A Sonata a Kreutzer

A Sonata a Kreutzer Leon Tolstói




Resenhas - A Sonata a Kreutzer


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Lucas Furlan | @valeugutenberg 23/01/2019

Resenha | A sonata a Kreutzer, de Lev Tolstói
Publicada em 1891, "A sonata a Kreutzer" é uma das obras mais controversas de Tolstói. A novela é praticamente um monólogo do personagem Pózdnichev, no qual ele narra a longa crise de seu casamento, que culminou no assassinato da própria esposa.

***Um personagem detestável e ideias radicais***

Além da descrição do crime em si — que é citado logo no começo do livro — a polêmica de "A sonata a Kreutzer" também decorre do fato de Tolstói ter usado seu personagem, que é absolutamente detestável, para expôr algumas de suas ideias mais radicais, principalmente aquelas que dizem respeito às mulheres.

Pózdnichev as vê, basicamente, como criaturas superficiais e manipuladoras, que usam a sensualidade para alcançar seus objetivos. Pra ele, todos os matrimônios estão fadados ao fracasso e o sexo é sempre pecaminoso.

É incômodo saber que Tolstói acreditava nessas coisas, entretanto, não é exato dizer que o personagem seja seu alter ego.

***Beethoven e ciúme***

Quem conseguir passar por cima dessas ideias indefensáveis e encarar "A sonata a Kreutzer" não como um panfleto, mas como uma obra de criação literária, vai encontrar uma novela densa, intensa e brilhante. Eu garanto que vale a pena.

Tolstói é um escritor tão impressionante que, no contexto da história, chega a ser aceitável que Pózdnichev tenha aquelas opiniões. Ele é um homem atormentado e patético, que nunca esteve preparado para a vida conjugal.

Depois de uma juventude vivida na devassidão, ele se casa por mera formalidade social. Embora tenham cinco filhos, ele e a esposa são dois estranhos que brigam por qualquer motivo. Não por acaso, o nome dela não é citado nenhuma vez em seu relato.

Pra piorar a situação, um violinista, chamado Trukhatchévski, entra no círculo do casal e Pózdnichev é atacado pelo ciúme. Esse sentimento tem como trilha sonora a sonata de Beethoven que dá nome à novela.

"O horrível estava em que eu reconhecia em mim um direito cabal, indiscutível, sobre o corpo dela, como se fosse o meu corpo, e ao mesmo tempo sentia não poder exercer essa posse, que ele não era meu e que ela podia usá-lo como quisesse, e que o seu desejo estava em dispor dele de maneira diversa da que eu queria."

***Obra impressionante***

A misoginia do personagem principal não deve ser ignorada e pode fazer com que muitos leitores queiram abandonar "A sonata a Kreutzer" pela metade, mas eu recomendo: leiam o livro até o final. Ideias absurdas à parte, trata-se de uma obra impressionante.

A forma como o relato vai ficando mais intenso à medida que o crime se aproxima, e a preocupação com os detalhes (a bainha do punhal, os sapatos do assassino) não deixam dúvidas sobre a genialidade de Tolstói.

A edição da Editora 34 está excelente como sempre, e a tradução e o posfácio de Boris Schnaiderman são a cereja do bolo.

site: https://valeugutenberg.wordpress.com/
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Priscilla 04/02/2019

muito bom
A história e a leitura são muito interessantes. Chama a atenção o fato de o autor já notar a enorme disparidade de posição social, tratamento e expectativas sociais entre homens e mulheres (a história é do séc. 19). Claramente ele retrata o machismo presente na sociedade, que reduz a mulher a objeto de desejo do homem; que aceita e até estimula os homens a praticarem a "devassidão" através do sexo com quaisquer mulheres antes e até depois do casamento; que exige que as mulheres sejam castas e tenham como único objetivo de vida arranjar um marido.
Por outro lado, o autor parece chegar à conclusão que todo o mal existente na sociedade tem por causa o sexo e o desejo sexual entre homem e mulher, pregando a castidade como meio de evolução moral da sociedade para atingir o patamar do bem e da felicidade comum, tendo por base também a religião.
Outra coisa que achei muito interessante foi a forma como grande parte da história da infidelidade conjugal se desenrola na mente do personagem como numa trama psicológica em que os fatos são interpretados e reinterpretados pelo personagem a partir de sua perspectiva interior, sem que os fatos retratados ou os poucos diálogos existentes comprovem o que ele pensa. Não há provas da infidelidade, mas indícios que são tomados como certezas pelo personagem a partir da repetição de pensamentos um tanto quanto obcecados e paranoicos acerca da possível traição. E é a partir dessa "certeza" gerada pelo pensamento repetido em uma probabilidade que o personagem chega ao ponto extremo de praticar um crime.
Interessante notar que de fato isso pode acontecer com as pessoas e muitas vezes acontece, não necessariamente levando a extremos como o crime, mas em circunstâncias mais simples, em que a mente acelerada e preocupada com algo não consegue relaxar nem se distrair e todo o pensamento é voltado para o mesmo fato e para inúmeras interpretações e consequências daquele fato, a ponto de levar a um ato impetuoso, impensado, de loucura até. Daí a necessidade de cuidarmos da mente e do aspecto psicológico do ser humano, pois é algo essencial para determinar a forma como interpretamos os fatos e agimos em sociedade.
Recomendo!
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Germana.Paiva 08/02/2019

