Raízes do Brasil

Raízes do Brasil Sérgio Buarque de Holanda




Resenhas - Raízes do Brasil


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L'Angelus 30/12/2016

As raízes de ontem e seus frutos hoje: a atualidade de "Raízes do Brasil".
Mesmo completando 80 anos em 2016, "Raízes do Brasil" propõe formas de entendimento sobre a nacionalidade que ainda ecoam como possibilidades de resposta a dilemas de nossa história atual. O personalismo, a falta de coesão na vida social, a ditadura dos domínios agrários, a cordialidade e uma forma mal-entendida de democracia: se essas são as raízes que foram cultivadas em terras brasileiras ao longo de séculos de colonização, atualmente estamos colhendo os frutos que brotaram dessa história.

O "homem cordial" é um dos conceito mais conhecidos desse livro, e por isso mesmo é preciso tomar cuidado pra não interpretá-lo de forma equivocada. A cordialidade descrita aqui não é sinônimo de bondado e tampouco, como as vezes comentam no senso comum, de um "jeitinho brasileiro".

Através de reflexões sobre diferentes modos de convívio social, Sérgio Buarque de Holanda desenvolve o conceito de "homem cordial" para a caracterização de um habitus brasileiro. O que configura a cordialidade, nesse caso, é a prevalência acentuada de vínculos de intimidade e de fundo emotivo — fundadas em uma tradição personalista e de forte apego a vínculos familiares — sobre formas mais impessoais de ordenação social, marcadas pela polidez e pelo distanciamento.

Para exemplificar, a manifestação desses aspectos da cordialidade brasileira é o que caracteriza, em diferentes esferas, algumas de nossas formas próprias de convívio social, a dizer:

- A religião, com o caráter intimista das formas populares de culto aos santos. Para o brasileiro, "o próprio Deus é um amigo familiar, doméstico e próximo" (p. 149).
- Na língua, com o emprego acentuado de diminutivos (-inho) e com a comum omissão do nome de família no tratamento social (chamando a presidenta de Dilma, por exemplo, em vez de Rousseff). Um comportamento que sugere como "o uso do simples prenome importa em abolir psicologicamente as barreiras determinadas pelos fato de existirem famílias diferentes e independentes uma das das outras" (p. 148).
- Nas relações comerciais, com a necessidade de que, para conquistar um freguês, os comerciantes precisam tratá-los como amigos; lhes é necessário fazer dos fregueses seus amigos.

Ou, como exemplo mais importante que intencionalmente deixei para comentar agora por último, na política.

Essa nossa forma própria de convívio social torna-se um problema quando corporificada no âmbito das políticas de Estado. Isso decorre do simples fato de um Estado democrático — regime político teoricamente adotado no Brasil — ter como base o predomínio do poder de decisão coletiva sobre os anseios pessoais de cada sujeito (acima, inclusive e principalmente, dos interesses pessoais de cada político), como um "triunfo do geral sobre o particular". Ao contrário do que observamos em nosso fazer político,

"só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível, recrutável e responsável, ante as leis da Cidade" (p. 141).

Nesse sentido, o trajeto histórico de constituição da democracia no Brasil — um processo ainda não consolidado — pode ser compreendido como "um lamentável mal entendido" (p. 160), uma vez que seu percurso de realização não contou com uma participação ativa da grande massa popular. Ou seja, as grandes decisões políticas e reformadoras sempre foram, ao longo de nossa história, tomadas de forma horizontalizada e descendente. Uma história em que seu povo não se compreende no papel de protagonistas. Como nos termos colocados por Aristides Lobo em sua célebre carta sobre a proclamação de República (no seguinte trecho também selecionado por Sérgio Buarque de Holanda):

"por ora a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração de elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava" (p. 176).

Eis a contemporaneidade de "Raízes do Brasil": a partir de tal chave interpretativa possibilitada pelo conceito do homem cordial, podemos atestar como é sintomático — atualmente, em 2016 — a presença de tantos discursos políticos pela defesa de uma "família tradicional brasileira". Se estivesse vivo, Sérgio Buarque de Holanda certamente nos voltaria a dizer que

"o Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição" (p. 141).

