ericateodorop 21/08/2020
Decepção
Pela quantidade de opiniões positivas a respeito desse livro, realmente achei que ia gostar, mas não foi o que aconteceu (muito pelo contrário ?). Já no primeiro capítulo, foi usado um termo capacitista no livro, o pior é que poderia ser substituído por outro muito facilmente. Além disso, também me senti incomodada de como era abordado o peso do Nathanael. Ele falava como se ser gordo fosse algo negativo... e ele é magro.
E não foi só isso que não gostei. A escrita chegou a ser irritante, além de não soar natural e ser muito repetitiva. Além disso, tiveram muitas cenas desnecessárias e às vezes a autora ficava dando ênfase em coisas que você já havia notado na leitura, não precisa esfregar na cara o que você já sabe. Fora os diálogos... achei muito artificiais. Não consigo de jeito nenhum imaginar alguém falando daquela forma sem parecer forçado.
Não consegui me apegar aos personagens nem torcer para o casal. A personalidade da Mille não me convenceu e achei ela irritante várias vezes. O Nathanael também me irritou e foi babaca várias vezes. Depois deu para entender o porquê dele ser assim, mas mesmo com isso não consegui gostar dele, fiquei indiferente. Ah, e ambos muitas vezes agem como crianças, algumas atitudes fazem parecer que eles não têm a idade que foi dita. Como eu já disse, não gostei e nem torci para o casal. Por uma parte, foi por ser indiferente aos personagens, mas também não gostei da construção nem desenvolvimento deles. Primeiro que o livro é grande e dava tempo da autora construir a relação dos personagens, mas não deu pra ver eles se apaixonando, porque já no primeiro capítulo eles já estavam afim um do outro. Mesmo assim, tinha chances de eu gostar pelo desenvolvimento, né? Tinha, mas não rolou. Depois que eles ficam "juntos", o livro é todo uma enrolação. Se resume a eles ficarem se 'separando' e voltando, tudo repetitivo, não acontece nada de novo ou que te surpreenda.
Outra coisa que achei cansativo foi a quantidade exagerada de referências (MUITAS nem acrescentavam em nada na história, estavam lá só por estar). Talvez funcione com quem é fã das obras que foram citadas, mas como eu não conheço/não gosto delas, só fiquei entediada e torcendo para passar dessas partes (que geralmente eram bem longas) o mais rápido possível.
Eu não ia comentar sobre isso na resenha, principalmente porque achei que já estava falando mal demais, mas vi que a autora fez algo parecido em outro livro, então vale muito a pena citar: todos os personagens com o mínimo de importância são brancos. Aí no único que talvez seja negro, a autora parece que tem medo de dizer que ele é, fica colocando em outras palavras, tipo "bronzeado e agraciado com muita melanina". Enfim, né... Bem desnecessário.
E pelo que os fãs do livro falam no Twitter, achei que o relacionamento abusivo deles seria mais abordado, mas foi bem raso, na verdade. No único momento que achei que ela abordaria de uma forma legal, (na minha opinião) ela estragou tudo. (o resto desse parágrafo pode ser considerado spoiler, leia se quiser). O Nathanael fez uma ""brincadeira"" meio pesada com a Mille e ela ficou super mal com isso, até chorou e saiu correndo. Quando ele percebeu a m*rda que fez, correu atrás dela e pediu desculpas. Até aí ok. Mas isso fez ela lembrar de uma situação que ela teve com o ex-namorado abusivo. Em vez dela ficar nervosa e querer correr pra longe dele... ela se acalma pelo fato de que o Nathanael pediu desculpas, mas o ex não. Desculpa, mas não consigo entender como alguém SE ACALMA depois de lembrar de algo que te marcou de forma negativa. Achei essa cena surreal de mal feita. Mas né, minha opinião.
Achei preguiçoso o fato de que parece que eles não têm nada pra fazer além de ficarem de chamego um com o outro. Tanto que quando eles brigam, só fala no livro que passaram X dias ou mostra ela se lamentando de estar longe dele (pra vocês verem como a vida dela é interessante). Até mesmo quando tão juntos eles mal trabalham. Pela sinopse, achei que ia focar mais neles fazendo o roteiro, mas não apareceu quase nada sobre isso.
Os personagens secundários mal aparecem, só o Pedro. A mãe da Mille só é citada quando o Nathanael pede pra mãe da Mille deixar ela dormir na casa dele (e apareceu uma vez, quando ele foi pra casa dela). A irmã dela mal é citada, não faz falta alguma na história. Os outros são tão imemoráveis que prefiro não citar.
Às vezes, a autora coloca uma expectativa no leitor, mas não consegue suprir. Você acha que vai acontecer algo, mas quando chega a hora não é nada demais.
E tive a sensação que a autora tentou fazer com que a personagem principal (e às vezes outros também) parecesse super feminista e empoderada, mas não deu certo. Saíam frases de efeito, pautas insignificantes ou coisas que pareciam saídas do Quebrando o Tabu (sem ofensas kk), tipo: "Por isso que eu digo que homem tem tudo que morrer!".
Acho que é só. Como deu para perceber, esse livro não funcionou pra mim, mas vai que você gosta, né...