Newton Nitro 29/04/2015
E continua a saga dos terra-cambará!
No segundo volume se completa a trajetória do Dr. Rodrigo Cambará, em uma das melhores explorações de personagens que já li. Veríssimo expõe completamente a alma do Dr. Rodrigo, com todas suas contradições, oferecendo questionamentos e evitando explicações, como em toda grande literatura.
Técnica narrativa impecável, e com direito a arroubos de fluxo de consciência à moda Joyciana (amei essa parte), personagens muito bem construídos e imprevisíveis, e um retrato explícito do patriarcalismo tradicional imerso na nossa história, é de chocar ver os processos mentais de Rodrigo a partir do contexto atual das relações entre homens e mulheres, e o que mais horroriza é ver que muitos dos preconceitos da época em relação à mulher continuam fortes e vivos nos dias de hoje.
Essa segunda parte mergulha mais a fundo nas discussões filosóficas que parecem ser um dos pontos centrais de "O Retrato, como se fosse um "retrato" das correntes de pensamento do início do século XX. Facismo, anarquismo, comunismo, liberalismo, mentalidade pequeno-burguês, caudilhismo, são abordados e muitas vezes "encarnados" em diversos personagens".
E mais uma vez, o cuidado com a linguagem, a lapidação frase a frase, tudo isso faz de "O Retrato" um clássico da literatura. É uma pena que a maioria dos leitores de Tempo e o Vento parem no primeiro volume, O Continente. O Retrato é um livro muito diferente do Continente, mas é fantástico, merece ser lido e redescoberto. E para quem curte escrever, O Retrato é uma aula impressionante de como mergulhar e narrar as nuances da alma de um personagem contraditório e "vivo".
E agora vamos para Arquipélago, o último volume de O Tempo e o Vento e o último livro de ficção de Érico Veríssimo.
ANOTAÇÕES FEITAS DURANTE A LEITURA (CUIDADO, PODE CONTER SPOILERS!)
relação entre licurgo e rodrigo, relação católica entre o homem e o deus patriarca
machismo e orgulho, Rodrigo trata as mulheres como objetos para saciar seus desejos
personagens com vida interior intensa, pensamentos, emoções, dúvidas, vem e vão, como o vento dentro da alma, emoções complexas, justificações, racionalizações, egoísmo, e os momento dw confiança absoluta intercalados por dúvidas profundas.
Rodrigo é o Chantecler, da peça francesa, e Dorian Gray de Oscar Wilde.
Rodrigo se revolta quando descobre que o universo não gira em torno dele.
Rodrigo, o macho da elite no auge dos seus poderes em um contexto machista.
como é bom estar vivo - frase que se repete, o lema dos Rodrigos de Érico Veríssimo.
discussões sobre a morte, livro mais filosófico, grandw trabalho de carpintaria
Rubinho, a encarnação do nascente pensamento fascista
rodrigo cambará do romance o retrato é a reencarnação o capitão rodrigo do romance o continente o homem que ama a vida sem limites sensualismo sedutor energético mas em um contexto diferente ou seja o que aconteceria se o capitão rodrigo tivesse nascido dentro do contexto de rodrigo cambará a força do sangue a força da ancestralidade talvez uma metáfora para o espírito do rio grande do sul
o nascimento so facismo nas conversas dos amigos de rodrigo
morte de fandango, morte do sul tradicional
momentos pontuais de onisciencia, por meio de recortes
Pepe, o pintor anarquista : mais um estrangeiro em Santa Fé que não gosta do lugar mas que não sabe porque fica, como Carl Winters no vol. 1 de Tempo e o Vento
Mudança no estilo: narrador em terceira pessoa próxima subjetiva, refletindo as mudanças no estilo contemporâneo de narrativa. A narrativa é focada em Rodrigo apenas, quase sem mudança de ponto de vista narrativo.
rodrigo justifica sua infidelidade constantemente, de cima de sua posição poderosa de homem de elite
conflitos entre vida familiar amante é a mulher esposa problemas sexuais
técnica narrativa transição temporal em uma frase usando o ponto de vista profundo
tema: o ego masculino sempre leva a tragédia pessoal
técnica narrativa, ao fazer exposição, use uma metáfora para unificar a exposição inteira, fica elegante e de fácil entendimento para o leitor
metáfora do leite para descrever a hieraquia social da cidade de santa fé
rodrigo e o símbolo do cometa rodrigo como cometa
o livro explora a alma masculina ante aos avanços sociais do século XX
construção coletiva da verdade sobre uma pessoa
Cidadão Kane e O Retrato de Dorian Gray, referências.
a vinda apocalíptica do cometa marcando o novo século, junto com a volta de Rodrigo para Santa Fé.
o vento como símbolo novamente " a culpa é do vento"
começa pela hora da morte, como em Cidadão Kane
desgraça nunca vem só
"Calúnia é calúnia, sempre deixa sua marca"
conflito da roça com a cidade