O Retrato

O Retrato Erico Verissimo




Resenhas - O Tempo e o Vento: O Retrato - Vol. 1


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Flávia Menezes 23/04/2024

NEM DORIAN GRAY É TÃO SEDUTOR QUANTO UM TERRA-CAMBARÁ.
?O Retrato ? vol. 1? é a segunda parte da trilogia de ?O Tempo e o Vento? escrita com uma prosa fascinante que se refina a cada volume. Nesta nova parte da obra, Érico Veríssimo nos transporta de volta ao micromundo da cidade de Santa Fé, onde vai desenhando um panorama sobre a mentalidade da elite gaúcha do começo do século XX.

A cada página, vamos sentindo uma mudança na prosa do autor, que a partir deste vai se modernizando no uso do ponto de vista narrativo na terceira pessoa limitada dentro de introduções oniscientes, modificando sua narrativa do épico para o psicológico.

Mas não é só o tom da narrativa que sofre uma mudança, mas todo o seu enredo. Nesta continuação acompanhamos a vida do já conhecido Rodrigo Terra Cambará, o bisneto do heróico capitão Rodrigo, que retorna a Santa Fé em 20 de novembro de 1909, formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

Para ele, apesar de todo o amor pela cidade que abriga a história dos seus antepassados tanto quanto do pai que ele tanto ama e admira, Santa Fé é uma cidade muito atrasada no tempo, e que vive a aflição da espera pela passagem do cometa Halley.

Aos poucos vamos vendo o quanto o Dr. Rodrigo Cambará vai revelando sua semelhança com o bisavô do gosto pela novidade, e aquele já conhecido espírito aventureiro de quem não quer fincar suas raízes, mas de ser livre para experienciar coisas novas o tempo todo, incluindo aquela vaidade imatura de quem acredita que os prazeres da vida está em não ter uma mulher apenas, mas o de conquistar e ser por todas amado e adorado.

Aliás, ser adorado é algo que descreve bem este livro, e assim como ocorre em ?O Retrato de Dorian Gray?, de Oscar Wilde, adoração é exatamente o que busca o Dr. Rodrigo Cambará. De fato, fazer esse paralelo com a obra do escritor inglês não poderia ser mais perfeito, já que ambos os protagonistas apresentam uma personalidade complexa que mescla a hipocrisia com o heroico, a sensualidade com a tradição, resultando nesta luta interna de uma identidade em conflito que ora exibe momentos de autoconfiança absoluta, alternado com momentos de uma rejeição profunda de si mesmo.

Toda essa mudança que sentimos em ?O Retrato? renova nossa motivação e fascínio na leitura, e esse novo tom que vai sendo dado, vai nos fazendo sentir novas emoções em relação a essa família que já acreditávamos conhecer tão bem.

Uma sensação que tive durante a leitura é que a modernidade nos traz um novo Rodrigo Cambará, que não só pode exibir um diploma universitário, como se mostra amante de tudo o que é mais refinado e requintado.

Aqui, o ir para a guerra não é mais na base da espada ou da bala. Nem na luta do corpo a corpo. Agora a guerra é através das palavras, e é aí que me pergunto: será que toda essa civilidade torna tudo mais fácil? Após terminar essa leitura, penso eu que não.

Um golpe de espada, ou o ser atingido por uma bala pode trazer um grande sofrimento físico e fazer alguém sangrar em cortes que perpassam a epiderme, chegando até a carne. E a dor que provocam é algo descomunal. Mas aqui, vemos que as palavras podem até não fazer jorrar o sangue que correm nas nossas veias, ou provocar dores alucinantes capaz de fazer qualquer um (mesmo um Terra-Cambará) perder os sentidos, mas quando atingem a honra, quando denigrem a moral e a reputação de uma família, é o ego que sangra. E aí, a dor provocada é de uma ferida que jamais cicatriza. Mesmo que morra aquela que as proferiu.

Uma das figuras mais marcantes deste volume é a de Maria Valéria Terra, a Dinda, que irá assumir de forma sublime o lugar da matriarca da família com o mesmo pulso firme daquela que a antecedeu (Bibiana). O que mais me encanta na Maria Valéria é que por trás da sua postura firme da mulher durona, vemos uma mulher amorosa que assume para si os filhos da irmã como se fossem seus, e por eles (especialmente pelo Dr. Rodrigo Cambará) é adorada. Aliás, os momentos vividos por estes dois, sem sombra de dúvida, são os mais divertidos!

