O Uraguai

O Uraguai Basilio da Gama




Resenhas - O Uraguai


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Bia~* 23/04/2011

Ódio por esse tipo de leitura obrigatória.
Eu detestei esse livro.
Primeiro que o modo como ele é narrado e a linguagem pré-histórica -- eu sei, eu sei. Eufenismo, ok? -- deixam o livro pesado e quase incompreensível.
Acho que até mesmo o autor, se fosse reler o que escreveu teria dificuldade em interpretar esse texto.
Pode ser também que eu o tenha detestado tanto porque o li por obrigatoriedade, para o vestibular, mas mesmo assim. A única coisa que me chamou a atenção foi a história, e a época histórica em que o livro se passa, que é realmente interessante, isso nas partes que consegui entender, porque em outras simplesmente li rezando para chegar ao fim.
Acho que posso dizer que este foi o pior livro que já li na vida.
FP Neto 15/02/2020minha estante
Um comentário burro.......


Bia~* 15/06/2020minha estante
Não, mas é uma excelente ideia! :)


caio.lobo. 14/01/2021minha estante
Já deu uma nova chance pro livro?²


Bia~* 24/03/2021minha estante
Shauusuaha gente eu to fazendo um mestrado. Vai ter que ficar pro futuro, mas obrigada. To adorando o lembrete eventual kkkkkk




Vitoria293 14/03/2024

Muuuuuito melhor do que eu imaginei queria ter lido antes.
Ajudou muito ter a versão em texto corrido junto dos versos.
Isabelly.Santos 24/04/2024minha estante
Moça, vc pode me falar uma frase do livro que vc gostou? Estou fazendo um trabalho sobre ele só que infelizmente não tenho condições de comprar o livro, não tem na escola e não acho uma frase na internet. Por favor moça ????


Vitoria293 28/04/2024minha estante
Oii, claro




Andrezinn 05/06/2022

O Uraguai
Não é à toa que Basílio da Gama é um escritor consagrado e sua obra chama tanto a atenção. Ao escrever sobre a luta pela expulsão dos Jesuítas da América, o livro se torna uma exímia fonte para áreas como História e Geografia do Brasil.

Sou apaixonado por livros que trazem fatos históricos sobre a formação do Brasil, principalmente quando são temas em que não houveram tantos registros ou são pouco comentados, como esse caso. Não sei porque, mas nunca aprendi sobre isso na escola. Justamente por isso, a introdução do livro se tornou excelente por trazer a explanação do contexto em que a obra foi baseada, com mapas para facilitar a compreensão e sobre a vida de Basílio, sanando as dúvidas que viriam pela leitura direta da obra, por isso, se torna essencial a sua leitura.

Além disso, a versão em prosa é muito esclarecedora. O original em verso possui seu próprio charme, mas em seu primeiro canto senti bastante dificuldade, coisa de depois, como se num passe de mágica, desapareceu. Basílio possui uma escrita um pouco difícil, mas as notas de rodapé, organizadas tanto por ele, quanto pela editora, facilitam sua leitura.

O autor dá mais visibilidade à visão dos povos indígenas (“adestrados” pelos jesuítas) sobre o conflito, mas não deixa de mostrar todos os lados. A tragédia de Cacambo e Lindóia é explorada magnificamente e é um dos pontos altos do livro. Mostram como os povos indígenas sofreram e perderam muito na formação das colônias Americanas. A figura do padre Balda, como um ser corrupto, injusto e desleal é colocada para mostrar ao resto do mundo que no conflito, os Jesuítas eram uma encarnação do mal; que ao buscarem converter os Indígenas, na verdade estavam tentando criar um Estado independente nas Américas.

