jota 24/05/2019Franceses ocupados demais...Suíte Francesa era um projeto literário de Irène Némirovsky (1903-1942) que compreendia cinco partes – ou cinco movimentos, conforme a própria autora explica nas notas pessoais anexadas ao volume -, dos quais apenas dois vieram à luz: Tempestade em Junho e Dolce. Esta segunda parte, inacabada, ganhou uma adaptação cinematográfica em 2014. Resultou num filme apenas mediano, ou pouco mais do que isso, mas que contribuiu para divulgar a obra dessa escritora de origem judaica, morta em Auschwitz aos 39 anos.
As histórias contadas por IN dizem respeito ao comportamento da sociedade francesa sob a ocupação nazista, especialmente naquilo que se passava entre a burguesia do país, perdida em seus rumos então. Tempestade em Junho, a primeira parte, traz uma narrativa focada em fatos e personagens reagindo à entrada dos alemães no país, a fuga para lugares menos visados, os bombardeios de surpresa, o colaboracionismo, o relacionamento com os invasores, por vezes amigável demais etc. Tudo muito interessante e verdadeiro (pois foi vivenciado pela autora) com os relatos dessa parte se assemelhando a pequenos contos.
Alguns dos personagens reaparecem em Dolce, segunda parte, focada no relacionamento de uma jovem francesa casada, Lucille - seu marido encontrava-se prisioneiro dos nazistas; ela é controlada pela sogra quase o tempo todo - com um oficial alemão, Bruno, que tem esposa na Alemanha. O oficial ocupa os aposentos que eram de Gaston, o marido de Lucille, na mesma casa em que as mulheres vivem. De um modo geral Bruno não se comporta como um asqueroso nazista, é culto e parece ser decente. Aos poucos entre ele e Lucille se desenvolve certa atração, que passa a despertar a atenção das demais pessoas da vila ocupada. Elas procuram a jovem para obter benefícios junto aos militares alemães, coisas assim.
A atração entre Lucille e Bruno cresce e ficamos querendo saber no que essa história vai dar. Pois a certa altura a moça e a sogra escondem em casa (a mesma onde também se hospeda o oficial alemão) um francês, Benoit, que matou um soldado alemão que assediava sua mulher. Os franceses fazem um plano para proteger Benoit; tentam enviá-lo a Paris, mas precisam de autorização oficial para que Lucille, dirigindo um automóvel da família, vá até a capital, transportando o fugitivo, isso tudo no mesmo dia em que os alemães estão de partida da vila; eles serão substituídos por outros soldados, inclusive Bruno. Lucille consegue o documento, mas aí a narrativa é interrompida. Na versão cinematográfica a história prossegue, mas não vou revelar o final, claro. Vejam o livro e leiam o filme...
Filme foi visto há algum tempo já e livro foi lido entre 13 e 23/05/2019.