Yara Andrade 10/06/2012Apesar de gostar muito de histórias sobre apocalipse zumbi, confesso que nunca tinha lido um livro sobre o assunto até então, de modo que Apocalipse Z foi o primeiro livro sobre zumbis que li, e reconheço que foi um maravilhoso e delicioso começo. Apocalipse Z se mostrou logo no inicio da leitura um livro muito envolvente e cheio de ação.
O livro é em primeira pessoa, o livro todo é escrito no formato de um blog, e depois de um tempo passa a ser no formato de um diário, o diário pessoal do protagonista. Esse protagonista, um advogado, de quem não sabemos o nome, passa a escrever em um blog por conselho de um terapeuta porque a mulher dele morreu em um acidente. A partir deste momento ele começa a escrever nesse blog sobre o cotidiano dele e sobre um acidente medico que aconteceu na Rússia. Logo depois de um tempo, isso começa a se agravar e essa “doença” vai ganhando espaço na Rússia, e mesmo com o fechamento de fronteiras e eles decretando lei marcial, a “doença” obviamente se espalha pelo mundo. Bom, vou parar por aqui com esse meu mini resumo se não daqui a pouco vou soltar algum spoiler haha.
Pelo livro todo ser escrito no formato de blog e depois de diário, o livro quase não tem diálogos (tem diálogos, mas são poucos), o que pode ser muito ruim para quem gosta de diálogos ou para quem acha ruim um livro assim, mas ai é que se destaca um dos pontos mais altos do livro: a narrativa do Manel Loureiro. A narrativa dele é tão incrivelmente boa e envolvente que apesar da falta de diálogos, isso não incomoda, nem dificulta ou arrasta a leitura. A narrativa dele é bem crua e real, de modo que o livro tem alguns palavrões, e as descrições dos zumbis são excelentes, o que as torna bem reais, de modo que talvez isso não agrade algumas pessoas.
Para mim uma das coisas que pode decidir se uma estória de zumbi é boa ou não é o modo como ela é conduzida e o quanto ela consegue explorar o humanismo e o modo de sobrevivência dos sobreviventes, mas ao mesmo tempo não cometer o erro de se concentrar só nisso, mas dar espaço aos próprios zumbis ou aos ataques de zumbis também, e vice-versa. E o Manel Loureiro soube criar não só uma estória eletrizante e ótima, como soube desenvolve-la e conduzi-la excepcionalmente bem, de modo de que a estória nunca ficava cansativa e sempre me deixava curiosa e ansiosa para saber o que ia acontecer ao protagonista.
Um dos pontos mais impressionantes da estória é que quando esse vírus começou a se espalhar, o governo tentava de todos os jeitos censurar a verdade, eles só avisavam que se alguém visse uma pessoa com o sintoma dessa doença chamasse as forças de segurança, o que para o protagonista deixou mais do que claro que eles escondiam alguma coisa, quer dizer, porque chamar as forças de segurança para uma pessoa doente? Devo dizer ainda que a situação foi ruim daquele jeito porque o governo censurou a verdade até o último minuto deixando as pessoas ainda mais em pânico porque já estava obvio para todos que tinha alguma coisa errada e que a verdade era mais do que eles falavam, isso e as áreas seguras, é claro, que para quem já viu pelo menos algum filme de zumbi na vida sabe que isso é uma péssima idéia.
Eu gostei muito do protagonista, eu o achei um ótimo personagem e ele não foi impulsivo em nenhum momento (só em momentos raros, momentos de muito desespero), o que me fez gostar ainda mais dele. O protagonista, a principio parece ser uma pessoa muito fraca e frágil, mas ao decorrer do livro ele se mostra muito inteligente e ágil, e também vai se tornando uma pessoa muito dura, mas em nenhum momento ele perdeu sua humanidade ou esperança. Um dos motivos pelos quais, o protagonista aparenta ser tão frágil é porque ele tenta a qualquer custo proteger o gato dele, o fofinho Lúculo. Ao decorrer da estória ele encontra alguns sobreviventes, alguns tão ruins quanto os próprios não mortos (como eles chamam os zumbis) e também algumas pessoas muito legais
O final do livro é muito bem desenvolvido e muito bom e deixa uma mensagem muito bonita de esperança. O final deixou um ganchinho bem visível para o próximo volume da trilogia, chamado "Os Dias Escuros", que eu já estou louca para ler.
Apesar de ter adorado o livro, ele não entrou para os meus favoritos porque sinto que faltou algo na estória, mas isso não é nada alarmante a ponto de implicar na qualidade do livro. Eu recomendo muito este livro, porém tenho consciência de ter pessoas que não irão gostar desse livro, seja por causa do gênero, ou até mesmo por causa dos zumbis ou pela pequena quantidade de diálogos, mas mesmo assim, eu recomendo que deem uma chance ao livro. Recomendo muito este livro para quem está atrás de um livro envolvente e é claro, para todos os fãs de estórias de zumbis.
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