Tem muito o que falar sobre o livro, mesmo ele sendo tão curtinho. Foi uma experiência incrível para mim e espero que seja para qualquer um que o leia, mesmo que “forçado” pela escola ou faculdade. “Basílio da Gama era um verdadeiro talento, inspirado pelas ardências vaporosas do céu tropical. Sua poesia, suave, natural, tocante por vezes, elevada, mas elevada sem ser bombástica, agrada e impressiona o espírito" Machado de Assis.
acodud 05/06/2022minha estante
meu deus amo suas resenhas


maduzinha:) 15/06/2022minha estante
mlk transcendeu!!! incrível




Elu 11/02/2009

Tão cheio de incongruências sociais e históricas, que sua leitura até o final foi unicamente por curiosidade.
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Bru 09/02/2011

Romântica Complexidade
Confesso que gostei da história. Sim, é um livro bem complicadinho de entender, ao menos eu achei. O problema é que achei a leitura um tanto cansativa por ter muitas palavras desconhecidas por mim, e também por ser escrita de uma forma mais romântica do que moderna.
Depois que a leitura embalou, eu comecei a saber filtrar o que servia para entender a história e o que era só pra "encher linguiça". Deixando esse termo escroto de lado, admito que muitas coisas que li eu realmente não compreendi e não fui atrás para entender, por não achar serem de suma importância. Já outras partes transcorreram perfeitamente e eu consegui compreender a história ao lê-las. Comprovei isto lendo o resumo do livro, após ter o terminado. Pois nele foram retratados todos os fatos importantes da história, e eu lembrei de todos esses fatos, o que mostra que eu entendi as partes que eram para serem entendidas. O resto talvez eu aprenda a compreender no futuro, quando um certo conhecimento eu já tiver agregado ao meu intelecto.
A história é sobre a guerra dos portugueses e espanhóis contra os jesuítas que comandavam, semelhantemente ao trabalho escravo, os índios residentes na região dos Sete povos das missões. Os índios relutantes não quiseram dar suas terras aos povos luso-espanhóis. Por esta razão a guerra aconteceu, dando a derrota aos pobres índios. Ao menos Gomes Freire de Andrade, teve o bom senso e o respeito de amparar os índios sobreviventes.
Este livro não é uma história para dormir, nem um Best-seller americano. É uma história inteligente, bonita, complexa e sensível. Para ler esse livro temos que deixar qualquer preconceito de leitura de lado, pois é um livro diferente. Não aconselho aqueles que gostam de leituras fáceis a procurarem por ele. Mas aqueles que estão dispostos à novas experiências, como eu estava, e a novos desafios, aconselho totalmente a lerem O Uraguai. O livro realmente é uma jóia da Literatura Brasileira.
Fica para degustação daqueles que apreciam uma boa leitura, um quarteto apresentado no final do livro:

"Não é presságio vão: lerá a gente
A guerra do Uraguai, como a de Tróia;
E o lagrimoso caso de Lindóia
Fará sentir o peito que não sente."
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jessicaveiga 05/02/2012