?O Retrato ? volume 1? é uma continuação fantástica daquela que é (para mim) uma das melhores e mais perfeitas trilogias de romances da literatura brasileira. Não há como não dizer que estou a cada livro ainda mais apaixonada pela prosa do Érico, e ainda mais fascinada por cada novo Terra-Cambará que vou conhecendo ao longo dos volumes.
Marcio.Caten 23/04/2024minha estante
Esse novo Rodrigo é o protagonista de muitas transições, influenciado pelas diversas leituras, esmerando-se para agradar, e com a algibeira da guaiaca aberta (no sentido figurado, pois o moderno doutor não era de pilchas).


Flávia Menezes 23/04/2024minha estante
Disse tudo, Márcio!!! Dr. Rodrigo veio e veio com tudo trazendo um novo horizonte pra história. E sua ligação coma a madrinha e a forma como agem um com o outro, deixa tudo ainda mais divertido. ?
Obs.: precisei pesquisar esse vocabulário gaúcho que você colocou aqui. ? E concordo! Dr. Rodrigo não era de pilchas! ??


Marcio.Caten 23/04/2024minha estante
Preferia a fatiota a andar pilchado.


Vênus_Alice 23/04/2024minha estante
Que resenha maravilhosa! Erico Verissimo ficou orgulhoso ?


Craotchky 23/04/2024minha estante
Se não é a maior saga épica da literatura brasileira, não sei qual seja


Regis2020 23/04/2024minha estante
Impossível ler esse texto e não sentir uma imensa vontade de conhecer os personagens que você descreve com tanta empolgação, Flávia. Parabéns pela ótima resenha, amiga! ????


Flávia Menezes 23/04/2024minha estante
Márcio, vou terminar essa saga uma gaúcha!! Pelo menos no dialeto? ?


Flávia Menezes 23/04/2024minha estante
Alice, minha querida! Muito obrigada!! Espero que sim, viu? Eu estou muito fã do mestre Veríssimo! ?


Flávia Menezes 23/04/2024minha estante
Filipe, eu concordo com você!!! ????


Flávia Menezes 23/04/2024minha estante
Aaaaaah minha querida amiga Regis!!! Que gostoso ler isso! Ganhei o dia (que foi longo e terminou só às 22h! ?).??
Agora, esse livro eu indicarei pra sempre com uma advertência: cuidado! Altamente viciante!!! ?????


Jacy.Antunes 23/04/2024minha estante
Solo de Clarineta, o livro de memórias fala da criação dos personagens. O Rodrigo Cambara é o pai do Érico, que era farmacêutico. Ótima resenha, parabéns


Flávia Menezes 23/04/2024minha estante
Jacy, muito obrigada por essa dica preciosa! Vou ler esse livro depois! Quero mesmo ver como foram criados e suas inspirações ?
E obrigada pelas palavras! ???


Pri.Kerche 25/04/2024minha estante
Limda resenha, Flávia! Ainda estou lendo, mas a sensação que entro é essa mesma: o Dr Rodrigo é uma versão moderinzada do Capitão Rodrigo.


Flávia Menezes 25/04/2024minha estante
Ai, Pri! Que bom ler isso! Obrigada pelas palavras, minha querida. Pois é? esse danadinho saiu bem mesmo o Capitão Rodrigo! ?


Pri.Kerche 25/04/2024minha estante
Verdade, Flávia. O Dr Rodrigo é o Capitão Rodrigo c uma pequena camada de verniz (que derrete assim q o sangue ferve na veia kkk)


Fabio.Nunes 25/04/2024minha estante
Ah como é bom! Qto tempo sem uma resenha dessas!


Flávia Menezes 25/04/2024minha estante
Pri, melhor definição não há!!! ? Mas eu confesso que não tem como não rir com ele, porque o Dr Rodrigo e a madrinha? eles são demais!!!


Flávia Menezes 25/04/2024minha estante
Aaaaah Fábio!!!! Não fala assim!!!! ??


Gabriela_Sut 01/05/2024minha estante
Ainda não tive a oportunidade de ler os livros, mas apenas com a adaptação consegui me sentir encantada pela história dessa família!


Gabriela_Sut 01/05/2024minha estante
Ainda não tive a oportunidade de ler os livros, mas apenas com a adaptação consegui me sentir encantada pela história dessa família!


Flávia Menezes 01/05/2024minha estante
Gabi, depois de ler eu vou ver as adaptações! Mas que realmente essa família Terra-Cambará encanta? encanta e muito! ?


Ana Sá 04/05/2024minha estante
É muito bom saber que quando eu (finalmente) ler esta saga, suas resenhas já estarão me esperando pra reflexão! ?

obs.: cheguei atrasada na resenha, mas cheguei! capitalismo, miga! rs


Flávia Menezes 04/05/2024minha estante
Ana, amiga?super entendo isso do ?capitalismo?. Tentei ler um pouquinho de Érico hoje durante o dia, mas só foi ?work, work, work, work e work?! ?
Feliz demais de te ter por aqui, amiga!! E de saber que vai ser aquela troca boa: você lê a minha resenha dele, e depois, eu leio a sua! ??




