spoiler visualizarMinnie 02/04/2023
Crianças perdidas, uma ilha deserta e sede de sangue
Como descrever essa obra tão pequena, mas tão meticulosamente profunda e bem escrita?
Ler Senhor das moscas é uma experiência, de fato.
Conforme você lê, os relatos e pequenas dicas, breves palavras escolhidas pelo autor, vão levando você a simplesmente notar que as coisas não estão indo bem. E então, no meio da obra, você se sente exatamente da mesma forma que os personagens, chegando a conclusão de que tudo começa a despencar de uma hora para a outra, de repente. Sem um aviso prévio de quando o caos iria chegar, mas sabendo que ele viria.
O livro passa a perfeita sensação da integridade socialmente construída, da ordem que conhecemos, sendo rompida, pouco a pouco, conforme a noção dessas crianças de "não existem adultos aqui" é construída, e quando começam a caçar, ou seja, ter o poder de "controlar" o fim de um outro ser, e colocar sobre ele a sua vontade, o conceito de limites deixa de existir, essas mentes inocentes se quebram, e caem no profundo abismo primitivo da humanidade.
Eles criam dois tipos de sociedade, com leis e líderes distintos, que se refletem em Jack, e em Ralph durante toda a obra. Atrocidades são cometidas, atitudes extremas são tomadas, e no final, ao terem a autoridade de um adulto posta a sua frente novamente, e se lembrarem da antiga civilização que eles mesmos possuíam, e vendo onde haviam chegado, as lágrimas brotam nos olhos, e os soluços de pobres crianças perdidas ecoam por toda a ilha, como urros desesperados por camas quentes, cabelos cortados e narizes limpos.