Relação duvidosa
A relação entre índios e os missionários da companhia de Jesus, aparentemente era uma troca desvantajosa para os jesuítas: viver em meio aos nativos em uma terra em que não se produzia nada para o comércio (e por isso ficou esquecida por mais de cem anos após a descoberta do Brasil), sair da civilização, ensinar os índios a ler, escrever, contar. Muito de dava e pouco se recebia certo? Errado.
A companhia de Jesus surgiu em 1540, após a reforma protestante, seu intuito era transmitir o saber e expandir o catolicismo para povos não antes pensados, nada mais eram do que escolas. Com essas escolas se pretendia reparar os prejuízos causados pela Reforma. Reparar esses prejuízos se deu da seguinte forma: os índios trabalhavam para os inacianos em troca da doutrina.
Os inacianos enfraqueceram os índios da forma mais certeira possível, eles tiraram o que dá a essência de qualquer pessoa: a sua cultura, fizeram isso como se fosse um favor prestado, em troca de uma coisa muito mais valiosa: uma alma. Fizeram com que os índios acreditassem que eram bugres, pessoas sem alma, e que seus costumes eram os mesmos dos demônios.
Através do livro O Uraguai, de Basílio da Gama, vemos que na guerra Guaranítica os índios estavam “(...) clamando ao céu e encomendando a vida às orações dos padres”. Os índios entregavam suas vidas aos padres, tal era a sua confiança. É exatamente sobre essa relação duvidosa de interesses, onde os jesuítas olham os índios e vem recuperação de prejuízo e, os índios olham para os jesuítas e vem a aquisição de almas, que desejo escrever agora, fazendo um comparativo com as situações semelhantes que acontecem atualmente.
Há um trecho nos versos de Basílio da Gama, a respeito da origem de Baldetta, que diz o seguinte “Contam, não sei se é certo, que o tivera, a estéril mãe por orações de Balda”, Gama dá a entender de uma maneira irônica, que o Padre jesuíta fez muito mais que orações para a mãe índia de Baldetta. O que aconteceu muitos anos atrás nas missões jesuíticas (e não apenas nelas), a exploração sexual de índias, se repete ainda hoje, não necessariamente com índios.
Ficamos sabendo através da mídia que alguns padres católicos exploraram sexualmente crianças na Europa e também Estadas Unidos, a partir dessas noticias, começaram a aparecer aqui no Brasil, casos semelhantes.
O caso que mais me chamou a atenção foi o três padres católicos de Alagoas que abusavam sexualmente de coroinhas, que como os índios trabalhavam em troca de ensinamentos. Os padres além de abusar desses adolescentes dentro das dependências da igreja, que como sabemos é para os católicos nada menos do que a casa de Deus, ainda filmavam tudo. É claro que os vídeos foram descobertos e passados em rede nacional (com as devidas tarjas, mas nada que nos tire aquele nó na garganta, que se forma ao ver essas coisas horríveis), e ai que me pergunto em que tipo de mundo vivemos. Uma atitude como essa é abominável vinda de qualquer adulto, o que dizer então quando essa ação é desenvolvida por um padre? Alguém que foi formado para ser um verdadeiro discípulo de Deus, que esta no mundo para pregar a Suas palavras nos dar conselhos baseados nos ensinamentos Dele.
A exploração sexual não foi à única cometida pelos jesuítas, os padres usavam os índios para lutar a sua guerra. Uma guerra que afinal das contas, não serviu de nada, pois passado um tempo, os índios sobreviventes da guerra Guaranítica, voltaram para as mesmas colônias da qual foram tirados.
Para resumir, a relação de jesuítas e índios, era uma relação de interesses cada qual tendo no outro o seu objeto de desejo, um explorando ao outro. Mas é claro, não podemos esquecer, os jesuítas tiraram a cultura dos índios, com promessas de lhes dar outra, que tinha como bônus, uma alma. Os jesuítas deram aos índios uma coisa que eles já tinham há muito tempo... quem sabe, não eram os índios que deviam ser doutrinados.



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Pererinha 15/11/2011

O desabafo de Cacambo: De que lado estaria à liberdade de seu povo?.


[...] Não me chames de cruel: enquanto é tempo
Pensa e resolve, e , pela mão tomando
Ao nobre embaixador, o ilustre Andrade
Intenta reduzi-lo por brandura.
E o índio, um pouco pensativo, o braço
E a mão retira; e , suspirando, disse:
Gentes de Europa, nunca vos trouxera
O mar e o vento a nós.Ah! não debalde
Estendeu entre nós a natureza
Todo esse plano espaço imenso de águas [...]

