Tiago 13/03/2023
Um tributo aos pescadores portugueses
Sem dúvida a minha leitura mais surpreendente de 2021 até agora. Não conhecia absolutamente nada a respeito da obra de Raul Brandão e graças a coleção Essenciais da Literatura Portuguesa, que saiu nos jornais durante 2020-2021, acabei tendo a oportunidade de conhecê-la.
Este livro, apesar de curto, é uma obra incrivel que, além de ser um tributo aos pescadores e ao mar português, pode ser vista como um maravilhoso exemplo de literatura de viagem.
Raul Brandão nasceu na Foz do Douro, era descendente de uma família de pescadores e dedicou este livro a seu avô, que morreu no mar. No livro, Brandão nos leva de Caminha até o Algarve e oferece um retrato da vida dos pescadores e suas famílias nas diversas colônias piscatórias do país. Ele fala desde aspectos técnicos a respeito dos barcos e equipamentos de pesca ao papel das mulheres dentro da comunidade. O drama das mulheres que não sabem se o marido vai voltar do mar e a pobreza de muitas vilas de pescadores também são apontadas na obra. Brandão também faz algumas críticas a modalidades predatórias de pesca e a industrialização da industria pesqueira que vai tornar, num futuro proximo, extinto o pescador artesanal no país.
A prosa poética de Raul Brandão, com suas belas descrições da costa portuguesa, das pessoas e até mesmo dos peixes, sem dúvida, me conquistou. Seus relatos de conversas com as mais incríveis e pitorescas personagens do universo piscatório português são fascinantes.