Mari Pereira 21/04/2021Fico feliz por ter lido esse grande clássico da ficção científica, mas confesso que esperava muito mais.
Sempre pensei que eu gostasse de ficção científica, mas acho que gosto moderadamente, porque essa coisa de alienígenas, naves espaciais e planetas imaginários não é muito pra mim não. Gosto mais das distopias, um pouco mais tangíveis e próximas à realidade.
Outro aspecto que não me convenceu foi venderem a obra como um grande livro feminista. Está certo que ela faz um exercício imaginativo de pensar uma sociedade não demarcada por sexo, mas, para mim, as reflexões são muito superficiais e vejo mais um reforço de esteriótipos, a partir da visão do personagem principal, do que uma crítica feminista disruptiva. E olha que o livro foi lançado no auge da segunda onda feminista, então material para sustentar argumentos mais sólidos era o que não faltava. Nesse sentido, acredito que Octavia Butler e Margaret Atwood, ambas com obras lançadas na mesma época de "A mão esquerda...", apresentam uma crítica social muito mais potente.
Depois de superar toda a confusão inicial do livro, com as dezenas de termos e expressões inventadas, resta uma bonita história de amizade, confiança e lealdade. Acredito que esse é o aspecto mais positivo do livro.