Yasmayfair 20/11/2022
Releitura necessária
Li a duologia de Atlântida na adolescência, após ter lido Brumas, me apaixonado e descoberto que havia um início da saga de Avalon.
Resolvi reler esse ano toda a saga, do começo, pra incluir volumes que até então não li, como Os Ancestrais de Avalon e A Senhora de Avalon, fora que não me lembro de muita coisa dos outros, só das personagens e o resumo do resumo da história. O que eu tinha era uma adoração por A Queda de Atlântida, mas precisei fazer a prova pra saber se ainda iria tão bem comigo hoje.
E olha, ao mesmo tempo que vai, não vai. Todo mundo aqui já sabe do passado criminoso da Marion e infelizmente consegui detectar detalhes desses problemas na história, o que foi doloroso. ESSE é o maior problema pra mim, em ambos os livros. Relacionamentos abusivos, incesto, machismo, e muito disso tratado no livro como se fosse algo próximo do normal.
Mas vou me ater ao primeiro volume, que, certamente, me deixa menos desgostosa.
É inegável que Marion era um gênio, com uma escrita única e incrível, e a capacidade de criar histórias profundas e tocantes, que até hoje não encontram rivais.
A Teia de Luz é um livro introdutório mesmo, cujo ritmo aumenta aos poucos, e, apesar de ser mais leve que A Teia de Trevas, óbvio, ainda assim consegue nos comover trazendo o amor entre as irmãs Domaris e Deoris, Isarma e Adsartha. E, principalmente, ele se foca mais em Domaris e em Micon, seu amor dessa e de todas as vidas seguintes. A história deles é linda e triste, emocionante e comovente. O final do livro era a única coisa de que lembrava, o que acontece com Micon, e ainda assim, foi doloroso quando de fato ocorreu. Micon é uma personagem admirável, bem escrito, e o relacionamento dele com todos à sua volta é lindo de se ler haha, diálogos muito bons. É um homem que faz jus ao título de príncipe.
Aqui também dá pra entender como Deoris, muito imatura e saindo da infância, não conseguiu lidar com a referência de sua vida, a própria irmã Domaris, também um tanto ingênua, totalmente entregue a outra pessoa, e vai buscar pertencimento e conforto no lugar errado, MUITO errado. As lições do carma vão sendo entendidas e vão reverberar no próximo livro, A Teia de Trevas. Já tinha uma memória de gostar de Domaris e continuei gostando, mas dessa vez achei que ela foi muito ingênua, e tive menos animosidade por Deoris, a entendi mais e tive pena.
Preciso elogiar também a construção de mundo do cenário de Atlântida e dos outros Reinos do Mar, eu nem lembrava que as irmãs moravam numa ilha secundária e não Atlântida.
A questão da religião e da magia confesso ter achado meio confusa nos dois livros, toda a questão das castas e ordens, do que é magia e bruxaria LÁ, mas é óbvio que há uma lógica naquilo tudo pra própria autora, há detalhes e cuidado na criação. É uma maravilhosa sensação a de ler uma história que te TRAZ o sentimento de algo muito, muito antigo, a ambientação é convincente demais, assim como o sistema de magia usado lá, algo antigo e poderoso. Interessante demais toda a parte relacionada aos sons na magia. Gostei também de notar algumas influências da bruxaria moderna e do que encontramos em Brumas depois.
Enfim, a leitura é fluida e o livro não é cansativo jamais, além de ser pequeno, bem dividido e os capítulos não serem longos. A leitura foi rápida e prazerosa massss não tão boa quanto a minha memória de adolescente insistia que ainda seria. Porém é leitura essencial pra qualquer fã do Ciclo de Avalon.