A sonata a Kreutzer
Livro interessante sobre a discussão do amor, relacionamentos conjugais e até feminismo. Um livro bem a frente do tempo em que foi escrito.
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Mariana - @escreve.mariana 03/02/2020

A moralidade e a hipocrisia no retrato da vida conjugal [IG @epifaniasliterarias_]
A novela "A sonata a Kreutzer" foi meu primeiro contato com Tolstói e trouxe como tema o adultério e os conflitos que permeiam a vida conjugal. Em um ritmo quase alucinatório, o autor retrata o desequilíbrio das relações entre homens e mulheres e a hipocrisia presente nos discursos sobre o comportamento sexual em sociedade.

A narrativa tem início com uma conversa entre várias pessoas em um vagão de trem. No decorrer da viagem, um violinista ouve a conversa entre um advogado e uma senhora a respeito de divórcio, que logo atrai a atenção de outros indivíduos, que começam uma discussão sobre o assunto. Enquanto alguns apresentam um ponto de vista mais moralista e conservador, outros se mostram mais liberais, trazendo quase uma polarização ao debate. Em certo momento, um homem chamado Pózdnichev, que opina na discussão algumas vezes, relata ao violinista a história de seu casamento e de como assassinou sua esposa, por imaginar que esta o estava traindo, acrescentando o quanto se frustrou em relação ao que pensava ser o amor.

A partir desse ponto, Pózdnichev inicia uma espécie de monólogo, tendo o violinista como principal ouvinte e adotando um ritmo frenético, de quem anseia por contar sua história. Diante de um relato tendencioso e totalmente parcial, temos a visão do homem, que matou sua mulher, sobre o desenvolvimento, lento e gradual, dos motivos que o levaram a cometer tal ato, bem como suas consequências.

As opiniões do personagem sobre casamento, o papel da mulher e do homem na sociedade, bem como todas as questões relativas ao âmbito familiar são tradicionais, conservadoras, machistas e misóginas, o que para uma leitora mulher foi difícil de engolir. Apesar de em momento algum ele tentar omitir suas atitudes e pensamentos repugnantes, percebemos uma tentativa de justifica-los, seja culpabilizando a mulher ou o ideal de mulher que muitos homens da época, inclusive ele, cultuavam e desejavam se casar, esperando que "aquela seria a mulher certa", que corresponderia a todas essas expectativas.

No entanto, quando se vê em uma relação conjugal com uma mulher que não corresponde a todos os seus ideais, Pózdnichev se agarra a todas as justificativas que encontra para argumentar que fez o que era necessário. Embora seja construída uma espécie de confissão do personagem, o autor também tece diversas críticas à hipocrisia da época, tudo em uma narrativa frenética e muito bem construída. Enquanto mulher, é impossível não sentir aversão ao personagem criado por Tolstói, mas não deixo de recomendar fortemente essa obra, que abre espaço pra diversas discussões pertinentes aos dias atuais.
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Karina.Sousa 12/02/2020

Dom Casmurro russo
Um dos meus livros preferidos! Está muito bem escrito, fácil de ler, a história é interessante e as personagens também. A personagem principal é muito interessante, porque ele tanto diz coisas muito disparatadas e absurdas para a mentalidade de hoje em dia, como diz coisas muito acertadas, interessantes e que podem ser aplicadas à sociedade de hoje em dia.
Vale muito a pena ler e reler. Eu quero muito ler novamente para entender mellhor.
A única coisa menos positiva sobre o livro é o facto de no início existirem muitas personagens com nomes difíceis que entram e saiem. É muito fácil nos perdermos e esquecermos quem é quem, mas isso também não é propriamente o mais importante para a história.

