Naty 30/11/2010www.meninadabahia.com,br
'Talvez não devesse ter lhe dito o quanto a achava bonita,
mas... droga, seria o mesmo que passar por uma coelhinha da playboy
e não parar para admirá-la'.
pg. 171
Bo Crutcher (que me lembrou muito Luc Martineau, jogador de hóquei do livro See Jane Score, de Rachel Gibson, por ser cheio de charme), poderia ser mais um jogador trintão fracassado, que jogava numa liga independente, se não fosse sua força de vontade, estilo brazuca, de não desistir nunca.
A perseverança foi tanta que finalmente foi convidado para fazer teste no grande time de beisebol nova-iorquino Yankees, que faz parte da liga Major League, uma entidade que opera as duas melhores ligas da América do Norte. Ou seja, Bo Crutcher finalmente teria sua chance. Nada mais de não ter dinheiro para pagar as contas, para comprar comida. Sua vida estava apenas começando... e para começar nada melhor que um conversível, hein? Mesmo que a cidade de Avalon estivesse abaixo de zero e com mais de cinco cm de neve.
Mas nem tudo pode ser planejado, Murphy está aí para provar isso. Justamente quando sua vida entra nos eixos, sua antiga namorada, mãe de seu filho, é presa pela imigração e está prestes a ser deportada para o México. Ele era o único que poderia cuidar do filho. Um filho de doze anos que ele nunca havia visto. Um desconhecido.
Respirando fundo, erguendo a cabeça, Bo vai buscá-lo no aeroporto e começar uma nova etapa de sua vida. Para isso precisará de toda a ajuda possível. Precisará mudar de lugar, afinal a quitinete em cima de um bar não é o melhor lugar para se criar um garoto.
Eles se mudam para a pensão da mãe de Kimberly van Dorn.
Kimberly está cansada de namorar astros do esporte. Ela sempre quebra a cara, literalmente. Seu último noivo terminou provando isso. Ela deixaria o glamour da cidade grande e passaria uma temporada com a mãe na pequena cidade do condado de Ulster.
Bo vê em Kimberly sua galinha dos ovos de ouro. Ele precisa urgentemente de uma relações pública esportiva com disponibilidade para os horários dele e do filho. Alguém que o treine para não passar vergonha na grande apresentação dos Yankees.
Ela sabe que está pisando em território minado, mas um bom desafio é irresistível, concordam?
Kim deixou escapar um suspiro e repousou a cabeça no ombro dele. Ficaram sentados juntos ali, nenhum dos dois dizendo nada enquanto observavam a luz ascender do lago, delineando os cumes arborizados à distância. Era uma cena de tamanho esplendor silencioso que quase parecia santificada.
- Por que esse sorriso? – perguntou, baixando os olhos.
- Apenas... tudo. Você tinha razão a respeito do beijo.
Bo retribuiu o sorriso.
- É?
- Nunca irei esquecê-lo
pg. 323
Em meio a tudo isso, tem o filho de Bo, AJ, que estava num lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, aprendendo a conviver numa nova sociedade, numa nova escola, e pior, aprendendo a conviver com a dor da saudade pela mãe. Uma perda na qual ele não se conformava, afinal sua mãe podia ter nascido no México, mas ela pagava os impostos americanos, ia trabalhar todo dia e era doce com todos. Como uma pessoa boa poderia ser presa? AJ não conseguia compreender. ‘Gente grande’ era complicada.
Jogo da vida, de Susan Wiggs (Harlequin Books, 420 páginas, R$ 41,90), é inspirador. Sou apaixonada por essa série leve, mas de uma profundidade tocante. Outra leitora disse certa vez que, as histórias de Susan preenchiam os vazios de sua alma. Não preciso dizer mais nada, exceto que: Recomendo!