Pri.Kerche 14/07/2024

Um longo passeio...
Achei um pouco cansativo. É o 3° volume da Saga o Tempo e o Vento e o autor optou fazer um tour pela cidade, e pela vida do Dr Rodrigo Terra Cambará, utilizando como guia turístico o fofoqueiro Cuca.
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Além de fuxiqueiro, Cuca nunca toma partido nenhum, é liso como um bagre e tem o cacoete de cheirar a ponta dos dedos. Pra mim é o personagem mais asqueroso da Saga e cada vez que ele aparecia eu já ficava com raiva! E como ele apareceu mto no começo, talvez isso tenha me feito pegar uma certa birra desse volume. Erico, onde quer que você esteja, não achei uma ideia feliz a escolha do Cuca para nosso cicerone! Mas essa é só a minha opinião, tem mta gente que adora o início desse livro.
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Em 1945, com a queda de Getúlio Vargas, Rodrigo, que há 15 anos morava no Rio de Janeiro e era íntimo do governo, tem um infarto e volta para Santa Fé, trazendo a reboque a mulher e os filhos já adultos.
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Ao saber do retorno do senhor do sobrado, o asqueroso Cuca sai caminhando pela cidade à caça de mexericos. Cada pessoa que encontra, ele instiga a falar de Rodrigo, cavocando para encontrar os podres da vida deste e fica desapontado se o interlocutor fala coisas boas.
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No tour guiado pelo Cuca passamos por vários pontos da cidade que já serviram de cenário para a trama do Continente I e II. Vemos que a cidade cresceu, o comércio se desenvolveu, mas os bolsões de pobreza continuam lá. E descobrimos fatos positivos e negativos da vida de Rodrigo que são spoilers calculados para atiçar a curiosidade do leitor.
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No Capítulo seguinte a linha do tempo volta em 1910, quando Rodrigo está retornando à Santa Fé depois de se formar médico. Ele é recebido pela família, amigos e todo povo da cidade com banda de música e no dia seguinte, na companhia do irmão, também faz um tour pela cidade, mostrando em 1910 o que o Cuca havia mostrado em 1945. É um link legal, porém, sua andança é mais longa que a de Cuca e a impressão que ficou foi que o livro todo foi um enorme passeio, mostrando isso e aquilo. De ação mesmo teve mto pouco. Por isso a nota foi 4.
Michela Wakami 14/07/2024minha estante
Ainda teve o passeio pela cidade, feito pelo Eduardo, amiga.
Foi passeio que não acabava mais.?????
Socorro!
Amei a sua resenha!??
Que venham os próximos.

Obs: O Cuca realmente da nos nervos.
Além do Rodrigo. ??


Pri.Kerche 15/07/2024minha estante
Verdade! Teve o passeio do Eduardo tb!!


Pri.Kerche 15/07/2024minha estante
Obrigada?


Michela Wakami 15/07/2024minha estante
Por nada.???




Michela Wakami 02/05/2024

Razoável
Embora eu tenha gostado do início e me divertido bastante, depois achei que ficou repetitivo, sem contar que o foco maior ficou em cima do Rodrigo Terra Cambará e não se expandiu muito além disso.
Na minha opinião não sei quem é pior, Rodrigo Cambará ou o Rodrigo Terra Cambará.
São dois personagens que não me agradam nenhum pouco.
Vanessa.Castilhos 02/05/2024minha estante
Capaz, tchê!! Kkkk Amiga, como é maravilhoso ler com vc!! ??


Michela Wakami 02/05/2024minha estante
Kkkkk. Obrigada, amiga! Também acho maravilhoso ler com você.????


priscyla.bellini2023 03/06/2024minha estante
Pois é. Jsksks Detestáveis.




priscyla.bellini2023 03/06/2024

Erico Verissimo te faz odiar homens.
Não acho que seja spoiler, mas leia por sua conta e risco.