Esse trecho do poema em decassílabos do livro Uraguai, de Basilio da Gama, publicado em 1769, relata o desabafo de Cacambo. Em que podemos refletir sobre a mudança de vida dos nativos com a chegada dos primeiros colonizadores. Em contraponto, poderíamos pensar que, esse evento marcou o desenvolvimento dessa terra, pois, seus hábitos deixaram de ser nômade, para reduções organizadas. O fato que, suas liberdades de expressão, nunca mais fora como antes, Como seriam suas vidas sem a colonização europeia?. Os pressupostos e subtendidos deixados no discurso de desabafo de Cacambo. Podemos fazer uma leitura mais atenta, sobre a resposta ao chefe das tropas lusitanas, já que, o fragmento em questão, é o nó, e o desenlace da fatídica guerra, que dizimou os gentis. O objetivo de uma leitura mais zoom, não é separá-lo e/ou isolá-lo do resto, mas, preparar-se para uma melhor reflexão de toda a obra, já lida.
Para começar, vamos refletir e elucubrar sobre a primeira frase desse trecho. Andrade, mesmo usando de um discurso, superficialmente, “diplomático”, deixa claro, ou aceitam nossas condições, ou como ele próprio diz: “não me chamem de cruel” . Uma citação direta e objetiva vinda do personagem. Seria um recado implícito na narração do autor? Em que deixa uma lacuna para leitor preencher, será que aquele está sendo tão amistoso?. E temos também, uma frase começada por um imperativo, o que não soa tão inocula, mas, um tom ameaçador. Tudo isso, porque ele sabe que os índios não farão muita resistência frente às tropas ibéricas. E termina, assim: “enquanto é tempo” , como se Cacambo estivesse frente a uma ampulheta, em que a areia cai sem cessar.
Em seguida, ele tenta amainar a situação, depois de tudo que já foi dito antes: “Pensa e resolve” , seguido de uma gestual de aproximação, pegando-o pela mão numa tentativa de acolhê-lo. O autor o descreve como embaixador, alguém que tem o poder de negociar assuntos de interesse de sua nação, não um rei como Andrade mencionara antes desse fragmento selecionado, argumentando que eles devem servir ao reinado de Portugal porque terão mais vantagens a ficar a mercê dos mandos dos jesuítas. Mas, será que eles também não estavam usando de uma ideologia? Para também torná-los escravos, tanto quanto os catequistas?
Enquanto refletia, Cacambo, imediatamente, vai tirando a mão do comandante de si, mostrando que não vai concordar com suas colocações. Com um suspiro, como que grito preso na garganta de seus descendentes e compatriotas, que não fora dado antes, nessa mesa redonda entre autoridades. Ele faz um dos discursos mais impactantes, dizendo: “Gentes de Europa nunca vos trouxera...O mar e o vento a nós...Estendeu entre nós a natureza...espaço imenso de águas” . Numa versão em prosa: “−Gente da Europa: seria melhor se o vento nunca os tivessem trazido até nós. Não foi por um acaso que a natureza estendeu entre nós mundo de água plano e imenso” .Podemos refletir que eles viviam muito bem com seus costumes e hábitos, suas crenças em seus deuses, criando histórias como forma de explicar o mundo, mesmo que não fossem cientistas para explicar o empírico, viviam em harmonia com a natureza.
Em complemento,usa o mar, um fenômeno imenso da natureza, que os separava do mundo civilizado, algo como infinito universo, entre os terráqueos e os alienígenas, essa foi à sensação, quando chegaram aqui.O fato que a palavra debalde, que significa “não por um caso” , é uma expressão muito forte nesse discurso porque da força e continuidade, as metáforas já feita, Fiorin diz que: “A metáfora é uma concentração semântica,...e leva em conta apenas alguns traços comuns entre dois significados que coexistem ... aumentando a intensidade do sentido” . Ou seja, a grandeza do oceano Atlântico com relação as duas filosofias de vida.
No mesmo raciocínio, a versão em prosa começa com um vocativo,verbo no futuro do pretérito seguido de um subjuntivo, fazendo voltar às mesmas indagações já exortadas antes. Como seria a vida deles? Se os navegadores não tivessem errado a rota, e chegado até aqui? Trazendo seus estilos de vida. São perguntas que não querem calar, e estão impregnadas nas maltraçadas, de Basilio, que mesmo o foco da narrativa, ser a critica as doutrinas jesuíticas, abre a possibilidade de discussão sobre questão da liberdade, desse povo sofrido.
Depois de analisar, o advento ao inicio da guerra. Estamos raciocinando com Cacambo, numa encruzilhada, que leva a vários caminhos. Ou, na Poética de Aristóteles : tudo o que no poema até aqui, foi desenvolvido, é chamado de nó. E a conseqüência da resposta, do cacique desencadeou a dizimação do povo guaranítico, o desenlace. O fato é que Cacambo ficou ao lado de quem, de alguma forma, preservaram sua liberdade, e de seu povo, os jesuítas, mesmo que, esse já não fosse como antes de 1500. Eles preferiram morrer pela liberdade, o que os tornaram heroicos, e tão lembrados pela história, e a literatura De lá pra, muitos grupos revolucionários, como: A revolução Farroupilha, que reivindicava a liberdade desse povo, do resto do país, que também adotou o lema helênico: eleftéria e tanátos) liberdade e morte, terra de Homero, que também inspirou essa poesia, com suas epopeias.
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Garcia 24/10/2013

Página 50 e a sensação de "o que está acontecendo?"
Dos livros lidos para o vestibular, esse, com toda a certeza do mundo, foi o mais chato e cansativo. Com uma linguagem complicada demais e milhares de notas de rodapé, O Uraguai é daqueles livros em que você não sabe o que está acontecendo boa parte do tempo (Pelo menos foi a sensação que eu tive).
Talvez eu o veja com outros olhos daqui a alguns anos, mas - por agora - quero ficar longe de Basílio da Gama.
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Lerissa K. 23/09/2015

O Uraguai, que pertence ao período literário do Arcadismo, é todo escrito em forma de versos, como era comum naquela época. O poema foi escrito por Basílio da Gama em 1769, trazendo presente toda a luta e o sofrimento dos índios e a disputa de interesses entre jesuítas e portugueses. A história se passa na região dos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul, e traz consigo muitos heróis e heroínas, como o grande Sepé Tiarajú, por exemplo.

