de Paula 09/08/2022
Ah, Charles Dickens!
Que obra primorosa desse autor que acabei de conhecer, mas já se tornou um dos mais estimados para mim! É um calhamaço? Sim, com certeza. O que importa é que vale a pena cada palavra nele escrita.
Mergulhar nas memórias de David Copperfield, um inocente e singelo garoto que vive desde a idade mais tenra as angústias da vida, vendo o seu crescimento no passar das páginas até a sua verdadeira felicidade, é algo delicioso de se fazer, principalmente acompanhado de personagens tão maravilhosos e humanos, tão bem construídos. Deixo minha menção honrosa a Peggotty, Mr. Barkis, Ham, Mr. Peggotty, Marta, Mr. Dick, Mr. e Mrs. Strong, Miss Mowcher e Mr. Mell, que personagens!
Agora vou falar dos meus queridinhos e o motivo deles serem tão importantes. Primeiramente falar de Betsey Trotwood, que mulher incrível! É tão importante ter alguém como ela na história da literatura, considerando sua publicação em 1850. A tia era uma mulher muito a frente do seu tempo, sendo empoderada, independente, forte, batalhadora, que não esmorecia diante das dificuldades e, sobretudo, humana. Cheia de arrependimentos e erros, mas com um coração tão puro e com a capacidade de enxergar o que as pessoas mais sãs e sábias não podem. E de sua inteira responsabilidade a formação do seu querido sobrinho-filho Trot, assim como a salvação do Mr. Dick. Que mulher!
Ainda falando de mulheres incríveis, que não faltam nessa narrativa, tenho que falar da querida Inês/Agnes. Dona de uma força e abnegação tão grandes, não surpreende sua felicidade encontrada depois de tantas tristezas e desenganos, que suportou com tanta resignação, só mostram o quanto o autor sabia valorizar as virtudes femininas tão importantes na construção do David Copperfield.
A família Micawber é um charme a parte. Suas lutas diante dos desenganos da vida industrial inglesa noa mostram que caráter não se compra, em absoluto, e que sempre é tempo de reconstruir e recomeçar. Não é fácil ser proletariado e ainda ter condições financeiras para manter os seus, mesmo diante de todas as dificuldades, a união e o amor que une essa família é algo admirável e exemplar.
Não vou falar dos "vilões" dessa história, porque não quero dar vazão a estes em minha resenha, embora os considere em sua essência completamente humanos. Sei bem o que é ter um Uriah Heep na vida, por isso não penso que sua narrativa seja o cerne da história, embora na vida nos separemos com figuras tão vis e perversas. Outra parte que não vou comentar são os personagens que pelas suas atitudes ou escolhas tornavam, por vezes, difícil a tarefa da leitura, por questões pessoais e pífias.
Por ser um romance de construção, quero dizer que apreciei cada momento de David Copperfield, com muito gosto e, por vezes, raiva, confesso, pela integridade e pureza do querido Davy. É uma grande obra da literatura inglesa e mundial, apreciada por mentes brilhantes de várias eras.
É uma literatura simples, que nos mostra o cotidiano de uma era tão conhecida pela humanidade, a revolução industrial, mas, por ter personagens tão humanos, tornar a obra acessível. A das melhores leituras da minha vida, sem dúvida.