Sou muito fã de O Continente e já estava enrolando demais para continuar a saga O Tempo e o Vento e finalmente li a Primeira Parte de O Retrato. Como sempre Erico Verissimo traz um pano de fundo histórico, dessa vez ambientado na briga entre Ruy Barbosa e Marechal Hermes da Fonseca, civil vs militar. A escrita sendo um primor e a ambientação também me fazem continuar amando o autor, mas é preciso dizer que os personagens perderam muito do carisma de O Continente, os personagens do primeiro são bem mais cativantes e você briga para decidir seu preferido (apesar de Ana Terra wins). Aqui o autor decidiu pegar o ranço (odeio essa palavra, mas vou ter que usar) que eu sentia pelo Capitão Rodrigo Cambará e ampliar no Dr. Rodrigo Cambará. 99% dos personagens masculinos do autor são homens que declamam amar suas mulheres e serem pais de família, enquanto traem elas com o mundo todo e as querem encontrar felizes e sorridentes quando chegam em casa. Eu simplesmente odeio esses personagens, provavelmente porque eles são literalmente um RETRATO do homem médio brasileiro e do tipo de casamento que eu cresci vendo na minha família, situação essa que me faz ser esse poço de insegurança que sou hoje em relação a casamento. Se a missão do Erico era essa, ele conseguiu com sucesso, de quebra te faz desacreditar em todo o sexo masculino. Eu simplesmente perdi a paciência de ter que ficar lendo sobre as peripécias sexuais traidoras dos Cambarás, que ganharam tanta forma nesse volume que o resto se perdeu um pouco. Levando em conta a mentalidade revolucionária do autor, me parece ainda mais entendível a maneira que ele escolhe apresentar as coisas. No mais, eu não acho que todo homem não presta, mas acho que continua sendo difícil achar os invictos.
Max 03/06/2024minha estante
Espero começar a saga este ano, Priscyla!?


priscyla.bellini2023 03/06/2024minha estante
Imagino que você vá gostar muito.




Peter... 04/02/2024

Paixão extrema
O segundo volume da trilogia O tempo e o vento fica quase que totalmente focada na vida de Rodrigo Cambará. Seu gênio forte, impetuoso, uma personalidade de extremos seja para o bem visando o auxílio indiscriminado,seja para o mal, beirando o abuso e a violência. Ao lado dele, temos o seu maginifico retrado pintado por Don Pepe, anarquista, que faz uma obra inigualável, mas a realidade se torna mais perversa do que a arte. Livro forte, mostrando como era a vida no Rio Grande do Sul no início do século XX, com seus feudos, corrupção,abuso de poder e machismo. Tenho uma ressalva: esta edição tem muitos trechos de diálogos e músicas em francês e espanhol, e não são traduzidas. Quem não tem intimidade com esses idiomas fica sem a percepção integral do texto, tendo se quiser que recorrer a um dicionário. No final, há um resumo da obra, juntamente com os principais eventos históricos no país e na vida do autor.
Pri.Kerche 11/04/2024minha estante
Vou começar dia 15 em Leitura Coletiva


Peter... 11/04/2024minha estante
Muito bom livro. Boa leitura!




FernandaEvla 23/04/2020

Éricoooooo, eu te amo!!!! Como alguém consegue fazer uma sequência melhor que CONTINENTE? Fala sério! Gostei ainda mais do RETRATO. A gama de personagens é riquíssima. Não dá pra deixar de amar Rodrigo Cambará.
Marcone.Jose 23/04/2020minha estante
Essa saga é uma das coisas mais incríveis que li na vida ?


FernandaEvla 24/04/2020minha estante
Incrível demais!!!!




Craotchky 25/08/2019

Bastidores da obra ou Erico por ele mesmo
(Este texto segue os moldes daquele texto que fiz para O Continente, portanto, também contém as palavras do próprio Erico Verissimo, extraídas de seu livro de memórias intitulado Solo de Clarineta. Há aqui, então, uma parceria entre Erico e eu. Os trechos do próprio Erico além de estarem entre aspas também aparecem em itálico para aqueles(as) que estiverem lendo pelo site e na página de resenhas.)

"Comecei a escrever O Retrato em janeiro de 1950, na praia de Torres, num apartamento com vista para o mar."

Assim Erico começa a parte 26 do capítulo V de seu livro de memórias Solo de Clarineta. Continua:

"Em março voltei para Porto Alegre com algumas centenas de páginas já prontas."

De volta à capital, Erico continuou o trabalho em casa. Na sala de jantar colocou a máquina de escrever em cima da mesa, ladeada por pilha de volumes contendo números do jornal Correio do Povo correspondentes aos anos de 1910 a 1915. Quando escrevera O Continente, Erico tivera que lidar com a falta de documentos e de maiores conhecimentos dos primeiros anos de vida do Rio Grande do Sul. Ao escrever O Retrato não houve este empecilho pois o autor dispunha de recursos acerca da época:

"Para escrever essa sequência de O Continente eu contava naturalmente com documentos abundantes e fáceis de obter."

Erico já havia decidido seu protagonista:

"Tinha decidido dedicar todo o livro a um 'retrato de corpo inteiro' do Dr. Rodrigo Terra Cambará, bisneto e homônimo do bravo capitão. O novo Rodrigo [...] devia representar um largo passo dos Cambarás rumo de sua urbanização e também o princípio da intelectualização de sua família"

Nas suas memórias Erico diz também que não vai muito com a cara de Licurgo Terra Cambará, ao mesmo tempo em que admite sua simpatia para com o Dr. Rodrigo:

"Não esconderei que me sentia perfeitamente à vontade na companhia do Dr. Rodrigo, porque, como ele participasse um pouco da minha aversão à vida campestre [...] eu me livraria da obrigação de estar constantemente no Angico, a estância da família."

