kleyson 14/06/2020
Tenebrosa Rotina
"Pois é, por enquanto ela está aqui, ainda está tudo bem: venho olhá-la a cada instante; mas amanhã será levada, e como é que irei me arranjar sozinho?"
Um agiota de 41 anos, por suas próprias palavras egoísta, desagradável, que além do mal não faz nada, num casamento com uma menina de 16 anos, pobre e uma criatura dócil, também nas palavras dele. Ele está narrando esta história a partir de seus pensamentos enquanto ela está morta encima da mesa após cometer suicídio.
Recomendo demais a leitura, é tratado muito acerca de desigualdades, do silêncio no sofrimento, na indiferença, diferença e no amor. Incrível como Fiódor apresenta a dualidade do ser humano, meu pensamento foi sendo confrontado e mudado em todo o decorrer do livro, a obra tem muitos conflitos a apresentar. É uma novela que pode ser lida facilmente numa sentada, em poucas horas, sendo ainda uma ótima iniciação para quem quer ler Dostoiévski!
"A rotina! Oh, a natureza! Os homens estão sozinhos na terra, essa é a desgraça! "Há alguma alma viva sobre a terra?", grita o bogatir russo. Eu, que não sou bogatir, grito o mesmo, e ninguém dá sinal de vida. Dizem que o Sol dá vida ao universo. O Sol está nascendo, olhem para ele, por acaso não é um cadáver? Tudo está morto, e há cadáveres por toda parte. Os homens estão sozinhos, rodeados pelo silêncio - isso é a terra! "Homens, amai-vos uns aos outros" -
quem disse isso? De quem é esse mandamento?"