spoiler visualizarQuel 11/11/2024
Humano, demasiado humano
Eu amodeio a Won Pyung Sonh e o jeito que ela escreve. Acho que na verdade odeio mais o fato de eu me ver tanto nos personagens. Primeiro que eles costumam ser neurodivergentes, segundo que ela mostra uma realidade humana muito humana mesmo. Esse livro me fez odiar o Andreas e dps voltar a gostar dele e depois odiar de novo. Eu juro que pensei que ia ter um final feliz igual amêndoas mas pqp esse livro me quebrou...
O Andreas Kim Seonggon é um homem de 50 anos que teve uma vida medíocre e foi um escravo do capitalismo. Ele viveu metade da vida tentando criar uma empresa e ter sucesso e basicamente a vida deles foi essa. Teve alguns amores, abandonou a filha e a esposa e tentou tirar a própria vida duas vezes mas acabou não dando certo. Não consegui não pensar em como é um privilégio masculino isso de simplesmente focar na propria vida e esquecer da existência dos filhos que vc mesmo fez, já que claro, a mãe vai ter que fazer das tripas coração pra dar o sustento e carinho que ele deveria estar dando, mas enfim. Ele consegue um amigo, define uma única meta pra ver se dá um jeito na própria vida e vai conhecendo pessoas e tentando ajeitar a vida aos poucos. Ele começa ajustando a coluna e vai indo, indo e aparentemente mudando até que ele finalmente consegue reconquistar a família e ter um empreendimento de sucesso, a partir de uma ideia que ele teve pra ajudar as pessoas a se motivarem pra ajustar as próprias vidas também. Mas opa, ele continuou sendo um escravo do capitalismo, e não é assim que o capitalismo funciona. Ele teve a ideia roubada por um CEO que no fim, fez tudo pra ser o mais rentável possível e tacou o fds pra ajudar as pessoas de vdd, pq é exatamente assim que o capitalismo funciona, tudo tem que virar lucro.
É aí que meu ódio pelo Seonggon começa, pq o título do livro faz sentido aí, na verdade tudo o que ele teve não passou de um impulso. Depois de ter essa frustração de mais um negócio dele ter dado errado e ao ver que a ideia dele pra ajudar as pessoas virou uma mercadoria, ele começa a agir como um babaca idiota, trata mal a esposa e a filha e perde o sentido da vida completamente e volta ao fracasso que a vida dele tava sendo. Só que tipo assim, mona tu tá entendendo coisas básicas da vida aos 50 anos??? Já tá chegando na velhice e ainda não entendeu que nem tudo na vida é sucesso absoluto e que não se pode tratar as pessoas mal só pq vc tá frustrado??? PARA DE CRIANCICE, UM HOMEM VELHO DESSE INFANTIL DESSE JEITO, VÊ SE CRESCE, SEINGGON, VÊ SE CRESCE!
Aí entra aquela questão de homens geralmente se desenvolverem cognitivamente mais tarde pq desde cedo têm a oportunidade de serem imaturos até quando quiserem, mas enfim... Ele volta a estaca zero e no epílogo a autora tenta florear isso e deixar uma coisa mais light lembrando a gente de que essa é a vida e que a gente não tem controle sobre muitas coisas e que é legal sempre tentar se reerguer e melhorar. Vou levar isso como o aprendizado desse livro pq de resto passei muita raiva, mas não é um livro ruim e eu gosto muito da escrita da Sonh.