Desde que li Graceling fiquei morrendo de vontade de ler o segundo da série, mas primeiro fiquei um pouco frustrada por não ser continuação. A história de Fogo se passa trinta anos antes do primeiro livro, em outro reino e com personagens diferentes e a única ligação entre os dois acaba se provando uma surpresa. Kristin Cashore não só consegue manter o nível espetacular do livro anterior como apresentar uma trama interessante e nova. Tão fascinante e rico quando seu antecessor Fogo vai conquistar novos e antigos leitores.
Fogo não é uma garota comum. Ela é meio humana, meio monstro e tem poderes com a mente. É capaz de sentir as emoções, alterar o pensamento das pessoas e forçar a verdade. Ela enxerga a mente como uma coisa maleável, que pode ser usada de muitos modos. Ela é filha de Cansrel, conselheiro do antigo rei Nax e conhecido por sua maldade e crueldade. Enquanto o pai nunca hesitou em tirar o máximo de proveito das pessoas com seu poder Fogo tem medo da sua capacidade e tenta usar o menos possível algumas das suas terríveis e poderosas habilidades. Fogo viveu a vida inteira afastada da corte em uma propriedade ao norte dos Dells. Cresceu com Archer filho de Brocker, ex-comandante do exército do reino que teve as pernas cruelmente destruídas pelo rei Nax depois de alguma misteriosa ofensa. Após a morte do rei o reino caiu em pedaços. Nash, seu filho mais velho luta para evitar uma guerra, mas dois senhores rebeldes, um no norte e um ao sul ameaçam atacar em duas frentes. Em visita a mãe do rei Fogo descobre um intruso nos aposentos de Nash, mas não consegue detê-lo e não o encontra. A tensão entre ela e os dois príncipes, Nash, atual rei e Brigan, atual comandante do exército era insuportável. Para eles ela era um monstro e a figura de Cansrel, o cruel conselheiro que levou o pai deles a loucura desenfreada e o homem que vivia tentando assassiná-los. Mas tem algo sobre Fogo que os dois não sabem. E mesmo relutante parte para a Cidade do Rei para tentar ajudar e evitar a guerra. Mas eles querem mais, querem que Fogo use as habilidades que ela sempre repudiou e temeu.
A premissa é essa e se querem saber minha opinião sincera eu achei brilhante. Esse pedacinho na parte detrás dos Sete Reinos, separados por uma cordilheira de montanhas chamado Dells é simplesmente fascinante. Com seus monstros coloridos e poderes mentais e sua iminente guerra após um reinado trágico e conturbado. Repleto de pessoas fortes, com uma ciência avançada e um conceito bastante moderno de relacionamento, mas com ares medievais. Kristin Cashore se supera mais uma vez ao nos apresentar Fogo e mais uma legião de personagens bem construídos, sedutores e inesquecíveis. E a trama, que trama!
A forma como a autora entrelaçou os personagens e suas histórias pessoais já era o suficiente para manter todo o mistério em torno da trama, mas indo além Kristin nos trouxe a guerra, e uma guerra de espiões, rebeldes, grandes exércitos e batalhas. Junte as batalhas de O Senhor dos Anéis com o jogo político e militar cruel pelo trono em As Crônicas de Gelo e Fogo e ali no meio, na interseção entre essas grandes obras você encontrará Fogo e a guerra pelos Dells, e seus personagens ricos, com históricos pessoais pessoais misteriosos e intrigantes. As descrições são bem dosadas, passando o tom certo do ambiente sem falar no adicional sobre sentimentos e emoções já que Fogo percebe tudo. Essa combinação deixa a leitura irresistível.
Além dos poderes Fogo tem uma beleza desconcertante, seus cabelos são mais do que ruivos, e sua beleza desperta o que tem de melhor em algumas pessoas, mas também o que tem de mais vil e violento em outras. Sempre se resguardando e afastando mentalmente homens e mulheres que desejam atacá-la. Fogo vive um dilema sobre si mesma e o que a separa de seu terrível pai. Ela nunca teve tantas pessoas a sua volta e a amizade das pessoas a desconcerta. Merecem destaque a guarda pessoal de Fogo, secundários mais ótimos. Clara, a princesa e Garan também príncipe e chefe dos espiões. A pequena Hannah, e não poderia deixar de citar Archer, Brocker, Nash e Brigan. Sendo Brigan o mais brilhante deles. Sem dúvida o melhor (e mais apaixonante) personagem masculino dos últimos anos.
Leitura rápida, viciante e envolvente, com um final à altura, sem meio termos e que leva as ações até as consequências finais. A trama é ágil, complexa, com elementos cruelmente necessários, intricada, executada de forma perfeita com desenlaces que não poupa nada e ninguém, sem deixar pontas soltas. Se pensa que é juvenil está perdendo tempo, é uma fantasia de primeira, mais adulta e forte. Kristin entra para a lista de autores que excedem qualquer expectativa. A edição da (...)
Termine de ler o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2013/04/resenha-fogo.html