Leitor Subversivo 09/05/2024
Difícil descrever a experiência aqui, fazia um bom tempo que não lia Cortázar uns bons anos de verdade, então pegar esse foi quase como ser um iniciante em Cortázar e ter que me acostumar novamente com o estilo do autor, é com o jogo da amarelinha que este livro tem uma vaga ligação (é não tanto uma continuação do capítulo 62 como está na propaganda do livro, mas é um livro anunciando por um dos personagens no jogo da amarelinha, é como se ele tivesse dois autores), aqui são vários triângulos e quadriláteros amorosos (e numa dinâmica que pode ter até mais e a gente não consiga contar pq vai ser tornando muito sutil a coisa) o livro conta a história de um grupo de amigos quase todos argentinos na Europa entre Paris e Inglaterra e transitando, se desencontrando alguns (no caso do triângulo quadrilátero amoroso principal de Juan, Tell, Helene, Célia e contando), de artistas, intelectuais em resumo uma classe média de buenos Aires provavelmente em exílio, a história não tem foco fixo em uma personagem (nem a uma voz de narrador fixo, as vezes parece que um personagem ou outro se tornou o narrador de repente, sem contar do recurso ao paredro que funciona como uma outra persona de cada personagem e que é evocado por quase todos os personagens) os únicos personagens que não parecem forma pares amoros e talvez funcionem como alívio cômico são Polaco e Calac que são responsáveis pelos neologismos e palavras iventadas como petiforro, que servem como quase insultos adjetivantes, a ainda uma história de mistério que se confunde com a narrativa principal, a história possuí uma estrutura que vou definir como empilhada, amontada e em novelo, Cortázar foi tipo as danaides, três em um, foi como se três pessoas estivessem escrevendo um único livro descrevendo múltiplos destinos, aprendi bastante sobre arte moderna algumas curiosidades históricas, jazz e crítica literária que aparecem durante o livro todo, enfim é um livro que é até mesmo caótico e que não indico de forma alguma como porta de entrada para ler Júlio Cortázar, pois é difícil, o texto é truncado e em algumas partes ele troca de idioma de repente indo para o francês, inglês alemão e não possui uma narrativa linear, ele tentou realizar aqui as experimentações de uma anti novela, sugiro começar pelos contos e pelos romances anteriores como Os prêmios e o Bestiario para começar a se acostumar com o estilo do autor, em resumo eu gostei muito é um livro que me desafiou e foi divertido realmente é um jogo.