"No âmbito das relações políticas de Estado, “a família, em sua forma pura, é abolida por uma transcendência" (idem).

Ou, pelo menos, deveria ser né.

*Edição que usei na referência das páginas: 26. ed. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1995.
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Melody.Santos 22/12/2016

Transformador
Raízes do Brasil nos faz compreender não só o país em que vivemos, muito mais do que isso. Esse livro revela o que somos. Li a obra em um momento histórico do Brasil, em que estamos vivendo um forte questionamento das instituições democráticas, o que transformou essa obra em uma valiosa ferramenta de compreensão. A definição de Sérgio Buarque de Holanda sobre a confusão do público e do privado e a nossa mentalidade personalista foram pontos geniais, dentre outros que explicam com profundidade as raizes do Brasil. Obra valiosíssima!
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Marcelo 25/12/2015

Livro fundamental
Apesar de sua idade, "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda é uma leitura fundamental para compreensão do Brasil. Muitos dos reflexos dos processos históricos, sociais e antropológicos analisados pelo autor no livro podem ser observados ainda hoje no nosso país. Indispensável.
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Cati 14/09/2015

Para aqueles que querem saber um pouco mais sobre os costumes e o comportamento dos brasileiros, esse livro é uma excelente escolha. Ele fala um pouco sobre a origem do povo brasileiro e como ele é um povo diversificado culturalmente.
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Volnei 17/06/2015

Raízes do Brasil
O autor mostra o quanto estamos intimamente ligados a Portugal, do que pode mostrar uma analise ligeira.Como qualquer colonia, fomos colonizados a partir das necessidades dos colonizadores. Eramos moldados a conveniência deles e não inventores de sistemas produtivos ou modos de vida. Uma grande lição do autor afirma que o brasileiro foi formado pela ambição e os conceito que moviam os navegadores.

site: https://www.blogger.com/home
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Lud 09/04/2014

É uma leitura difícil, bem teórica, com citações de português antigo...mas as ideias do autor são bem interessantes. Vale a pena ler.
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Lista de Livros 24/12/2013

Lista de Livros: Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Hollanda
“Toda hierarquia funda-se necessariamente em privilégios.”
*
“As constituições feitas para não serem cumpridas, as leis existentes para serem violadas, tudo em proveito de indivíduos e oligarquias, são fenômeno corrente em toda a América do Sul.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2008/03/razes-do-brasil-srgio-buarque-de.html
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Antonio Cesar 24/12/2013

... É Curioso notar como algumas características ordinariamente atribuídas aos nossos indígenas e que os fazem menos compatíveis com a condição servil sua ociosidade, sua aversão a todo esforço disciplinado, sua imprevidência, sua intemperança, seu gosto acentuado por atividades antes predatórias do que produtivas ajustam-se de forma bem precisa aos tradicionais padrões de vida das classes nobres. ...

Pág.: 56
5º período
Raízes do Brasil
Sérgio Buarque de Holanda.

Um clássico da sociologia brasileira que dispensa maiores detalhes. Para mim foi de leitura difícil e com muito vocabulário novo, o que não deixa de ser interessante. Além de muitas pesquisas em dicionários online sua leitura me fez pensar muito sobre o que era o Brasil da época em que foi escrito (década de 30) e o que somos hoje, o quando devemos à nossa origem ibérica e às tribos tupi-guarani que aqui viviam. Enfim uma leitura diferente daquela história contada em Casa Grande e Senzala. De uma coisa estou cada vez mais convencido: A história assim como os fatos permitem leituras diversas que mesmo dispares entre si são antes de tudo complementares e quanto mais versões conhecemos mais perto da verdade estamos.
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PC_ 27/10/2013

