Li 20/03/2011DESAFIO LITERÁRIO 2011 - MARÇO - ROMACES ÉPICOS *LIVROS 3 E 4*Sinopse: O Retrato Vol. 1 é a segunda parte da trilogia "O tempo e o vento", que percorre a história do Brasil e do Rio Grande do Sul acompanhado a trajetória da famíla Terra Cambará. Aqui Rodrigo Cambará, neto do heróico capitão Robrigo, torna-se líder populista, amante das causas populares - e da própria imagem. Seu projeto é modernizar tudo - da casa onde vive a cidade inteira - e proteger os pobres.
O Retrato vol. 2 conclui a segunda parte de O tempo e o vento.
Em 1915, Rodrigo Terra Cambará constrói uma imagem de político popular generoso, enfrentando as contradições de seus afetos privados e reafirmando sua inteireza ética e sua coragem. Em 1945, com a queda de Vargas e bastante enfermo, volta para sua pequena Santa Fé. No fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, a família Terra Cambará não se reconhece no país que ajudou a construir.
A trilogia - formada por O Continente, O Retrato e O Arquipélago - percorre um século e mEio da história do Rio Grande do Sul e do Brasil acompanhado a saga da família Terra Cambará.
Primeira etapa concluída, vamos aos "segundos livros"! Farei a resenha dos dois volumes juntos como fiz com os dois primeiros.
Neles é narrada a história de Rodrigo Terra Cambará, bisneto de Cap. Rodrigo, que no fim-começo do Continente era só um garoto e agora é um médico pai de família que volta para Santa Fé, após a queda de Getúlio Vargas, depois de passar anos no Rio de Janeiro. Como no primeiro volume, Érico divide a história em presente, com os filhos de Dr. Rodrigo, e passado, contando as peripécias do próprio Rodrigo logo depois de se formar e voltar para Santa Fé, em 1910. O autor tem a peculiaridade de começar as narrativas meio que sem amarras com o final da anterior, mas os próprios personagens vão esclarecendo a maioria das dúvidas, seja através de flashbacks ou dos mexericos dos habitantes da cidade, muito sagaz!
Neste livro o forte é a visão de Rodrigo, vindo de uma longa temporada numa cidade grande, voltar a viver na muito provinciana Santa Fé: os costumes e tradições conflitando com a evolução científica, tecnológica e os novos hábitos adquiridos pela educação burguesa, contra a observação da vidinha interiorana de submissão aos coronéis da cidade e dos papeis bem definidos de cada habitante pela tradição familiar, fortuna ou título. Estes volumes são bem divertidos de ler. Érico faz as coisas terem um ar de tanta... realidade! E estes são tão gostosos de ler quanto os dois primeiros volumes, apesar de Dr. Rodrigo ser um dos personagens mais antipáticos que já vi...
Aqui as questões metafísicas continuam e as sobre política são ainda mais marcantes, algumas vezes longas e cansativas, outras com toques de humor mordaz e inteligente. As aulas de história também continuam, mas, como sempre, servindo de pano de fundo para a verdadeira narração (mesmo que as vezes Érico se aprofunde um pouco nos sentimentos provocados por certos acontecimentos, como a 2ª guerra mundial). É interessante como Érico consegue discorrer sobre as mais variadas ramificações políticas sem se ater a nenhuma delas, e ainda fazer os personagens que defendem cada uma serem amigos, ou quase isso pelo menos.
Acho que os personagem que mais gosto aqui são Maria Valéria, a cunhada de Licurgo Cambará e Pepe Garcia, pintor espanhol morador da cidade (que diga-se de passagem, o discurso anarquista vinha sempre com ecos da voz de Antonio Bandeiras dublando o Gato de Botas, de Shrek, na minha cabeça!): ela direta, seca, sensata; ele anarquista ferrenho e autor do Retrato, um quadro feito de Rodrigo aos 24 anos, que dá título aos livros... dei muita risada com eles, não que sejam engraçados.
Acho que o trecho que mais exemplifica esses dois livros d´O Retrato é um diálogo entre Dr. Rodrigo Cambará e Maria Valéria, sua tia e madrinha:
- Não sei por que essa gente só pensa em política.
- Eu sei. É porque a política lhes dá as coisas que eles mais ambicionam: posições de mando, força, prestígio. E não há quem não goste disso.
- Você não é obrigado a se meter...
- Mas acontece que também gosto!
Novamente, leitura recomendada! Espero que os três d´O Arquipélago sejam tão bons quanto os quatro primeiros volumes!
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