O personagem Rodrigo Terra Cambará constituiu-se como, nas palavras do próprio Erico:

"uma espécie de sósia psicológico de Sebastião Verissimo [pai de Erico]". Assim "era natural que eu pensasse também na possibilidade de entrar no livro como personagem, caso em que teria de meter-me na pele de Floriano[...]"

Entretanto salienta:

"Queria, porém, que Rodrigo Cambará fosse parecido mas não idêntico a Sebastião Verissimo. Teriam ambos em comum a sensualidade, o amor à vida, a bravura, a generosidade, a vaidade à flor da pele, a autoindulgência e a mágica capacidade de fazer dos homens amigos fiéis até o sacrifício e das mulheres amantes apaixonadas. Diferente de meu pai, a personagem central de O Retrato seria fisicamente um belo espécime masculino e teria o que o velho Sebastião nunca pareceu ter tido: ambição política[...]"

Em outro momento Erico conta que Toríbio Terra Cambará foi inspirado em seu tio Nestor Verissimo:

"Tomei desse meu prodigioso tio o físico, a coragem cega, o gosto pela ação guerreira, um que outro episódio de sua aventurosa vida, e o seu insaciável apetite sexual."

Aderbal Quadros, segundo Erico, carrega muitos traços físicos e psicológicos de seu avô paterno. Em algum momento do processo de escrita, Erico percebeu que Flora estava correndo o risco de transformar-se num retrato da sua própria mãe. Erico admite que seu temor de transformar Flora em D. Bega (mãe de Erico) terminou fazendo-o tratar esta personagem sem verdadeira intimidade.

"[...] talvez isso explique a razão por que Flora é das figuras mais apagadas tanto de O Retrato como de O Arquipélago."

Segundo o texto da orelha desta minha edição de O Retrato, em uma entrevista, ao ser perguntado se este segundo tomo da trilogia é superior ou inferior ao primeiro, Erico respondeu:

"A única coisa honesta que lhe posso dizer é que jamais escrevi um livro com tanto prazer como este segundo volume de O Tempo e o Vento."

Mesmo assim, em suas memórias, Erico também diz que

"A despeito do prazer com que o escrevi, achei-o literalmente inferior a O Continente. Para principiar, falta-lhe o elemento épico."

Bem, acho que já me alonguei demais. Meu objetivo aqui foi trazer algumas curiosidades pouco conhecidas e que julguei interessantes para quem já leu a obra. Apenas lamento que, para quem não leu, este texto possa parecer insípido. Até.
Ro 01/02/2021minha estante
Adorei os trechos, obrigada por trazê-los até aqui. Eu tbm achei O Retrato inferior (em muito) ao Continente. Me senti melhor ao ler que o próprio Érico também o achou. Interessante que eu sempre gostei mto do Licurgo, enqto o próprio Dr Rodrigo me enfadava.


Craotchky 12/02/2021minha estante
Olá, Ro. Obrigado. Procurei fazer dessa resenha algo diferente e trazer para os(as) leitores(as) dessa saga que tanto gosto os bastidores da criação pelo próprio Erico. O livro de memórias dele, Solo de clarineta, é uma boa pedida também.




Li 20/03/2011

DESAFIO LITERÁRIO 2011 - MARÇO - ROMACES ÉPICOS *LIVROS 3 E 4*
Sinopse: O Retrato Vol. 1 é a segunda parte da trilogia "O tempo e o vento", que percorre a história do Brasil e do Rio Grande do Sul acompanhado a trajetória da famíla Terra Cambará. Aqui Rodrigo Cambará, neto do heróico capitão Robrigo, torna-se líder populista, amante das causas populares - e da própria imagem. Seu projeto é modernizar tudo - da casa onde vive a cidade inteira - e proteger os pobres.
O Retrato vol. 2 conclui a segunda parte de O tempo e o vento.
Em 1915, Rodrigo Terra Cambará constrói uma imagem de político popular generoso, enfrentando as contradições de seus afetos privados e reafirmando sua inteireza ética e sua coragem. Em 1945, com a queda de Vargas e bastante enfermo, volta para sua pequena Santa Fé. No fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, a família Terra Cambará não se reconhece no país que ajudou a construir.
A trilogia - formada por O Continente, O Retrato e O Arquipélago - percorre um século e mEio da história do Rio Grande do Sul e do Brasil acompanhado a saga da família Terra Cambará.

