avicka 16/10/2024
Vitor Martins nunca decepciona.
Tinha uma boa impressão sobre o livro antes de começa-lo por ter amado todas as obras anteriores do autor, mas confesso que estava mais neutra do que qualquer outra coisa, simplesmente não esperando nada, mas ele acabou entregando tudo.
Nunca pensei que acharia uma história que gira em torno de uma viagem de ônibus tão emocionante; a história de amor de Júnior e Otávio, um primeiro amor adolescente em uma cidade pequena com mentalidade menor ainda, é muito linda e triste ao mesmo tempo, e a forma pela qual o momento atual e os flashbacks foram construídos e organizados foi muito boa e cada vez mais gostosa de ser acompanhada, te entretendo de uma maneira muito aconchegante. Apesar de este livro ser confortável e engraçado assim como os outros do Vitor, pude perceber que foi uma pegada um pouco diferente dos anteriores, sendo mais adulto do que juvenil, e fiquei muito satisfeita com o fato de os adultos DE FATO terem problemas e levaram uma vida adulta, porque já perdi a conta de quantos livros li onde personagens adultos possuem problemas adolescentes e agem como adolescentes, mas aqui os adultos se portam como adultos e, junto à isso, os personagens são muito bem construídos, com sentimentos extremamente reais e complexos, embora alguns deles (os secundários) admito que tenham ficado por desejar no quesito aprofundamento, assim como suas relações com o Júnior, como por exemplo sua amizade com a antiga melhor amiga ou com sua mãe, queria principalmente ter visto mais sobre o Otávio também, pois virou meu favorito deste livro e muito pouco foi falado sobre sua vida atual e seus sentimentos genuínos em relação a ela.
O maior incômodo para mim, entretanto, e motivo de não ter recebido 5 estrelas, foi o protagonista. Eu odiei intensamente esse menino. "Rei" da Coitadolândia é muito fraco para defini-lo, está mais para Deus da Coitadolândia; além de só sentir pena de si mesmo, ele só diz que vai tentar se esforçar para fazer algo útil com a sua vida mas não faz nada, o estado que sua vida se encontra em quase plenos 30 anos é triste e desesperador e ele não faz nada para tentar mudar isso além de se autodepreciar e admitir o quanto sua vida está péssima, e nem comentando o quão infantil, impulsivo, injusto e arrogante (no sentido em que só ele é coitado e só ele tem problemas na vida) ele é. Tenho certeza de que teria gostado bem mais do livro se o protagonista fosse diferente.
Em conclusão, foi um (muito) bom livro, bem levinho, divertido e sentimental (tirando a raiva particular que passei com o Júnior), que transmite de uma maneira linda e incrível o verdadeiro significado de família, a força do nosso primeiro amor, a valorização que devemos ter por lutar por aquilo que sonhamos e o foco que devemos manter em não desenterrar problemas passados e enxergar mais o aqui e o agora.