Cuando fui mortal

Cuando fui mortal Javier Marías




Resenhas - Cuando fui mortal


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Alexandre Kovacs / Mundo de K 13/01/2014

Javier Marías - Cuando Fui Mortal
Editora Alfaguara España - 248 páginas - publicação original 1996 - traduzido no Brasil pela Editora Companhia das Letras em 2006.

Antologia que reúne doze contos escritos entre 1991 e 1995, lançados originalmente em diversas revistas e suplementos literários de jornais da Espanha. Segundo esclarece o próprio Javier Marías na introdução, o fato dos contos terem sido "encomendados" em sua maioria, inclusive com limitações de extensão em função do tipo de publicação, não lhe roubou o prazer e o divertimento de escrevê-los.

Apesar das diversas origens e motivações dos textos, percebemos uma tendência temática apontando para as novelas de mistério ou policiais de clima "noir' mas, deve-se ressaltar, com a narrativa sempre desenvolvida no estilo elegante e único de Marías que soube se adaptar muito bem aos requisitos de ritmo e tempo dos contos, tão diferentes da estrutura dos romances.

O conto que empresta o título ao livro, Quando fui mortal, é narrado em primeira pessoa por um fantasma que revisita e analisa do além, onde o tempo não passa, a sua vida completa em detalhes, assim como os fatos que levaram ao seu assassinato. Como afirma o nosso triste protagonista e narrador, quase tudo se esquece na vida e de tudo lembramos na morte, inclusive daquilo que não tínhamos consciência na época. Com este gancho a trama ganha um imprevisível desfecho que surpreende o leitor, como deve ocorrer sempre em toda boa narrativa curta.

Em No tempo indeciso, um daqueles poucos exemplos de sucesso na associação entre literatura e futebol, conhecemos um jogador húngaro de rara habilidade com a bola e com as mulheres que é contratado por um grande time espanhol. O título é uma referência a um momento mágico descrito por Javier Marías quando o craque, em um jogo importante, deixa todo o estádio em suspenso ao passar pelos zagueiros e goleiro e interromper o avanço com a bola já na linha divisória do gol, um segundo magistralmente descrito por Javier Marías. Este jogador abandonou uma noiva em seu passado que voltará para acompanhá-lo no declínio de sua carreira.

No conto que poderia entrar para qualquer antologia da categoria policial, Sangue de lança, acompanhamos a investigação de um assassinato duplo com requintes de violência e crueldade que aparentemente não consegue ser solucionado pelas investigações da polícia. Porém, um amigo da vítima não se conforma com alguns detalhes incoerentes relacionados à cena do crime, como por exemplo, o fato do amigo homossexual ter sido encontrado morto na cama com uma mulher. A narrativa, apesar do tema violento, é conduzida com leveza bem-humorada pelo autor e o final é mais uma vez surpreendente.


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