Clebson.Santiago 06/04/2024
Boa conveniência
Em uma boa loja de conveniência, você encontra de tudo. Da long neck mais cara, à latinha mais barata. Uma salsicha em conserva e uma uva sem caroço de alguma fazenda do sul. Tem de tudo.
Esse livro também apresenta tudo que um romance pode oferecer. Tragédias, grandes dramalhões, cenas de ação, paixões fortes, adultério, vingança. É um prato cheio para um leitor que não quer refletir sobre a vida e ler um livro básico. A Ira dos Anjos é o básico do básico.
A escrita é simples, os capítulos são curtos. Os temas mudam quase a todo momento, ainda que de forma bem pensada.
É o famoso livro de supermercado, de aeroporto, de farmácia (ou de conveniência).
É, também, um livro *cheio de conveniências* - não mais no sentido analógico, a qual me referi, da conveniência (mercado). Tudo é muito utilitarista para causar um impacto. Por exemplo, é muito conveniente que a jovem advogada do interior já trabalhe no escritório do maior promotor do país. É muito conveniente que o mais importante homem da política americana se apaixone por ela e, ao mesmo tempo, o maior mafioso do país idem.
O autor também utiliza uma técnica, até eficaz, de ressaltar os pensamentos, anseios e expectativas dos personagens em uma direção, e logo em seguida, ocorre o fato na direção oposto. Por exemplo, fulano de tal anseia obsessivamente por um NÃO, tudo indica que o NÃO será a resposta, não há possibilidade de um SIM. E logo em seguida, tudo que ocorre (os fatos) vão na direção oposta das expectativas do personagem, no caso, o fato ocorrido é um SIM.
O autor utiliza essa técnica em todo o livro, ou seja, por muitas vezes a leitura acaba por se tornar repetitiva e previsível.
O final é um pouco broxante.