Os Invasores

Os Invasores Dinah Silveira de Queiroz




Resenhas - Os Invasores


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Carol 16/11/2024

Impressões da Carol
Livro: Os Invasores {1965}
Autora: Dinah Silveira de Queiroz {Brasil, 1911-1982}
Editora: Instante
208p.

Entre as muitas histórias insólitas que somente a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro pode nos oferecer, a invasão do corsário Jean-François Duclerc é, sem dúvidas, uma das mais representativas do espírito picaresco da cidade maravilhosa.

Pois, sob as ordens de Luís XIV, Duclerc desembarcou na Guanabara comandando mil e poucos homens, no ano de 1710. O plano - bem europeu, frise-se - era promover uma pilhagem monumental. Ele não contava, porém, com a resistência da população carioca, liderada por estudantes, pretos forros, crianças, mercadores, gente de todos os tipos. Saldo do furdunço: mais de 300 mortos e dezenas de presos, entre eles Duclerc, que morreria de forma misteriosa no cativeiro, meses depois. Assim registra a história oficial.

Apenas uma romancista do quilate de Dinah Silveira de Queiroz conseguiria competir com o roteirista do Rio. Ela topou o desafio e, em festejo aos 400 anos da cidade, publicou "Os Invasores". Se ao historiador cabe investigar as coisas acontecidas, à escritora de ficção histórica cabe registrar o que poderia ter acontecido, segundo a verossimilhança. Dinah, com "Os Invasores", cria uma verdade não menos verdadeira que a verdade histórica.

Estão lá, é claro, o francês Duclerc, o governador Castro Morais, "O Vaca", detestado pelos cariocas (aparte para a fina ironia de sermos governados por outro Castro, da mesma espécie bovina), seu irmão Dom Gregório, o capitão Bento do Amaral, todos, figuras históricas. Mas à autora, interessa narrar as vidas anônimas, as ações cotidianas. A vida das mulheres que, solidárias, submissas ou em oposição aos homens, se igualam a eles no acontecer histórico. São elas que conduzem o romance: Daniela, Luisita, Dona Inês, Capitã Silva, Beleguina, irmã Maria Tereza. São elas que fazem a História.

O livro é um desfrute. O Rio das doze mil almas renasce através da escrita bem humorada de Dinah. Como ela mesma declarou, em entrevista, uma escrita que "valoriza a bufoneria tanto quanto o drama do amor e da morte." Puro suco do Rio de Janeiro. Tem como não amar?
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