento e desconexão. Esse cenário meio estranho e distópico é essencial para criar uma crítica ao sistema, à burocracia, à corrupção e ao isolamento das periferias e províncias.

A escrita de Cárdenas também é bastante densa e, ao mesmo tempo, fragmentada. Ele usa elementos quase surreais e simbólicos para explorar temas como o deslocamento social e a impossibilidade de fuga dos sistemas pré-determinados.

O livro combina elementos de ficção científica, realismo mágico e crítica social, e seu protagonista retorna à província de onde havia fugido. Esse retorno é um dos pontos mais centrais da história, com o personagem enfrentando um ambiente sufocante e alienante. O clima da obra é carregado de mistério e surrealismo, refletindo a opressão do sistema e do ambiente provincial que parece imutável.

Cárdenas faz uma crítica ao isolamento das pequenas cidades e às estruturas sociais inescapáveis. A ideia de que, mesmo após tentar fugir, o protagonista retorna ao mesmo lugar e parece preso a ele pode ser uma metáfora para as forças invisíveis de controle que regem a vida de quem vive à margem. O autor brinca com uma sensação de deslocamento social, onde o passado sempre se impõe, e o futuro parece distorcido.

A narrativa fragmentada e cheia de simbolismos também deixa muito espaço para interpretações. As descrições minuciosas e o ritmo da escrita parecem aumentar a sensação de estranhamento e de um mundo que está, aos poucos, se desintegrando, mas sem que o personagem tenha o poder de alterar isso.
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