pc
livro de sérgio buarque de holanda, como outros autores a sua época, tenta "explicar" o brasil através de um exercício de reflexão sobre as origens da nação brasileira, seus fundamentos, suas idiossincrasias e o seu modo de ser.
Para tanto se utiliza largamente da linguagem sociológica, outro recurso bastante utilizado é a interpolação, onde vários documentos e trabalhos , quase todos referentes ao período colonial e monárquico,são usados para construir o texto e apoiar ou contrapor as teses apresentadas.
embora muito interessante, o uso da linguagem sociológica, o excesso de citações e de interpolações acabam tornando o texto um pouco cansativo, outra crítica que se poderia fazer livro é de ter se concentrado muito no período pré-republicano e feito poucas referências ao período republicano brasileiro.
observei, após ler o livro, que alguns críticos dizem ser um trabalho datado, o que não deixa de ser verdade, porém nem por isso reduz a importância da obra, é interessante se comparar as diferentes visões de país, àquela da década de 30 e a que temos hoje. nota-se que apesar do trabalho ser datado, os argumentos e teses do autor ainda têm bastante força.
apesar de ter gostado muito do livro, o tom determinista e até um tanto pessimista que o autor imprimiu à obra me incomodou, como se o passado brasileiro determinasse de forma inequívoca uma vocação brasileira ao fracasso. o autor traça muitas vezes um quadro de desesperança, pelo fato de termos sido colonizados por portugueses, pela miscigenação com povos pouco afeitos ao liberalismo econômico e da quase inexistência de um elo, de um elemento construtivo de ideal coletivo.
outro ponto que não compreendi no livro, onde suponho que o autor tenha caído em contradição, é quando repetidas vezes afirma que o único interesse do colonizador era a exploração direta, sem interesse de implantar ou criar uma nação, ao mesmo tempo em que afirma que as tentativas de implantação da cultura européia no brasil fracassaram devido a condições naturais adversas e outras peculiaridades, porém o próprio autor afirma que o modelo europeu somente era implantando naquilo que era conveniente à aristocracia dominante, assim, se o próprio autor aponta a precariedade em que se tentou implantar o modelo europeu não consigo vislumbrar causas naturais ou espirituais para o fracasso de tal implantação, como muitas vezes dá a entender.
porém, voltando à temática geral do livro, alguns temas e tópicos são clássicos, fazem uma referência atemporal ao brasil, uma reflexão sobre nossa condição de nação, e embora possa ser a leitura um tanto exaustiva e complexa, é uma obra de grande valor, ou seja, vale muito a pena ser lido.

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danield_moura 21/09/2013

"Um clássico de nascença"

—Antonio Candido—
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Maria Fernanda 11/08/2013

Esse é um daqueles livros que todo brasileiro tinha que ler, ao menos uma vez na vida. É um clássico. Faz reflexões importantes sobre a cultura brasileira e ajuda a explicar nossa formação como povo, iluminando aspectos que nos influenciam até hoje - o que mantém l livro, escrito na década de 50, incrivelmente atual. Apesar de ser claramente um erudito, Sérgio Buarque de Holanda expõe seus argumentos de forma clara e direta, o que na minha opinião só acrescenta à genialidade da obra. Gostei tanto desse livro que tenho vontade de sair presenteando exemplares para todos os meus amigos.
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Rangel 25/02/2013