Finda a leitura, tive a certeza de que O Uraguai é uma das mais belas narrativas em versos que a Literatura tem para nos oferecer.
Pode, entretanto, ser um livro de difícil compreensão para quem talvez não tenha facilidade com o vocabulário ou que, talvez, nunca tenham lido um texto neste formato. Neste caso, é bom escolher uma das versões comentadas, como esta mesma, que "traduzem" em palavras mais simples o que os versos dizem.

VEM CONFERIR O RESTANTE DA RESENHA:
http://lerissakunzler.blogspot.com.br/2015/09/resenha-da-obra-o-uraguai-de-basilio-da.html

site: http://lerissakunzler.blogspot.com.br/2015/09/resenha-da-obra-o-uraguai-de-basilio-da.html
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cchoisannie 23/10/2024

"Entro pelo Uraguai: vejo a cultura
Das novas terras por engenho claro;
Mas chego ao Templo magnífico e paro
Embebido nos rasgos de pintura."
leitura arrastaaaaada, arrastada
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Tiago Bessa 22/07/2018

O Uraguai, de Basílio da Gama
Análise da obra

O Uraguai, poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas, antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores. O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.

Tema central: Pelo Tratado de Madri, celebrado entre os reis de Portugal e de Espanha, as terras ocupadas pelos jesuítas, no Uruguai, deveriam passar da Espanha a Portugal. Os portugueses ficariam com Sete Povos das Missões e os espanhóis, com a Colônia do Sacramento. Sete Povos das Missões era habitada por índios e dirigida por jesuítas, que organizaram a resistência à pretensão dos portugueses. O poema narra o que foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757, exaltando os feitos do General Gomes Freire de Andrade. Basílio da Gama dedica o poema ao irmão do Marquês de Pombal e combate os jesuítas abertamente.

Personagens

General Gomes Freire de Andrade (chefe das tropas portuguesas); Catâneo (chefe das tropas espanholas); Cacambo (chefe indígena); Cepé (guerreiro índio); Balda (jesuíta administrador de Sete Povos das Missões); Caitutu (guerreiro indígena; irmão de Lindóia); Lindóia (esposa de Cacambo); Tanajura (indígena feiticeira).

Resumo da narrativa

A pobreza temática impele Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem rimas.

Canto I: Saudação ao General Gomes Freire de Andrade. Chegada de Catâneo. Desfile das tropas. Andrade explica as razões da guerra. A primeira entrada dos portugueses enquanto esperam reforço espanhol. O poeta apresenta já o campo de batalha coberto de destroços e de cadáveres, principalmente de indígenas, e, voltando no tempo, apresenta um desfile do exército luso-espanhol, comandado por Gomes Freire de Andrade.

Canto II: Partida do exército luso-castelhano. Soltura dos índios prisioneiros. É relatado o encontro entre os caciques Cepê e Cacambo e o comandante português, Gomes Freire de Andrade, à margem do rio Uruguai. O acordo é impossível porque os jesuítas portugueses se negavam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre então o combate entre os índios e as tropas luso-espanholas. Os índios lutam valentemente, mas são vencidos pelas armas de fogo dos europeus. Cepé morre em combate. Cacambo comanda a retirada.

Canto III: O General acampa às margens de um rio. Do outro lado, Cacambo descansa e sonha com o espírito de Cepê. Este incita-o a incendiar o acampamento inimigo. Cacambo atravessa o rio e provoca o incêndio. Depois, regressa para a sede. Surge Lindóia. A mando de Balda, prendem Cacambo e matam-no envenenado. Balda é o vilão da história, que deseja tornar seu filho Baldeta, cacique, em lugar de Cacambo. Observa-se aqui uma forte crítica aos jesuítas. Tanajura propicia visões a Lindóia: a índia “vê” o terremoto de Lisboa, a reconstituição da cidade pelo Marquês de Pombal e a expulsão dos jesuítas.