Primeira etapa concluída, vamos aos "segundos livros"! Farei a resenha dos dois volumes juntos como fiz com os dois primeiros.
Neles é narrada a história de Rodrigo Terra Cambará, bisneto de Cap. Rodrigo, que no fim-começo do Continente era só um garoto e agora é um médico pai de família que volta para Santa Fé, após a queda de Getúlio Vargas, depois de passar anos no Rio de Janeiro. Como no primeiro volume, Érico divide a história em presente, com os filhos de Dr. Rodrigo, e passado, contando as peripécias do próprio Rodrigo logo depois de se formar e voltar para Santa Fé, em 1910. O autor tem a peculiaridade de começar as narrativas meio que sem amarras com o final da anterior, mas os próprios personagens vão esclarecendo a maioria das dúvidas, seja através de flashbacks ou dos mexericos dos habitantes da cidade, muito sagaz!

Neste livro o forte é a visão de Rodrigo, vindo de uma longa temporada numa cidade grande, voltar a viver na muito provinciana Santa Fé: os costumes e tradições conflitando com a evolução científica, tecnológica e os novos hábitos adquiridos pela educação burguesa, contra a observação da vidinha interiorana de submissão aos coronéis da cidade e dos papeis bem definidos de cada habitante pela tradição familiar, fortuna ou título. Estes volumes são bem divertidos de ler. Érico faz as coisas terem um ar de tanta... realidade! E estes são tão gostosos de ler quanto os dois primeiros volumes, apesar de Dr. Rodrigo ser um dos personagens mais antipáticos que já vi...

Aqui as questões metafísicas continuam e as sobre política são ainda mais marcantes, algumas vezes longas e cansativas, outras com toques de humor mordaz e inteligente. As aulas de história também continuam, mas, como sempre, servindo de pano de fundo para a verdadeira narração (mesmo que as vezes Érico se aprofunde um pouco nos sentimentos provocados por certos acontecimentos, como a 2ª guerra mundial). É interessante como Érico consegue discorrer sobre as mais variadas ramificações políticas sem se ater a nenhuma delas, e ainda fazer os personagens que defendem cada uma serem amigos, ou quase isso pelo menos.
Acho que os personagem que mais gosto aqui são Maria Valéria, a cunhada de Licurgo Cambará e Pepe Garcia, pintor espanhol morador da cidade (que diga-se de passagem, o discurso anarquista vinha sempre com ecos da voz de Antonio Bandeiras dublando o Gato de Botas, de Shrek, na minha cabeça!): ela direta, seca, sensata; ele anarquista ferrenho e autor do Retrato, um quadro feito de Rodrigo aos 24 anos, que dá título aos livros... dei muita risada com eles, não que sejam engraçados.


Acho que o trecho que mais exemplifica esses dois livros d´O Retrato é um diálogo entre Dr. Rodrigo Cambará e Maria Valéria, sua tia e madrinha:
- Não sei por que essa gente só pensa em política.
- Eu sei. É porque a política lhes dá as coisas que eles mais ambicionam: posições de mando, força, prestígio. E não há quem não goste disso.
- Você não é obrigado a se meter...
- Mas acontece que também gosto!

Novamente, leitura recomendada! Espero que os três d´O Arquipélago sejam tão bons quanto os quatro primeiros volumes!


*http://desafioliterariobyrg.blogspot.com/*
Viquinha 28/03/2011minha estante
Que bom que aprovou essa obra. Com a sensibilidade e a técnica de EV não tem erro.
Beijocas




Lohan.Valerio 27/05/2024

Sob uma nova perspectiva
Logo de inicio é perceptível a diferença do Retrato para o Continente. O Érico abre mão de uma narrativa macro até então, para desenvolver o micro (acredito que até justifica o titulo do segundo livro), focando principalmente na história do Rodrigo. Acredito que em pontos, algumas coisas se tornaram repetitivas, mas nada deixou de ser interessante. O Rodrigo se mostrou o personagem mais sensível até agora, as suas divagações melancólicas e nostálgicas foram os pontos altos para mim. Senti falta do desenvolvimento de outros pessoas do núcleo familiar, mas o que se aprende com O Tempo e O Vento é que a história é sobre a Familia Terra-Cambará, dando enfoque para determinados personagens durante determinada linha do tempo para se compreender a história a ser contada, se apegar a algum personagem é em vão. No mais, segue sendo incrível.
Vanessa.Castilhos 28/05/2024minha estante
????




