luizrantunes 03/11/2024
Essa família é muito unida e também muito ouriçada
Na linha do tempo da minha vida, a lembrança mais antiga que tenho de O Poderoso Chefão é de ouvir meu pai, em alguma festa de família, contar que foi o primeiro filme que ele assistiu com minha mãe no cinema, em uma época distante, quando grandes shoppings ainda não existiam e os cinemas de rua, como o Cine Marabá, na Avenida Ipiranga, em São Paulo, eram o passeio mais cult que se podia fazer a dois. Quanto a mim, lembro de ter visto o filme passando em algum canal no fim dos anos 90, e, por algum efeito Mandela, achava que tinha assistido no Cine Belas-Artes do SBT, sendo que, na verdade, os direitos do filme pertenciam à Rede Globo naquela época. Enfim, consegui assisti-lo na íntegra depois de alguns anos, graças a um amigo que era praticamente devoto da obra de Mario Puzo. Mesmo na adolescência, sem entender completamente o impacto das ações e dos diálogos de cada personagem, eu já o achava grandioso e gostei bastante. Depois disso, vi o filme várias vezes, incluindo as sequências, com a Parte II sendo a minha favorita, e a Parte III, bom, melhor deixar pra lá...
Agora, finalmente, com o livro em mãos e lendo em conjunto com a Diana (obrigado pela companhia de sempre), pude experimentar a genialidade de Mario Puzo em sua totalidade. E mais do que isso, entendi como Coppola conseguiu ir além, escolhendo a dedo os detalhes certos e descartando cenas que, como leitor, eu também consideraria irrelevantes. Na obra, somos apresentados à poderosa família Corleone, liderada por Don Vito Corleone, um dos mafiosos mais influentes dos Estados Unidos. O livro explora poder, lealdade e moral, mostrando como o legado da família é transmitido à próxima geração, enquanto lidam com traições e alianças no perigoso mundo do crime organizado. Sem mais delongas, é uma obra-prima que revela as mais complexas relações entre família e poder.
Complementando a minha experiência, eu sempre fui do tipo que assistia ao filme antes de ler o livro. Tive uma experiência muito boa com O Código da Vinci, e isso me levou a inverter os papéis. Curiosamente, antes mesmo de assistir ao filme, já conseguia imaginar exatamente Tom Hanks como Robert Langdon. Recentemente, fiz o mesmo com O Grande Gatsby, e confesso que achei que seria muito mais interessante imaginar Tobey Maguire como Nick e DiCaprio como Gatsby. No entanto, O Poderoso Chefão me fez repensar mais uma vez essa ideia. Não conseguia imaginar Don Corleone sem pensar em Marlon Brando, ou Michael Corleone sem associá-lo à impecável atuação de Al Pacino. Mesmo as ?cenas deletadas? que aparecem no livro, mas não no filme, surgiam com esses atores, e enriqueciam muito mais a minha imaginação.
Sem dúvidas, este é um dos melhores livros que já li e se tornou um dos meus favoritos. Recomendar a leitura é quase como uma oferta irrecusável, não só para os fãs do gênero, mas para qualquer pessoa que aprecie um bom livro.