Canto IV: Maquinações de Balda. Pretende entregar Lindóia e o comando dos indígenas a Baldeta, seu filho. O episódio mais importante: a morte de Lindóia. Ela, para não se entregar a outro homem, deixa-se picar por uma serpente. Os padres e os índios fogem da sede, não sem antes atear fogo em tudo. O exército entra no templo. O poema apresenta então um trecho lírico de rara beleza:

"Inda conserva o pálido semblante

Um não sei que de magoado e triste

Que os corações mais duros enternece,

Tanto era bela no seu rosto a morte!"

Com a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios se retiram após queimarem a aldeia.

Canto V: Descrição do Templo. Perseguição aos índios. Prisão de Balda. O poeta dá por encerrada a tarefa e despede-se. Expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas, colocando-os como responsáveis pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas. Eram opiniões que agradavam ao Marquês de Pombal, o todo-poderoso ministro de D. José I. Nesse mesmo canto ainda aparece a homenagem ao general Gomes Freire de Andrade que respeita e protege os índios sobreviventes.

Apreciação crítica

O poema é escrito em decassílabos brancos, sem divisão em estrofes, mas é possível perceber a sua divisão em partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Abandona a linguagem mitológica, mas ainda adota o maravilhoso, apoiado na mitologia indígena. Foge, assim, ao esquema tradicional, sugerido pelo modelo imposto em língua portuguesa, Os Lusíadas. Por todo o texto, perpassa o propósito de crítica aos jesuítas, que domina a elaboração do poema.

A oposição entre rusticidade e civilização, que anima o Arcadismo, não poderia deixar de favorecer, no Brasil, o advento do índio como tema literário. Assim, apesar da intenção ostensiva de fazer um panfleto anti-jesuítico para obter as graças de Pombal, a análise revela, todavia, que também outros intuitos animavam o poeta, notadamente descrever o conflito entre a ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio.

Variedade, fluidez, colorido, movimento, sínteses admiráveis caracterizam os decassílabos do poema, não obstante equilibrados e serenos. Ele será o modelo do decassílabo solto dos românticos.

Além dessas, outras características notáveis do poema são:

Sensibilidade plástica: apreende o mundo sensível com verdadeiro prazer dos sentidos. Recria o cenário natural sem que a notação do detalhe prejudique a ordem serena da descrição.

Senso da situação: o poema deixa de ser a celebração de um herói para tomar-se o estudo de uma situação: o drama do choque de culturas.

Simpatia pelo índio, que, abordado inicialmente por exigência do assunto, acaba superando no seu espírito o guerreiro português, que era preciso exaltar, e o jesuíta, que era preciso desmoralizar. Como filho da “simples natureza”, ele aparece não só por ser o elemento esteticamente mais sugestivo, mas por ser uma concessão ao maravilhoso da poesia épica.

Devido ao tema do índio, durante todo o Romantismo, o nome de Basílio da Gama foi talvez o mais freqüente, quando se tratava de apontar precursores da literatura nacional. Convém, entretanto, distinguir neste poeta o nativismo do interesse exterior pelo exótico, havendo mesmo predomínio deste, pois o indianismo não foi para ele uma vivência, foi antes um tema arcádico transposto em linguagem pitoresca.

O preto africano lhe feriu a sensibilidade também, tendo sido o primeiro a celebrá-lo no poemeto Quitúbia, mostrando que a virtude é de todos os lugares.

Basílio foi poeta revolucionário com seu poema épico. Enquanto Cláudio trazia ao Brasil a disciplina clássica, Basilio, sem transgredi-la muito, mas movendo-se nela com maior liberdade estética e intelectual, levava à Europa o testemunho do Novo Mundo.

Créditos: Obra Formação da literatura brasileira, de Antônio Candido.


site: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_uraguai
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Lannah 27/03/2020

Apesar de começar devido leitura obrigatória do vestibular, foi interessante observar como à história foi retratada favorecendo os portugueses e pensar que muitas vezes conhecemos a história por apenas um único ponto de vista.
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