Atrevo-me a dizer que este é o Dom Casmurro brasileiro, ainda que muito diferente deste último. Acredito que ela não o traiu.
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Neto.Souza 26/04/2020

Uma trágica história
Aqui Tolstoy nos conta uma historia que é o inverso de felicidade conjugal. A história é contada pelo noivo, que, desiludido pelo casamento e após uma triste tragédia narra o ocorrido num vagão de trem
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Isa 27/10/2020

Refletir sobre os modelos sociais
Não é porque certas coisas se estabeleceram em determinado período que elas precisam ser mantidas mas acredito que o fato mais relevante dessa obra de fato seja a maneira como o autor apresenta com simplicidade e coerência os maiores problemas e fraquezas de determinado conjunto de aparatos sociais e comportamentais que destroem vidas e que e se alimentam dessa destruição até hoje.
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Rafaela.Cruz 16/02/2021

Caminhada...
Nesse início de caminhada pelo universo de Tolstói, venho andando e me deliciando pelas infinitas facetas literárias que ele apresenta. Dei 4 estrelas, com o receio (ou não) de que lerei algo infinitamente maior. É uma história interessante e original. Me identifiquei, pois eu também fico ouvindo as fofocas nos transportes. Maria fifi, né mores!??!? A forma como ele discute os temas abordados é louvável.
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Camila 07/03/2021

Curto e denso
Em Sonata a Kreuzter, Tolstoi relata uma relação trágica de amor, ódio e adultério.
Apesar das muitas ideias absurdas apresentadas, sua genialidade é indiscutível.
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Eduarda Duarte 24/11/2021

A Sonata a Kreutzer de Lev Tolstoi
Como sempre, Tolstoi magnífico.

O livro inicia-se, como já familiar ao autor, de forma mundana. Pessoas aleatórias em um trem discutem sobre a importância da independência feminina, até que embarca um passageiro um pouco mais agressivo que os outros.

Esse passageiro elege um dos que ali estão como seu ouvinte e através desse relato conhecemos a história de um relacionamento fadado ao fracasso.

O interlocutor conta desde os primórdios de sua vida como forma de justificar seu ápice - o feminicidio de sua esposa. Entendi o que Tolstoi quis dizer, mas é um personagem extremamente mesquinho e arrogante. E expõe as vissitudes de uma sociedade fadada ao fracasso com suas tradicionalidades e violências. E obviamente, seu machismo escancarado.
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Thami 25/11/2021

Melhor novela
A novela mais polêmica do Tolstói e minha preferida! Argumentos (muitas vezes falsos) mas ainda assim levados ao extremo com a genialidade do autor. Temas revoltantes (muito machismo) mas desenvolvidos tão belamente que fiquei, li e quis mais. Amei!!!
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Jaque.Barreto 30/12/2022

Moralismo embora comum ainda choca no século 21
Trecho da obra que define bem a ideia que a sociedade tem sobre as mulheres:

O mesmo se dá com a emancipação da mulher. A escravidão da mulher consiste unicamente em que os homens querem e consideram muito bom utilizá-la como um instrumento de prazer. Bem, e ei-los que libertam a mulher, concedem-lhe toda espécie de direitos, iguais aos do homem, mas continuam a ver nela um instrumento de prazer, e assim a educam na infância e, depois, por meio da opinião pública. E eis que ela continua sendo a mesma escrava humilhada e pervertida, e o homem o mesmo senhor pervertido de escravos.
Libertam a mulher nas escolas e nos parlamentos, mas olham-na como um objeto de prazer. Ensinem-lhe, como ela foi ensinada em nosso meio, a olhar assim para si mesma, e ela sempre permanecerá um ser inferior.

Só eu achei extremamente atual?
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Catarine 03/01/2023

uma obra que simplesmente não existiria se o protagonista fizesse algumas sessões de terapia.
deixando a maluquice de lado, adorei minha primeira experiência com Tolstói.
Raissa.Guerreiro 24/01/2023minha estante
Kkkkk realmente




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