Vinicius.Dias 02/11/2020
I wanna rock and roll all night and party every day!!
Se você não está familiarizado com o nome Ace Frehley, nem com o personagem que incorpora em suas apresentações: Spaceman, com toda certeza você já ouviu falar na banda que esse cara ajudou a fundar: O KISS. Se ainda não estiver lembrando, pare tudo que está fazendo e vá buscar no Google que você verá que de alguma forma já foi impactado por eles. Essa banda é uma entidade não só no mundo do Rock'n'Roll, mas no universo de entretenimento musical/artístico e foi graças a junção de 4 pessoas bem únicas que o mundo todo pôde ter a oportunidade de conhecê-los. Nesse livro, acompanharemos um pouco da trajetória e o lado da história do guitarrista e fundador: Ace Frehley.
Para quem já está familiarizado com a banda, sabe que o KISS sempre foi dividido em dois grupos: Gene e Paul (os principais compositores e com visões mais voltadas para o lado empresarial da grande marca que se tornaram), e Ace e Peter (os festeiros com problemas com excessos de drogas e álcool e que tiveram uma participação um pouco mais tímida, porém não menos importante, no lado criativo). Sabendo disso e essa sendo uma autobiografia de um dos dois festeiros, é de se esperar que um pouco de loucura seja trazido à tona, o que de fato acontece.
O Ace era e é o Rock Star clássico. Tinha todo um estilo que o diferenciava da plateia e o aproximava mais dos artistas. Antes de se profissionalizar, todo mundo achava que ele era um dos músicos se apresentando em festivais e por conta disso, em mais de uma oportunidade conseguiu entrar no backstage dos eventos numa época em que não haviam crachás de identificação, passava quem o segurança ia com a cara. E graças a isso ele conseguiu ser roadie do Mitch Mitchell, baterista do The Jimi Hendrix Experience e do John Kay, guitarrista e vocalista do Steppenwolf. Isso mexe com qualquer pessoa apaixonada por música.
Teve uma infância em um lar simples e tranquilo com pais bem casados e acesso a ensino de qualidade que acabou abandonando para se dedicar integralmente à música. Tocou em algumas bandas até que conheceu Gene, Paul e Peter em uma audição para entrar na banda deles. É bem interessante a descrição dessa audição e os primeiros perrengues que o KISS enfrentou. Os caras lançaram 4 discos em 18 meses. 4 DISCOS EM 1 ANO E MEIO. Isso é muita coisa! Conseguiram atingir o sucesso com o álbum Alive, um disco ao vivo que não é tão ao vivo assim, a maior parte dele foi corrigida em estúdio. Com o sucesso e o rio de dinheiro entrando na conta, os vícios começaram. De um alcoolismo iminente, vieram a cocaína e os tranquilizantes. O cara chegou a tomar 20 comprimidos de Xanax em um único dia e conseguir viver para contar a sua história. Com todo esse excesso, atingiu o fundo do poço e acabou atrapalhando muito sua imagem em relação a banda. Após sair dela, apesar de ninguém acreditar, conseguiu se reerguer e retomar sua vida com uma carreira solo frutífera e bem interessante, lançando até hoje bons álbuns no mercado.
É interessante perceber como era o convívio dele com os outros integrantes do KISS. Muito amigo do Peter Criss, meio blasé e meio político em relação ao Paul Stanley e totalmente rancoroso em relação ao Gene Simmons. Em toda oportunidade, questiona o Gene. Fala sobre sua ganância, sobre sua higiene, sobre sua falta de amigos e no quanto não confia nele. Pesado.
Por conta dos seus vícios, o Ace acabou se encrencando várias vezes. Constantemente dirigira completamente embriagado, fazia o uso de armamento pesado e se envolvia em várias brigas que por muita sorte não tiraram a sua vida e nem a de mais ninguém no processo. Inclusive em vários momentos ele faz questão de falar o quanto o seu anjo da guarda é atento e o salvou de problemas maiores.
Esse livro foi lançado em 2011 nos EUA e agora em 2020 saiu no Brasil pela Editora Belas Letras. Para quem comprou na pré-venda, vem acompanhado de um poster, marcador de páginas próprio e um bonequinho do Ace para ser montado usando as técnicas de papel modelagem. Aquele padrão de qualidade que a Editora Belas Letras mantém em todos os seus lançamentos.
Pra mim, o livro oscilou um pouco. Em alguns momentos eu adorei e em outros nem tanto assim. Em alguns momentos eu senti sinceridade e honestidade nas palavras do Ace, em outros eu achei que era uma tentativa de se vender como um bom partido, principalmente quando o assunto era garotas e sexo. É um bom livro que dá uma visibilidade superficial nos anos em que fez parte do KISS, mas aprofunda muito nas confusões e tretas entre eles. Esperava um pouco mais de detalhes dos bons momentos. Não que atrapalhe, mas faltou um pouco.
Indicado para qualquer fã do KISS, do Ace e de Rock'n'Roll!
"I wanna rock and roll all night and party every day!!"
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