Marina 04/04/2021
García Lorca era um gênio. Na sua obra, tudo estava milimetricamente pensado, desde o nome das personagens, até mesmo as cores do cenário (que vão escurecendo ao longo da peça) e toda a sua simbologia.
"La casa de Bernarda Alba" é uma peça de teatro em 3 atos que se lê bem rápido. Nela, conhecemos Bernarda, uma mãe que cuida das suas cinco filhas (Angustias, Magdalena, Amelia, Martirio e Adela) com mãos de ferro. As meninas estão em idade para casar, ou já passaram da idade, e após a morte do marido, Bernarda decide que as filhas terão que passar 8 anos de luto.
O problema surge quando a filha mais velha, Angustias (a única com dinheiro, pois era filha do primeiro marido de Bernarda), recebe uma proposta de casamento e as duas filhas mais novas, Martirio e Adela se apaixonam pelo noivo da irmã (que, por sua vez, acaba tendo um caso com Adela).
Nisso, todo esse sistema de controle exercido por Bernarda entra em conflito, já que Adela, a mais nova, desafia a autoridade da mãe e também a sociedade, exigindo viver esse romance.
A obra traz várias questões interessantes, como o papel da mulher na época (Espanha, inícios do século XX), a relação de poder entre as mulheres (como por exemplo, a dinâmica entre Bernarda e La Poncia, sua empregada mais antiga), a resistência de hábitos ultraconservadores, a necesidade de liberdade sexual que as mulheres sentiam (simbolizada, na obra, pela água e a sede das irmãs) e etc.
Logicamente, a obra trata de diversos outros assuntos, pois está cheia detalhes. Chama a atenção a alternância entre o cômico (dos primeiros atos) e o trágico final (que permite várias reflexões).
Essa é a última obra escrita por García Lorca, finalizada pouco antes da sua morte por fuzilamento.