Lucas 03/01/2016
O tom exaltado do monólogo, pleno de uma lucidez implacável com auto-ilusões e de uma franqueza radical com a moral humana, remete ao homem do Subsolo de Dostoiévski, bem como aos protagonistas de Houellebecq - para François (de "Submissão"), uma saia curta pode mudar tudo na vida de um homem; para Pózdnichev, o personagem desta novela, o que considera-se como amor não passa de uma malha justa no corpo de uma mulher. A principal limitação desta novela é o fato de que quase não há contraponto ao monólogo. De qualquer forma, a discussão que propõe sobre temas como a moral, o amor, o sexo, o prazer, a felicidade, o ego, a beleza, a verdade - e até a música! - é arrebatadora na sua capacidade de relativização e no seu ceticismo com relação à condição humana.