@juliaavictorino 19/11/2021Já era um filme favorito e agora o livro é também ?Essa história tem um espaço especial no meu coração e o que a torna diferente dos outros clássicos infantis é a protagonista. Mary não é aquela criança otimista e alegre, pelo contrário. Ela cresceu sendo indesejada, tinha tudo aos seus pés, mas nunca recebeu carinho ou amor. Ela é mandona, ranzinza e nunca soube o que é ser criança. De cara ela pode gerar certa antipatia, mas no fundo Mary é uma boa pessoa e sua transformação vem no dia a dia em Yorkshire.
Cada personagem é essencial para essa mudança, tanto em Mary como neles mesmos. Ben, o jardineiro, é tão rabugento quando Mary. Chega ser até engraçado como esses dois, com uma diferença de quase 50 anos, são tão parecidos. Vendo como é estar do outro lado, ela se esforça para ser mais gentil e compreensiva.
Com a morte de sua mulher, Archibald acabou embutindo em seu filho Colin a culpa pela tragédia. O jovem cresceu isolado e amargurado, jogando sua raiva pra todo lado. É somente no seu encontro com a petulante Mary, que ele vê uma rival a altura e percebe também o quão desagradável ele tem sido com todos a sua volta.
Martha, a criada, ensina a importância da família, de apreciar as gentilezas e ser grata. Dickon, o irmão de Martha, serve como espelho para Mary. Ele ama a natureza e está sempre ao ar livre. Para ele não há tempo ruim e com ele ela se torna mais livre, aprende as coisas na prática e busca sempre novas formas de se divertir.
Tendo lido já adulta, percebi um teor mais maduro do que lembrava da história. O Jardim em si é uma metáfora para a vida, enfim florescendo tanto em Mary quando na família de Colin, que vivia em um luto já há 10 anos, sendo esse inclusive o motivo do afastamento entre pai e filho.