Luis 25/10/2015

Rio Grande, Rio Imenso.
Érico Veríssimo é subestimado. Nunca entendi muito bem o motivo. Qualquer estudante secundário, dos muitos que hoje estão envolvidos no ENEM, tem no mínimo uma noção das obras de José de Alencar, Machado e Jorge Amado, autores praticamente obrigatórios no currículo das escolas, mas, o que dizer do velho escriba gaúcho ? Sem favor nenhum, tão importante quanto os demais citados, porém bem menos incensado.
O primeiro tomo de “O Retrato” (Companhia das Letras,2004) inaugura a segunda parte da maior saga da literatura brasileira : A trilogia “O Tempo e o Vento”, composta ainda por “O Continente “ (primeira parte, em dois volumes) e “O Arquipélago” (capítulo final, publicado em três livros).
A história aqui é retomada a partir de trajetória do personagem Rodrigo Terra Cambará, filho de Licurgo e bisneto do famoso Capitão Rodrigo, um dos protagonistas de “O Continente”, que, inclusive, propiciou a publicação de um volume em separado com o longo trecho extraído da obra original, “Um Certo Capitão Rodrigo”. De um modo geral, sempre que se remete à obra, as atenções recaem quase que exclusivamente sobre a parte inicial, sendo que mesmos as adaptações cinematográficas ou televisivas privilegiam esse aspecto, outro fator que pode ter levado ao efeito colateral de ter eclipsado as narrativas posteriores da trilogia. Uma pena.
A ação, que na primeira parte é centrada nas lutas gaúchas do século XIX, agora avança até 1910 (após uma breve introdução até 1945, descortinando um flash sobre o futuro da trama, melhor explorado nos volumes seguintes) flagrando a divisão política da pequena Santa Fé, fragmentada entre os partidários da candidatura Hermes da Fonseca e os civilistas, que apoiavam Rui Barbosa. Rodrigo, médico recém formado na capital, volta para sua cidade natal a fim de se estabelecer como figura de proa na sociedade local. Para isso, além de montar farmácia e consultório, funda um jornal para fazer oposição aos poderosos da cidade, ferrenhos hermistas. Rodrigo simboliza a transição entre a espontaneidade ruralista, com os instintos do homem amalgamado à natureza, e a racionalidade urbana, supostamente civilizada, expressa pelo estofo cultural adquirido pelo personagem em sua longa estada fora de casa. As contradições e convergências entre essas duas vertentes, o tempo todo pontuam as atitudes do jovem médico e são, sem sombra de dúvida, o grande trunfo do romance.
Esse é o mote para que Veríssimo siga na construção da gigantesca catedral bibliográfica que levou cerca de quinze anos para erguer.
Talvez, o amplo painel da história Rio Grandense assuste aos leitores menos dispostos, afeitos à onda light da arte (?) mais facilmente digerível. Pode não ser o único, mas provavelmente é um dos principais motivos para o relativo esquecimento a que Érico Veríssimo é relegado.
No próximo dia 28 de novembro, completam-se 40 anos da morte do escritor. Uma efemeridade que, embora não venha sendo lembrada pela imprensa ou pela academia, poderia ser o marco zero para uma justa revalorização de uma obra fundamental tanto literária quanto historicamente, resistente ao tempo e aos ventos da modernidade.
Tânia 21/07/2018minha estante
Concordo muito com você sobre essa falta de valorização das obras de Érico. Pra mim, junto com Guimarães Rosa, são os maiores e melhores escritores brasileiros.




Erika 16/07/2013

Ótimo
Comecei a leitura da segunda parte da trilogia O Tempo e o Vento com uma tristeza no coração. Me envolvi demais com a Ana Terra, Capitão Rodrigo, Bibiana, personagens que tiveram suas histórias já desenroladas na primeira parte, O Continente. Mas nesse livro me aparece Rodrigo Terra Cambará, bisneto do Capitão Rodrigo. E tudo muda de figura. Além das descrições históricas dos acontecimentos político-econômicos do Rio Grande do Sul, mais uma geração da família Terra Cambará é retratada na saga. O “herói” Rodrigo, assim como seus antecedentes, é encantador. Bonito, inteligente, educadíssimo, financeiramente bem sucedido. Quer mudar o mundo, ajuda os pobres e os amigos, é amoroso com a família. Mas, como qualquer ser humano, também tem seus defeitos. Extremamente vaidoso, adora ser admirado por todos, têm pavio curto (legítimo Cambará!), teve inúmeras amantes, apesar de aparentemente amar sua esposa (tô falando, sangue Cambará! Aliás, ser adultério era perfeitamente normal na época...). Ao redor dele, muitos personagens, todos com suas histórias interessantíssimas. O livro tem o poder de manter o leitor preso, assim como os anteriores, além de ser uma breve aula de história.
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Beto 18/10/2013

