João 03/09/2017
UM ARTISTA DA FOME, FRANZ KAFKA
ao terminar a leitura de "a metamorfose", livro este que fez com que eu escrevesse a primeira resenha no blog, o tradutor fez questão de separar as últimas páginas para incluir um dos últimos contos escritos por kafka, o famoso "um artista da fome", e olha, mais uma vez terminei com o coração apertado, e com vontade de trocar uma ideia com esse autor, e agradecer o tradutor por deixar um espacinho para essa coisa linda. acrescento também que estou bem feliz com o fato de passar a ler essas histórias sem muita dificuldade, que eu tinha por exemplo, há alguns anos atrás. mas enfim, deixa eu te contar o porquê esse conto é tão bom.
história: o conto nos traz a história de um jejuador. isso mesmo. um homem que ganha a vida sendo jejuador, uma vez que o livro se passa em uma época onde as pessoas enalteciam tal emprego. ficava dias e dias sem comer uma porção de alimento, e as pessoas, interessadas, compravam ingressos para ver o homem em uma jaula, cercado de observadores cuja função era certificar que o jejuador não comesse ao longo do período em que estivesse preso, mas tanto o homem quanto os observadores, sabiam que a vigia era inútil, pois o jejuador levava muito a sério seu emprego. tão a sério que seu empresário teve que estipular um limite para as suas apresentações: no máximo quarenta dias. mas o jejuador, ao ficar ciente deste prazo, ficou incrédulo. ele vivia daquilo, e para ele, se pudesse, ficaria muito mais tempo ali, sem se alimentar.
entretanto, os tempos mudaram. a atividade do jejuador caiu em inutilidade para a população, que não achava mais algo que se encaixasse em um entretenimento, e sim, em repulsa. afinal, onde já se viu, um homem que se priva de comer, ser entretenimento? mas o jejuador não abriria a mão tão fácil daquilo que era sua maior paixão.
após mandar embora seu empresário, passa a se apresentar em um circo, mas percebe que ali, ele não é atração, e sim os animais do circo. as pessoas passam por ele, mas não lhe dão atenção. não fazem questão, até que um dia, cai em esquecimento, e de tão fraco que se encontra, se perde entre as palhas da jaula em que se encontra, onde após um dos funcionários dali o encontrar, o jejuador diz: "Jejuo, porque não pude encontrar comida que me agradasse. Se a tivesse encontrado, podes acreditá-lo, não teria feito nenhuma promessa e me teria fartado como tu e todos". gente, para, como assim.
depois da leitura do conto, dei uma pesquisada breve, confesso, sobre a vida de kafka, e descobri que 1) esse foi um dos últimos contos que escreveu antes de falecer, e 2) ele era extremamente apaixonado pela literatura. mas a questão é que passou por um bocado de situações difíceis durante a vida, principalmente com seu pai (o que o levou a escrever uma carta para ele, que hoje foi publicada, e óbvio que está na minha lista de leitura), e essas situações o afastaram da sua paixão. sabe-se que kafka em determinado momento, deixou registrado que se pudesse, viveria da escrita e da literatura, e fica evidente esse retrato no conto de "um artista de fome", onde temos o jejuador, que apesar dos pesares, faz de tudo para mostrar as pessoas sua vocação, que ali, não era mais tão bem vista, e como tão fácil foi ultrapassada e esquecida pelas pessoas. claro que hoje em dia, não vamos sair em jejum por quarenta dias para mostrar a vocação que temos de não comer, mas a comparação feita por kafka fica tão evidente, e saber que ele viveu uma vida sem seu reconhecimento, e ao final escreveu esse conto, é de no mínimo fazer a gente dar uma refletida.
talvez eu esteja falando um tanto de baboseira, como disse, fiz uma pesquisa BREVE sobre kafka, mas pretendo dar uma lida em outras obras, até mesmo em "cartas ao pai", mas deixo aqui meus comentários sobre esse conto que me pegou de jeito.
sem mais para o momento.
todo amor.
site: https://jvrborelli.blogspot.com.br/2017/09/um-artista-da-fome-franz-kafka.html