Mariah 16/03/2022
____formal.
A Beatrice Baudelaire de Desventuras em Série, é uma perfeita referência à dantesca. Irei ler a outra obra de Dante, que aborda mais essencialmente o amor por Beatrice. E, comparar com o nível das escritas associadas na obra tão apreciada do personagem Baudelaire, e sua família perturbada. Essa, sim, será uma resenha mais digna. A que faço de Inferno, é uma convenção. Não há nada de muito original e nem pessoal à ser dito. Difícil ter considerações pessoais de algo que já fora tanto regozijado por tanta gente diferente, por tanta produção diferente. Cito o Mickey, como Dante, em uma referência mais bruta, já que foi uma paródia. Além das diversas séries e livros que fazem referências delicadas da obra. Acho que faltou um "Inferno de Pica-Pau", em que há um círculo de giro "Fígaro" onde as almas são barbeadas pelo pássaro perturbado e assim torturadas ao som da ópera.
A justiça infernal:
O inferno de Dante exerce uma justiça que respeita a filosofia de Aristóteles. A qual afirma, logo no início do livro VII da obra Ética a Nicômaco:
“deve ser observado que há três aspectos das coisas que devem ser evitados nos modos: a malícia, a incontinência e a bestialidade.”
__> A Obra, o Uno, produzido por Aristóteles, acabou que passou para o Caos na mente de Dante, que passou pro Uno novamente em forma de A Divina Comédia.
A alma incontinente tem culpa, mas a culpa é menos grave que o dolo, a vontade de pecar.
__> Vontade de pecar creio eu que seja aquela que não é motivada por qualquer prazer, aquela que mesmo sendo capaz regular e domar se escolhe pecar pela motivação do próprio pecar? Quando em âmbitos metafísicos, como a futura metafísica da vontade, essa parte fica com maior neblina na interpretação, pelo menos na minha.
Esta vontade, quando surge de ocasião, como manifestação da natureza animal é ainda menos grave que aquele pecado que é cometido de forma arquitetada, premeditada, usando a inteligência própria do ser humano a serviço do mal.
__> Meus pecados são todos assim. E como tenho lugar de fala, direi: Esse tipo de pecado arquitetado, antes passa pela vontade e natureza animal. Apenas se usa do intelecto para resolver uma satisfação que continua perturbando a mente, a alma... resolver uma satisfação pra essa natureza. É um pecado que cruza com a categoria anterior em seu fundamento. E, se o pecado que passa pelo intelecto, na verdade, é cometido devido à manifestação da natureza animal, não seria esse tão ruim quanto o anterior?
__> Lembrando que eu não enxergo lógica em nada disso no geral. Estou apenas, por meio da própria lógica dantesca, achando uma falha nela mesma. Em 1300 já havia os estudos metafísicos de Aristóteles, suficientes para ver os desejos mais próximos um dos outros, assim como suas motivações para o pecar. Dante subdivide muito aquilo que tem natureza comum.
Ainda assim, é menos grave um indivíduo arquitetar e executar um crime contra um desconhecido, que pode se defender de um estranho que o ameaça, que ele fazer o mesmo com alguém que confia nele, e por isto está indefeso e desarmado. A traição, portanto, recebe a justa punição máxima.
__> Concordo tanto, enganar alguém pode ser algo de um caráter ruim. Mas, se esse alguém for um mestre, um amante, ou um filho que confia em você, ai é lá do lado de Judas mesmo. Contudo, esse não foi o critério de subdivisão de Dante. O autor divide nos que traem a pátria x a família x um mestre ou seu senhor x um desconhecido. Já visualizei enquanto lia como uma divisão entre: Os que há uma relação forte e de amor X Os sem relação de amor. Amor, mas eu provavelmente inventaria uma palavra, pois não acho uma exata para o que quero descrever. Seria aquela relação de amantes que serve para todos os tipos de amores como um "philoi" da vida. Pode se pensar como tal palavra grega. O Chrystian já reclamou da questão da traição da Pátria, pois não significa muita coisa. Mas, ao interpretarmos como os que fazem corrupção diante do povo. Pode se fazer mais claro diante dos tempos atuais.
____Informal.
Não consigo tirar a ideia da minha cabeça que esse livro é tipo alguém, agora, pós-moderno, depois de tantos anos, pegar e escrever um livro de como seria se ele passasse pelo inferno, purgatório e céu, colocando os pecados da cabeça dele, e a organização também e tipo é isso, que role a fanfic. Provavelmente, seria escolhido Nietzsche, ao invés de Virgílio, e teria cenas como ele (o protagonista análogo a Dante) parando pra conversar com Hitler, ou Stalin, jogar uma partida de xadrez com Robespierre, coisas do tipo.
Enfim, acho que poderia ter sido ainda mais pitagórica. Uma obra que eu gostaria de ter lido em uma tradução diferente, mas não consegui ainda comprar a tal. Logo, não darei todas as estrelas, pois que isso fique reservado para a tradução do Jorge (mesmo que só do Inferno).
Não aparece em canto algum um resumo bem curto dos pecados então deixarei um aqui.
Os pecados:
Incontinência (pecados do leopardo): (2) Luxúria: Canto V, (3) Gula: Canto VI, (4) Avareza: Canto VII, (5) Ira e rancor: Canto VII a Canto VIII. Violência (pecados do leão): Na obra: 5 tipos diferentes. Mas, eu resumiria em: Contra sí X Contra o outro. Vejo a violência contra Deus como dentro da violência contra si mesmo. Fraude simples (pecados da loba): 10 tipos diferentes. Desde sedução e magia até corrupção. A complexa seria a traição, último círculo.