A saga continua....
Rodrigo, filho do Ligurgo, bisneto do Capitão Rodrigo Cambará, protagonista do livro e oposto ao bisavô, não na bravura, mas nas atitudes, o mundo mudou, as atitudes mudaram, a cultura começou a povoar o nosso cotidiano, claro que foi uma evolução para melhor, pois povo culto tem mais discernimento nas atitudes, embora ainda estamos engatinhando, pois precisaremos de mais mil anos para evoluir.
"Rodrigo sempre tivera orgulho desse antepassado quixotesco. E, por aqueles campos que ele agora via da janela do trem em movimento, na certa passara um dia o Capitão Rodrigo Cambará, montado no seu flete, de espada à cinta, violão a tiracolo, chapéu de aba quebrada sobre a fronte altiva. De certo modo ele simbolizava a hombridade do Rio Grande, uma tradição - achava Rodrigo - que as gerações novas deviam manter, embora dentro dum outro ambiente. "
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Rafaela.Zatt 15/10/2024

O retrato parte 2 irá narrar os acontecimentos na vida do Doutor Rodrigo Cambará após o seu casamento com Flora, contando sobre a sua vida política, sua profissão e sua família. A história revela a evolução em Santa Fé, com a chegada de rede elétrica, e principalmente sobre os conflitos políticos da época, como a 1° guerra mundial.
O jeito que Érico Veríssimo retrata o personagem é muito interessante, pois Rodrigo que é um homem que defende a imagem de provedor do lar, homem de respeito, não consegue sustentar a imagem que ele mesmo criou, no caso sendo descrita como o retrato feito dele mesmo anos atrás. Deixando de certo modo a entender a sua decadência com o passar do tempo.
Gostei da escrita, a história é realmente boa, todavia debatia muito sobre a política brasileira da época, a qual não preciso nem explicar que não entendia bulhufas.
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Geraldo 03/04/2015

Rio Grande do Brasil
Segunda parte, desta trilogia que retrata brilhantemente o cotidiano dos gaúchos no começo do seculo 20.
No primeiro capitulo, Erico coloca vários personagens, se interligando nas cenas, todos comentando sobre a família Terra Cambará que vive em um sobrado, fazendo fofoca, comentando da saúde de alguns integrantes da casa. Até que sabem que Rodrigo Terra Cambará, neto da incrivel personagem Bibiana Terra Cambará, está nas ultimas, pois sofreu um infarto. No capitulo seguinte é mostrado, a vida desse Rodrigo, todas as suas aventuras com seu irmão Bio. O leitor nesse momento sabe o real sentido do título do livro: O Retrato.
Nasci numa cidade chamada Pilar do Sul, essa cidade foi uma colonia, parada pra comer dos tropeiros, que iam vender suas mercadorias em Sorocaba. Me identifico plenamente com essa obra, cada historia, personagem que entra, verifico que existem ou já existiram nessa minha cidade.
Vale muito a pena se deliciar com esses personagens tão peculiares.

CAPA: 10,0
PERSONAGENS: 10,0
DIAGRAMAÇÃO: 10,0
NARRATIVA: 10,0
CENÁRIOS: 10,0
DIÁLOGOS: 10,0
ENREDO: 9,0

NOTA FINAL: 9,8
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Newton Nitro 29/04/2015

Obra prima!
De volta ao micromundo da cidade de Santa Fé, Érico Veríssimo desenha um panorama da mentalidade da elite gaúcha no começo do século XX. Uma continuação fantástica da melhor e mais perfeita trilogia de romances da literatura brasileira, de cabeça não consigo pensar em nenhum conjunto de obra semelhante. Érico Veríssimo refina cada vez mais a sua prosa, que a partir desse livro se moderniza com o uso de ponto de vista narrativo de terceira pessoa limitada dentro de introduções oniscientes. A mistura de história e ficção continua maravilhosa, a contextualização histórica um primor.

O Dr. Rodrigo Cambará, o protagonista de O Retrato (que logicamente taça um paralelo à obra de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray) é uma daquelas criações ímpares da literatura, um personagem complexo, hipócrita ao mesmo tempo que heróico, sensualista ao mesmo tempo que busca conciliar a tradição com a modernidade, uma identidade em conflito porém com momentos de auto-confiança absoluta alternando com momentos de rejeição profunda de si mesmo.

A unidade de espaço, tempo, história e ficção é de um primor tremendo, dá para sentir na pele as questões políticas da época, o coronelismo (ou caudilhismo do sul), as eleições fraudilentas, a campanha civilista. Outro tems explorado a fundo nesse primeiro volume é o crescente aparecimento de rachaduras e transformações na cultura machista do sul com o advento dos avanços culturais, políticos e tecnológicos, transformações que acontecem por meios muitas vezes violentos.

A trama é genial, como é o normal na obra de Veríssimo, rápida, com drama suficiente para prender a leitura página por página. Estou completamente apaixonado pelo Érico Veríssimo, completamente assombrado com a precisão e elegância de sua prosa. Mais que recomendado, 5 estrelas, uma nota que suspeito darei para todos os livros dessa obra prima da nossa literatura.
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