Lauraa Machado 25/08/2018
Sem muito enredo, mas com um romance maravilhoso
Existem livros que são ótimos pela escrita, pelo enredo e por várias outras razões. Esse daqui é ótimo por causa do romance e do desenvolvimento dos personagens. Estou realmente impressionada com a habilidade da Cassandra Clare, a quem já admiro sem limites, de criar três personagens tão profundos e reais. A Tessa, principalmente, foi a que mais cresceu durante a história até aqui e sua racionalidade foi brilhante; e seus pensamentos sobre tudo pelo que ela passou foram maravilhosos. Foi nesse livro em que ela se tornou uma das minhas personagens favoritas. Foi nesse também em que Jem e Will entraram para a mesma lista.
Sim, estou me sentindo um pouco idiota aqui de não ter gostado do Will no primeiro livro. Foi bem arriscado da parte da autora confiar que os leitores acabariam por entendê-lo nesse segundo (sei bem de alguém que ainda detesta ele, coitado). Mas funcionou para mim, foi bem convincente e eu realmente gosto dele agora, bastante até! Infelizmente, a resolução do enredo dele nesse livro teve um toque de ser fácil demais, mas não a ponto de virar um ponto negativo, na minha opinião.
O Jem no primeiro livro era meio invisível, mas apareceu o suficiente para me dar a impressão de ser um pouco inocente. No começo desse livro, ele teve mais atenção e se mostrou constantemente calmo, carinhoso, pacífico e diplomata. E nenhuma dessas características são ruins, mas podem virar um defeito quando isso é tudo que ele é. Eu estava começando a ficar frustrada de ele nunca perder essa calma - mas aí ele perdeu. Meu deus, comecei a gostar dele um milhão de vezes mais só nessa cena e continuei cada vez mais até o final. A última parte do enredo dele também teve uma cena que me deixou um pouco insatisfeita, porque pareceu rápido e talvez um pouco forçado, mas entendo a decisão da autora de fazer isso acontecer.
Aliás, até pouco antes da metade desse livro, eu estava reclamando da falta do triângulo amoroso. Definitivamente não deveria ter reclamado, pois, quando ele apareceu, como foi prometido desde o primeiro livro, conseguiu partir meu coração de um jeito que eu não podia imaginar ou acreditar que faria.
O romance desse livro é verdadeiramente seu ponto alto e ele é espetacular mesmo. Já falei que estou impressionada? É por causa dele que eu amei Príncipe Mecânico, porque, para falar a verdade, o livro não tem muito enredo.
Então, se você está procurando por grandes revelações, cenas tensas, arriscadas, com reviravoltas e batalhas, não vai encontrar por aqui. Ainda tem algumas dessas coisas, mas nenhuma foi muito inesperada, nenhuma foi realmente grave e aconteceram pouquíssimas coisas aqui de verdade.
E eu entendo isso também. A autora claramente quis usar esse segundo livro para se aprofundar na criação dos personagens - e ainda bem, porque eu não estava nem um pouco apegada a nenhum deles pelo primeiro livro. Ela conseguiu se aprofundar nos secundários também, o que me ajudou muito a sentir que eu também participava da causa de querer manter o instituto com a Charlotte. Mas tenho que admitir que a grande falta de acontecimentos pode parecer conveniente demais para as necessidades dos personagens principais. Por muito tempo eu fiquei esperando o momento em que uma reviravolta fosse aparecer e me deixar boquiaberta, mas não apareceu. Todas as "descobertas" desse livro são fáceis de adivinhar e, até quando não são, não chegam a surpreender.
E essa é minha ressalva a essa trilogia nesses dois primeiros livros. Até agora, em momento nenhum eu fiquei realmente surpresa por nada. Quero que a autora me impressione no próximo livro com mais do que a escrita e os personagens. Ela já os conquistou nos livros anteriores. O terceiro precisa ter ação, enredo movimentado, explicações que estão faltando há muito tempo e uma resolução mais do que satisfatória. É muita promessa em uma trilogia só para ela não fazer um terceiro livro excepcional.
Aliás, não é uma crítica, só um pedido: será que dá para a Tessa usar seu poder mais vezes? Meu deus, ela não tem curiosidade nenhuma em aprender a entendê-lo, a testar seus limites, a transformá-lo em uma defesa que ela domine! Não como eu queria que tivesse. Mas ainda tenho esperanças para o terceiro livro.