As origens do Brasil
O livro "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda relata as origens históricas do Brasil.
O desterro no Brasil pela Europa se tornou hostil e o valor do ser humano não depende de virtudes, mas do estoicismo da filosofia nacional.
A ideia de superação do moralismo se fez pelas associações, que implicaram a ordenação e a solidariedade na organização social. A falta de coesão na vida social por causa do elemento anárquico, resultou no Brasil uma sociedade que não é o fim em si mesma. A hierarquia não coube ao Brasil, apesar das injustiças e privilégios.
A aristocracia portuguesa era fechada e negou honrarias aos industriais brasileiros.
No trabalho e aventura do Brasil, latifundiários monocultores semi-capitalistas exploraram de forma metódica e racional a expansão da lavoura e pecuária predatórias. A ética da aventura foi diferente da ética do trabalho, no Brasil, o que se percebeu que o aventureiro no Brasil foi irresponsável e decisivo no process de colonização. O método da colonização portuguesa não foi pelo progresso e nem de obedecer normas fixas. Por isso, que no Brasil, não houve uma fomentação de orgulho social, uma vez que os colonizadores se relacionaram com índios e negros, sem se prenderem a preservar uma raça branca pura, o que originou então os mestiços do Brasil. Os bacharéis e brancos, contudo, ocupavam altos cargos e tinham até maior liberdade civil, depois vinham os índios, e os negros não tinham tais direitos, a não serem como submissos. A incompatibilidade dos nobres com os trabalhadores originou relações sociais entre famílias condescendentes com os erros incoerentes. O sucesso da colonização se deve ao sistema eficiente de defesa para a sociedade dos conquistadores, que buscavam fortunas, o que criou uma forte raiz em valorizar a terra. E a mestiçagem foi uma um fenômeno que propiciou em criar uma pátria nova para o Brasil.
Na herança rural, após a independência do Brasil, movimentos liberais se opuseram aos senhores antigos de escravos e apoiavam o republicanismo, o que então se formou, o movimento republicano que reivindicou e intensificou por reformas. Nesse período, em 1853, fundou-se o Banco Rural, e a importação de negros foi muito grande no Brasil. O engenho, nessa época, foi um organismo completo e a família patriarcal, valorizada, a qual era tirânica e de fazer justiça com as próprias mãos. O privado se tornou público, confundiu-se, e o preconceito social e religioso foi maior no meio rural. O trabalho intelectual foi exclusivos do senhores de terras e seus herdeiros, por isso que se constatou, numa época, uma intelectualidade brasileira decorativa, mas que depois vai orientar o pensamento econômico industrial. A organização do trabalho fordiano despersonalizou o antigo trabalhador brasileiro do sistema servil. A revolução pernambucana de nativos contra os senhores dos engenhos marcou uma profunda mudança de transformação e influência para movimentos posteriores.Os senhores rurais influenciaram muito na política que se tornaram então profissionais políticos, assim também foram os profissionais liberais das cidades com o tempo.
Do semeador a ladrilhador, a fundação das cidades iniciou-se pela fundação das praças e depois das ruas. A colonização litorânea foi preferencial em relação ao interior. Ressalta-se que o primeiro rebelde da coroa foi Amador Bueno, que proclamou a autonomia da cidade de São Paulo como se fosse o rei dos mestiços. O preceito mercantilista é o que predominou no Brasil com Felipe II no trono português, época que os estrangeiros foram expulsos. A tradição feudal no Brasil fez dos herdeiros fabricantes sonharem para serem fidalgos, até que se tornaram burgueses e assimilaram as ideias revolucionárias liberais burguesas. Pode-se constatar que os portugueses não criaram cidades fortes como os espanhóis. A imprensa no Brasil foi introduzida em 1537 no Rio de Janeiro, enquanto que na América Hispânica colonial, já estava muito mais avançada nas questão da produção intelectual.
O homem cordial de Estado é ampliado no Brasil, pelo círculo familiar, quando houve o desenvolvimento urbano, que resultou no crescimento dos meios de comunicação social e desequilíbrio social. As instituições democráticas tiveram então suas normas particularizadas e sedimentou a cordialidade como convivência para tolerância entre as diferenças. O individual se fez supremacia perante o coletivo e o social, por isso que o brasileiro só se disciplina por questão pessoal e não social.
Nesses novos tempos, o sentido do bacharelismo na política e a vida social no Brasil ficou enraizado nos positivistas, que se apoderaram da política e da ciência e que conseguiram tirar o poder da Igreja Católica, e eles se dividiram entre conservadores e liberais. A democracia brasileira teve sua origem na aristocracia e plutocracia brasileiras, não veio do povo.
Por isso que a revolução no Brasil se deve ao fim do predomínio do agrário e agitações militantes políticas contra ditaduras, o que sempre levou a busca de acordos e consensos, o fez de todas as revoluções serem mais verticalizadas do que horizontais, o que então se tornou uma raiz política cultural. Ante a história do Brasil, a democracia liberal é o que predomina e se faz presente no país.
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PEDRO 12/02/2013

De Cabeceira
Interessante como um opúsculo de poucas páginas, escrito na década de 30 do século passado, pôde mudar minha visão sobre o Brasil, os brasileiros, seus hábitos, a cultura do bacharelismo, do cartoriarismo e tantos outros 'ismos' que nos caracterizam. A visão do 'Homem Cordial' como sedutor político é atualíssima. Como vantagem adicional, o livro é uma aula de bom português. Sem dúvida, um livro digno de uma cabeceira.
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